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Agronegócio

Produtores de carne suína da Rússia visam ampliar presença no mercado chinês

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Os produtores russos de carne suína estão de olho em uma fatia significativa do mercado chinês, almejando capturar 10% das importações de carne suína da China nos próximos anos. Esse movimento se dá em meio a um cenário de tensões comerciais entre a União Europeia e a China, o maior consumidor mundial de carne suína.

Até fevereiro deste ano, a Rússia não exportava carne suína para a China. No entanto, Pequim autorizou três produtores russos a entrar no mercado chinês, que movimenta cerca de US$ 3,5 bilhões e é dominado por produtores europeus, que detêm 51% desse mercado.

A expansão do comércio de carne suína reforça os laços econômicos entre Rússia e China, que têm se estreitado devido às sanções ocidentais contra ambos os países. Recentemente, a União Europeia impôs tarifas provisórias de até 37,6% sobre carros elétricos importados da China, alegando práticas comerciais desleais. Em resposta, a China lançou uma investigação antidumping, mirando empresas europeias de carne suína.

Yuri Kovalyov, presidente do Sindicato Nacional de Criadores de Suínos da Rússia, vê nessas tensões comerciais uma oportunidade para os produtores russos demonstrarem sua competitividade no mercado chinês. Kovalyov afirmou que o objetivo da Rússia é fornecer 10% das importações chinesas de carne suína dentro de três a quatro anos, embora reconheça a forte concorrência de grandes exportadores como o Brasil e a própria produção interna chinesa.

A produção russa de carne suína deve alcançar 5,2 milhões de toneladas em 2024, um aumento em relação às 4,9 milhões de toneladas previstas para 2023. Esse crescimento coloca a Rússia entre os maiores produtores mundiais, ao lado de China, UE e Estados Unidos, e em igualdade com o Brasil.

Nos primeiros seis meses de 2024, as importações chinesas de carne suína e vísceras caíram 27,3% em relação ao ano anterior, totalizando 1,11 milhão de toneladas. Mesmo assim, Kovalyov projeta que a Rússia enviará entre 50.000 e 60.000 toneladas de carne suína à China neste ano, representando cerca de 3% das importações chinesas, conforme previsão do Departamento de Agricultura dos EUA.

Grande parte das importações chinesas da UE consiste em vísceras, como orelhas e pés, produtos que têm baixa demanda no mercado interno russo, mas são valorizados na China. Atualmente, as exportações russas de carne suína são compostas por 60% de carne e 40% de vísceras, semelhante ao mix das importações chinesas.

Os três produtores russos autorizados a exportar para a China – Miratorg, Velikoluksky Pig Breeding Complex e Rusagro – estão entre os maiores do país. Alexander Tarasov, vice-CEO da Rusagro, afirmou que a empresa espera exportar 10.000 toneladas de carne suína para a China em 2024, com preços 30% a 40% superiores aos do mercado doméstico.

A indústria de carne suína russa, que entrou em colapso após a queda da União Soviética, começou a se recuperar em 2005, graças ao apoio estatal e medidas protecionistas. Desde então, o setor recebeu cerca de US$ 25 bilhões em investimentos.

Em 2008, a peste suína africana trouxe grandes perdas para os produtores russos, fechando o mercado chinês por 15 anos. No entanto, a produção se recuperou rapidamente, especialmente após a proibição das importações de carne suína da UE pela Rússia em 2014.

A ministra da Agricultura, Oksana Lut, prevê que as exportações russas de carne suína, incluindo suínos vivos, alcançarão 310.000 toneladas em 2024. Os produtores russos já controlam 50% das importações de carne suína do Vietnã e exportam para cerca de 20 outros mercados.

Kovalyov destacou que, como novos participantes no mercado, os produtores russos têm um dos setores de produção mais modernos do mundo. A Miratorg, uma das maiores exportadoras, relatou um aumento de 70% nas exportações de carne suína no último ano e planeja ampliar a produção em 5% para atender à crescente demanda.

Apesar dos planos de expansão, os produtores russos enfrentam desafios, como os atrasos nos pagamentos entre Rússia e China. Sob pressão dos reguladores ocidentais, os bancos chineses têm adotado uma postura mais cautelosa no processamento de pagamentos. Entretanto, fontes bancárias sugerem que o comércio de alimentos pode ser uma área para experimentos com esquemas de troca comercial entre os dois países, embora Kovalyov afirme desconhecer qualquer acordo formal nesse sentido.

Fonte: portaldoagronegocio

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