A semana foi marcada por intensa volatilidade nos preços do café, tanto nas bolsas de futuros ao redor do mundo quanto no mercado brasileiro. O retorno da palavra “geada” ao vocabulário dos cafeicultores gerou grande apreensão, especialmente após o domingo, 11 de agosto, quando geadas leves e frio intenso atingiram o cinturão cafeeiro do Brasil. As regiões mais afetadas foram o cerrado mineiro, a mogiana paulista e o sul de Minas Gerais.
Essa notícia provocou uma reação imediata nos mercados. Na segunda-feira, 12 de agosto, as bolsas dispararam, com o café arábica em Nova York e o robusta em Londres registrando altas expressivas. Em Nova York, que define o rumo da comercialização global, o contrato para dezembro chegou a 246,40 centavos de dólar por libra-peso, alcançando um pico de 7% ao longo do dia. A preocupação principal era a possível quebra da safra brasileira de 2025 devido ao impacto das geadas.
Contudo, à medida que informações mais detalhadas foram sendo divulgadas, ficou claro que a geada teve efeitos limitados, não representando um risco significativo à produção. Esse alívio fez com que o mercado revertesse parte dos ganhos ainda na segunda-feira. Na terça-feira, 13 de agosto, a bolsa de Nova York recuou, com o contrato de dezembro atingindo a mínima do dia em 228,30 centavos, corrigindo a alta anterior em função da percepção de que os danos seriam menores do que o inicialmente temido.
Apesar desse alívio momentâneo, as preocupações com a safra de 2025 permanecem. Além das geadas, o frio intenso também pode comprometer a produção futura, embora os reais impactos só sejam avaliados após as floradas. No sul de Minas Gerais, a principal preocupação é a falta prolongada de chuvas, que já causa um déficit hídrico significativo e pode afetar o potencial produtivo para 2025, algo que segue no radar dos investidores.
Gil Barabach, consultor da Safras & Mercado, destaca que, além das condições climáticas, outros fatores como as flutuações no preço do petróleo e as variações do dólar, especialmente em relação ao real, também têm contribuído para a volatilidade dos preços do café, tanto em Nova York quanto em Londres, onde o robusta segue a mesma tendência do arábica.
Na quinta-feira, 15 de agosto, a bolsa de Nova York voltou a subir, com o contrato para dezembro fechando em 238,05 centavos. Em Londres, o robusta também registrou ganhos, avançando 2% e fechando a US$ 4.378 por tonelada para o contrato de novembro. Barabach observa que o mercado de café já mostra sinais de exaustão das altas recentes e sugere uma possível correção, especialmente para o arábica em Nova York, após ter sido negociado acima de 250 centavos. “A consolidação de fundamentos de alta, como a menor oferta global de robusta e uma safra brasileira aquém das expectativas, justifica essa acomodação nos preços”, explica.
O consultor ressalta que, apesar da firmeza do mercado, ajustes são esperados enquanto se aguardam novos dados fundamentais para direcionar os preços. “A expectativa pelo próximo ciclo produtivo no Brasil ganha relevância, com as primeiras floradas de conilon no Espírito Santo e a espera pelo retorno das chuvas em Minas Gerais, fundamentais para as floradas do arábica em setembro e outubro”, conclui.
Fonte: portaldoagronegocio