O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça-feira que o aquecimento do mercado de trabalho aponta para um processo mais lento de redução da inflação. Esse cenário, combinado com fatores externos, levou o Banco Central a adotar uma postura de maior cautela.
Durante um evento promovido pelo Sicredi em Anápolis (GO), Galípolo destacou que a desancoragem das projeções de inflação pelo mercado brasileiro aumentou as preocupações do Banco Central. Ele ressaltou que a expectativa de juros elevados por mais tempo nos Estados Unidos eleva a taxa de juros terminal em países emergentes e fortalece o dólar.
“É claro que todos ficam felizes ao saber que os rendimentos estão crescendo, que as pessoas estão encontrando mais oportunidades de emprego, mas a função do Banco Central é ser mais cuidadoso, pois isso indica uma economia mais aquecida e pode resultar em um processo de desinflação mais lento”, disse Galípolo.
“Além disso, a reprecificação da política monetária norte-americana, que o mundo todo está aguardando, com juros mais altos nos EUA, provoca a valorização do dólar, gerando dificuldades cambiais para países emergentes. Portanto, migramos para um período com um pouco mais de cautela”, completou.
Galípolo também mencionou que questões internas de política econômica contribuíram para a performance volátil do real nos últimos tempos. Ele afirmou que o câmbio tem mostrado grande volatilidade e que o Banco Central está aguardando movimentos de acomodação.
Em junho, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, interrompendo o ciclo de afrouxamento monetário iniciado em agosto do ano passado. Sobre os próximos passos da política monetária, Galípolo reiterou que o Banco Central preferiu não oferecer sinalizações, devido ao aumento das incertezas, tornando-se mais dependente de dados para tomar decisões.
Galípolo observou que a inflação atual no Brasil tem mostrado dados mais favoráveis, apesar das preocupações persistentes com os preços no setor de serviços. Ele acrescentou que, apesar da desancoragem das projeções de mercado, houve uma recente melhora nas expectativas de inflação.
O boletim Focus do Banco Central, publicado na segunda-feira, mostrou que o mercado espera uma inflação de 4,00% para o fechamento deste ano, uma previsão ligeiramente melhor que os 4,02% apontados na semana anterior.
Fonte: portaldoagronegocio