Não há dúvida de que a fortíssima desvalorização enfrentada pelo frango abatido no primeiro semestre do ano passado foi ocorrência inusitada no setor. Porém, a estabilidade registrada em idêntico período de 2024 deve ser considerada, também, fato excepcional.
Em 2023, na 26ª semana, última do primeiro semestre, o frango abatido foi negociado por, em média, R$5,99/kg, valor 21% inferior ao registrado nas primeiras semanas do ano. Não que a queda fosse inusitada: normalmente, devido à sazonalidade do período (safra da carne), os preços recuam até meados do exercício, voltando a apresentar recuperação no segundo semestre. Mas o índice de recuo então observado foi ocorrência inédita.
Um retrocesso típico do período de safra da carne deveria ser fato rotineiro também em 2024. E, realmente, o frango abatido encerrou o período (26ª semana) com preços inferiores aos da abertura do exercício. Mas o valor médio então registrado – perto de R$7,29/kg – ficou apenas 2% aquém do observado na abertura do ano.
Comparando-se um e outro período tem-se:
- 1º semestre de 2023: Valor médio de R$6,76/kg, com variações de cerca de 12% abaixo e acima dessa média. Amplitude, portanto, em torno de 24 pontos percentuais.
- 1º semestre de 2024: Valor médio de R$7,36/kg, ou seja, com valorização em torno de 9%. Mas com variações máximas de 3% e 2% abaixo e acima dessa média e uma amplitude que não chegou a 5 pontos percentuais.
A observar, por ora, que no segundo semestre de 2023, após iniciar o mês de julho com os preços “no fundo do poço” (foi uma das piores cotações da presente década), o frango abatido entrou em um processo de recuperação que se estendeu quase ininterruptamente pelo restante do período. No final do ano alcançou preços que chegaram a representar valorização semestral próxima de 35%. O detalhe, aqui, é que não ganhou nem perdeu, pois encerrou o exercício com, praticamente, os mesmos preços registrados no início do ano.
Pode não parecer, mas essa é a tendência também para o corrente exercício, o que significa dizer que a estabilidade registrada no primeiro semestre pode estender-se, com pequenas e naturais variações, por estes próximos seis meses.
A propósito, não custa chamar a atenção para a análise do BTG Pactual publicada na semana passada, alertando o setor quanto ao futuro preocupante da atividade. É lembrado, no caso, que o alojamento de matrizes de corte apresentou incremento de 8% em 2023, “o maior aumento anual em pelo menos uma década”. Esse é um potencial da produção de carne de frango – que pode se transformar em realidade se o setor não atentar para as limitações do mercado.
Fonte: portaldoagronegocio