A startup mineira Predativa, sediada em Patos de Minas, está transformando o controle biológico de pragas na agricultura com uma tecnologia inovadora. Ao produzir em larga escala o crisopídeo diretamente nas fazendas, a empresa facilita um manejo agrícola mais eficiente, rentável e sustentável. Este inseto, conhecido popularmente como “bicho-lixeiro”, combate eficazmente pragas como afídeos, pequenas lagartas, ácaros, cochonilhas, moscas brancas e pulgões, beneficiando culturas como soja, citros, algodão, hortaliças, café e eucalipto.
Inovações no Controle Biológico
Pedro Camargo Tomaz, engenheiro ambiental e um dos fundadores da Predativa, explicou que a produção de insetos predadores em larga escala era um desafio devido aos altos investimentos e à logística complicada. No entanto, a startup acreditou no potencial do crisopídeo, especialmente com o avanço tecnológico no uso de drones, que permitem a aplicação eficiente dos ovos dos insetos nas lavouras.
“Utilizar drones não só reduz a entrada de máquinas e tratores nas lavouras, como também permite a aplicação em áreas maiores em menor tempo, promovendo uma produção mais sustentável e ajudando a reduzir a resistência das pragas aos produtos químicos,” explicou Tomaz.
Apoio e Crescimento da Predativa
Para acelerar o desenvolvimento, os empreendedores participaram do Programa Centelha, que oferece capacitação, recursos financeiros e suporte para transformar ideias inovadoras em negócios de sucesso. A Predativa propôs a automação industrial do processo de produção dos insetos, criando equipamentos que garantem a reprodução eficiente dos crisopídeos.
Em 2022, a Predativa deu um grande passo ao ser selecionada pelo espaço Finep, recebendo mentoria de marketing, apoio financeiro e melhorando a qualidade dos seus equipamentos, reduzindo significativamente os custos de produção. A ideia de produzir insetos nas próprias fazendas por meio de biounidades também ganhou força, permitindo uma produção mais local e acessível.
Além disso, a startup foi acelerada pela Cyklo, especializada em agritech, que ajudou a conectar a Predativa com agricultores no Oeste da Bahia. Essa parceria foi fundamental para entender melhor as demandas do setor e validar as primeiras biounidades.
Impacto e Futuro Promissor
A Predativa, com o apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), conseguiu reduzir os custos de utilização dos crisopídeos de R$ 150 para R$ 50 por hectare. A empresa agora oferece uma solução onde, com apenas 5m² de espaço, um produtor pode criar crisopídeos suficientes para aplicar em até 500 hectares.
Os engenheiros da Predativa estão desenvolvendo um software produtivo para que os clientes possam acompanhar toda a produção, desde a inoculação até a aplicação do produto.
Parceria com a Universidade Federal de Lavras
Recentemente, a Predativa firmou uma parceria com a Universidade Federal de Lavras (UFLA) para desenvolver um dispensador automatizado de alimentação para crisopídeos. Essa tecnologia permitirá uma nutrição mais precisa e contínua dos insetos, eliminando a necessidade de criar outro inseto alimentador, como a mariposa anagasta kuehniella.
“Com a dieta artificial criada pela UFLA, o processo de criação dos crisopídeos será mais simples e econômico. Esta colaboração tem ajudado muito a encurtar etapas e reduzir custos,” concluiu Tomaz.
A Predativa continua a expandir suas operações, com a meta de atender até 5 mil hectares nos próximos anos, promovendo uma agricultura mais sustentável e eficiente através do controle biológico.
Fonte: portaldoagronegocio