📝RESUMO DA MATÉRIA

  • A constipação é mais do que uma condição agravante; essa epidemia silenciosa tem levado a milhões de consultas médicas e a 700.000 visitas a serviços de urgência, e custou bilhões de dólares em custos diretos e indiretos com cuidados de saúde.
  • Os fatores que influenciam o risco incluem uma dieta pobre em fibras, o uso de medicamentos que afetam os intestinos, desidratação, falta de exercícios e uso frequente de laxantes ou enemas.
  • Você pode reduzir o risco de constipação crônica aprendendo a agachar-se quando evacua, usando o banheiro quando sente vontade, fazendo exercícios de forma regular, comendo comida de verdade e alimentos fermentados.

🩺Por Dr. Mercola

Para a maioria das pessoas, um episódio ocasional de prisão de ventre é uma pequena irritação. No entanto, este não é o caso dos quase 12% a 19% da população dos EUA que sofrem de constipação crônica. Isso significa que 63 milhões de pessoas têm dificuldade em evacuar fezes duras, secas e protuberantes, sofrem de inchaço, têm dores abdominais ou sentem como se houvesse algo preso no reto ou nos intestinos.

Para muitos, o tema da evacuação é um assunto privado. Isso dificulta a compreensão e o aprendizado sobre a mecânica real de como as fezes são produzidas e eliminadas, já que muitos não querem discutir esse assunto, mesmo com seus médicos.

O número de vezes que você evacua por semana está ligado aos tipos de alimentos que você ingere, à quantidade de exercícios que você faz e ao seu estado de hidratação. Embora muitas pessoas possam evacuar uma vez por dia, a quantidade normal varia entre quatro vezes por semana a várias vezes ao dia. O que diferencia evacuações pouco frequentes de constipação é a consistência das fezes, a dificuldade em eliminá-las e outros sintomas que você pode ter, como inchaço ou sensação de saciedade.

Infelizmente, o número de pessoas que sofrem de constipação crônica está aumentando, levando a uma caracterização dessa condição como uma “epidemia silenciosa”, já que aqueles que sofrem muitas vezes sofrem em silêncio.

O número de pessoas que sofrem de constipação crônica está aumentando

Uma pesquisa de 2013 da American Gastroenterological Association descobriu que 16% dos americanos sofrem de constipação crônica e quase 33,5% com mais de 60 anos apresentam a condição. Isso leva a milhões de visitas ao consultório médico ou clínica, e a quase 700.000 visitas ao pronto-socorro todos os anos. Embora seja comum a condição ser tratada em regime ambulatorial, o número de pessoas internadas no hospital desde 1997 dobrou.

Um estudo estimou que se 6% dos americanos que sofrem de constipação funcional incorporassem mudanças naturais no estilo de vida para melhorar a sua condição, US$12,7 bilhões em custos médicos diretos poderiam ser evitados por ano. Os pesquisadores consideraram que essa era uma estimativa conservadora, pois não levava em conta a perda de salários ou de produtividade.

Embora a pesquisa tenha constatado que um número crescente de pessoas sofria de constipação crônica, não foi um estudo que avaliou as causas do problema. Existem vários fatores controláveis ​​comuns ao estilo de vida moderno que contribuem para um risco crescente, além de fatores sobre os quais não se tem controle.

Por exemplo, o número de pessoas que sofrem de constipação aumenta com a idade. Isso pode estar relacionado a escolhas de estilo de vida, como dieta e exercício,e à disfunção neurogênica relacionada à idade.

Há um número significativo de escolhas que você faz todos os dias que aumentam o risco de desenvolver constipação crônica. Uma delas é a constipação aprendida, pois seu reto é flexível e pode se expandir. Em um estudo com estudantes universitários, os pesquisadores descobriram que os participantes poderiam treinar-se com facilidade para evacuar a cada 51 horas em vez de a cada 28, levando os cientistas a concluir que os hábitos intestinais podem induzir constipação. Outros fatores que influenciam seu risco incluem:

Dieta pobre em fibras

Mudanças na sua rotina

Falta de exercício

Evitar evacuar quando você tem vontade

Beber quantidade insuficiente de líquidos

Certos medicamentos, como opiáceos, antidepressivos, antiácidos e anti-hipertensivos

Uso frequente de laxantes ou enemas

Nutrição inadequada levando à deficiência de vitaminas, incluindo deficiência de magnésio

Suplementos de ferro

Problemas de saúde significativos ligados à constipação crônica

Poucas pessoas percebem que a constipação crônica e a agonia diária que acompanha a condição podem ser perigosas ou até fatais. O American College of Gastroenterology acredita que um diagnóstico de constipação crônica justifica exames médicos adicionais, pois os pacientes podem ter maior probabilidade de câncer de cólon, mesmo que não apresentem sintomas de câncer de cólon, como sangramento gastrointestinal, anemia ou perda de peso.

Quando os cientistas iniciaram o estudo, eles não esperavam muitas surpresas. No entanto, depois de analisar os resultados, eles encontraram condições médicas que não esperavam estar associadas à constipação crônica, incluindo colite isquêmica, diverticulite e outros cânceres gastrointestinais.

A constipação crônica também está relacionada a pelo menos um distúrbio cerebral: a doença de Parkinson. Vários estudos demonstraram uma ligação entre a saúde intestinal e a saúde psicológica. Uma ligação entre um microbioma desequilibrado (cujo sintoma é a constipação) e a doença de Parkinson pode estar relacionada às proteínas do intestino que se acumulam no cérebro.

Em um estudo, 21 dias após proteínas específicas terem sido injetadas no estômago e intestinos de ratos, elas foram encontradas migrando até o nervo vago.

A constipação também pode aumentar o risco de doenças renais. Os pesquisadores revisaram registros médicos de mais de 3,5 milhões de veteranos dos EUA e acompanharam seus cuidados durante sete anos. No início do estudo, cada participante tinha função renal normal. Embora não tenha sido possível provar uma relação causal com o método utilizado no estudo, aqueles com constipação tiveram um aumento de 13% no risco de doença renal e um aumento de 9% no risco de insuficiência renal.

Os pesquisadores também descobriram que sofrer de constipação pode aumentar o risco de fissuras anais, incontinência fecal, hemorróidas e distúrbios urológicos. A gravidade dos sintomas pode variar, dependendo da gravidade da sua constipação. Também foi encontrada uma associação entre a constipação e pessoas que sofrem de prolapso retal, uma condição em que parte do intestino grosso escorrega para fora do ânus.

Outro fator relacionado à constipação é a dor nas costas. Em alguns casos, a dor nas costas pode resultar no uso de analgésicos, como opiáceos, que retardam o trato intestinal e levam à prisão de ventre. Em outros casos, a dor nas costas é resultado da constipação. Por exemplo, a síndrome do intestino irritável ou a impactação fecal podem causar dores nas costas.

Fique longe de laxantes

A constipação é um sintoma de outras condições e não uma doença ou processo de enfermidade em si. Assim, tratar apenas o sintoma pode significar que você esteja ignorando outro problema mais sério. Muitas pessoas recorrem a laxantes de venda livre para um alívio imediato do desconforto, mas isso pode ter consequências adicionais que dificultam a sua recuperação.

Os laxantes estão disponível em uma variedade de formas, incluindo comprimidos, cápsulas, líquidos, supositórios e enemas. Embora seja tentador, se você optar por usar um laxante, faça-o com extremo cuidado. O ingrediente ativo de muitos enemas retira água do corpo para o intestino grosso, amolecendo as fezes. Quando usado em excesso, pode aumentar o risco de desidratação e, ao alterar o equilíbrio eletrolítico, você corre o risco de danos renais ou cardíacos e até mesmo a morte.

Os laxantes estimulantes atuam aumentando a ação muscular no intestino. Isso inclui laxantes à base de sene ou cássia, muitas vezes comercializados como “naturais”. Com o tempo, esses tipos de laxantes danificam a função das paredes intestinais e diminuem a capacidade dos músculos de se contraírem por conta própria.

Se você precisar usar algo para alívio imediato da constipação, experimente um supositório de glicerina que não contenha estimulantes. O supositório produz resultados dentro de duas horas e funciona puxando água para o intestino grosso onde as fezes duras estão localizadas, amolecendo-as o suficiente para evacuar os intestinos.

O magnésio pode ajudar na constipação e proteger contra doenças

Um dos suplementos naturais de curto prazo mais populares e eficazes contra a constipação é o magnésio. Magnésio é um mineral essencial e um cofator usado em múltiplas enzimas. A deficiência está associada à má absorção de vitamina D e ao aumento do risco de doenças cardíacas, derrame, osteoporose e diabetes. A suplementação está sendo usada para tratar enxaquecas, hipertensão e asma.

O magnésio é importante para a saúde mitocondrial e produção de energia em todas as células do corpo. Estima-se que há 50 anos atrás as pessoas recebiam de forma rotineira quase 500 miligramas (mg) de magnésio todos os dias através dos alimentos. Hoje, com o esgotamento do solo e maus hábitos nutricionais, muitos podem receber apenas de 100 mg a 300 mg por dia. Embora os alimentos orgânicos e não processados ​​sejam sua melhor aposta; a quantidade que você receberá dependerá do solo em que as plantas foram cultivadas.

A ingestão diária recomendada (IDR) de magnésio varia entre 310 e 420 mg por dia, dependendo da sua idade e sexo. No entanto, essas quantidades baseiam-se na redução do seu potencial de deficiência e podem não abordar a quantidade necessária para manter uma saúde ideal.

Alguns pesquisadores acreditam que você pode precisar de 600 a 900 mg por dia. A Dra. Carolyn Dean, autora de “O Milagre do Magnésio”, recomenda que você use seu corpo como um indicador para sua dose pessoal ideal.

Comece ingerindo 200 mg de citrato de magnésio via oral todos os dias e aumente a quantidade de forma gradual até que as fezes fiquem mais moles. O citrato de magnésio tem um efeito laxante leve – tudo o que seu corpo não absorve afetará seus intestinos à medida que for eliminado pelas fezes, o que ajuda você a identificar seu ponto de corte pessoal. Existem amplas evidências que demonstram a eficácia do uso de magnésio para melhorar a constipação de forma natural.

O magnésio vem em várias formas, incluindo quelato, treonato, citrato e sulfato. O citrato é a forma mais eficaz no trato intestinal e ajuda a amolecer as fezes. No entanto, se você estiver tomando suplementos de magnésio por outros motivos de saúde, a minha preferência pessoal é o treonato de magnésio, pois parece ser o mais eficiente em penetrar nas membranas celulares e melhorar a saúde mitocondrial, aumentando assim o seu nível de energia.

Tente agachar para melhorar a evacuação

Sentar-se no vaso sanitário pode ser mais confortável, mas posicionar os joelhos e a parte superior das pernas formando um ângulo de 90º em relação ao abdome, na verdade, comprime o canal anal e torna a evacuação mais difícil. Por outro lado, quando você se agacha, seus joelhos se aproximam do abdômen, o que muda a relação entre o reto e o esfíncter, posicionando seus órgãos e músculos de uma forma que deixa o reto mais relaxado. Isso maximiza a eficiência da sua evacuação.

Nesta posição, os músculos ao redor do reto e dos ossos púbicos relaxam. Isso incentiva o esvaziamento completo do reto e do ceco sem esforço. Também reduz o potencial de estagnação das fezes no intestino grosso e o consequente acúmulo de toxinas que afetam o crescimento do microbioma intestinal. Em muitas culturas não-ocidentalizadas, é rotina as pessoas agacharem-se para evacuar os intestinos e não se sentarem no vaso sanitário.

É interessante notar que em culturas onde as pessoas se agacham todos os dias, não há uma alta prevalência de doenças intestinais como em países onde os banheiros são comuns. Agachar sem apoio é um desafio quando você não cresceu agachando todos os dias. Um método simples e barato de obter uma boa posição corporal é usar um banquinho para os pés. Isso coloca seus órgãos e músculos em uma posição mais natural e permite uma evacuação mais fácil.

Fibra, movimento e outras formas naturais de reduzir a constipação

Listo abaixo várias maneiras de reduzir o risco de constipação. Mas, eu recomendo muito que você incorpore alimentos fermentados para repopular sua flora intestinal, o que ajudará a recuperar e manter sua evacuação regular. Caso você não coma alimentos fermentados, que são sua melhor e mais barata fonte de probióticos, recomendo que você tome um suplemento probiótico de qualidade.

Em algumas circunstâncias, essas escolhas de estilo de vida não são suficientes para eliminar a constipação. Como a constipação crônica é um dos sintomas característicos do hipotireoidismo, é importante discutir sua situação com um médico. Em muitos casos, porém, mudanças simples na dieta e no estilo de vida diário reduzirão o risco de constipação e melhorarão a sua saúde intestinal, como:

Troque os alimentos processados ​​por alimentos integrais e ricos em fibras, como vegetais de folhas verdes, abóbora e brócolis. Esses alimentos alimentam o microbioma intestinal, reduzem a vulnerabilidade a infecções e promovem fezes mais macias que mantêm as paredes intestinais intactas.

A American Heart Association recomenda comer 30 gramas de fibra por dia, mas o americano médio come cerca de 15 gramas por dia, o que contribui para o aumento da taxa de constipação.

Corte o glúten, o adoçante artificial e o açúcar da sua dieta, pois todos eles danificam o trato intestinal.

Exercícios regulares também podem ajudar a reduzir a constipação. O movimento físico ajuda a aumentar a motilidade do trato digestivo e pode estimular a sensação de necessidade de evacuar.

Quando você sentir vontade de evacuar, não espere. Quanto mais tempo as fezes permanecerem no cólon, mais difícil será excretá-las, porque mais água será removida delas.

Considere usar um banquinho para ficar na posição de cócoras e evacuar. Isso fortalecerá os músculos próximos ao reto e estimulará o esvaziamento completo do intestino sem esforço.

Mantenha-se bem hidratado com água fresca e pura.

Evite medicamentos farmacêuticos que alterem a velocidade da função intestinal ou causem distúrbios gastrointestinais, como analgésicos opiáceos, antidepressivos, antibióticos, antiácidos e laxantes.

Enfrente seus desafios emocionais e mudanças de vida utilizando ferramentas como as Técnicas de Libertação Emocional (EFT).