Apesar das notícias de desafios na produção de açúcar na Índia e na Tailândia, o impacto nos preços tem sido limitado devido ao excesso de oferta e ao enfraquecimento da demanda, especialmente por parte da China, principal importador global. A queda nos preços também é atribuída ao aumento da produção em alguns países, além de uma baixa no interesse do mercado em geral.
Na última semana, o mercado do açúcar começou ativo devido à expectativa em torno do contrato de maio. A segunda-feira (29/04) viu um leve aumento nos preços após rumores de que o governo do Paquistão poderia negar uma cota de exportação, mas, no dia seguinte, a situação reverteu após a Associação das Usinas de Açúcar do Paquistão refutar esses rumores. Assim, a entrega do contrato de maio terminou com um total de 1,67 milhões de toneladas, um aumento de 73% em relação à média dos últimos oito anos, com o Brasil como principal fornecedor.
De acordo com Lívea Coda, analista de Açúcar e Etanol da Hedgepoint Global Markets, o contrato de julho não conseguiu atingir os níveis de preços de maio, provavelmente devido ao alto volume entregue e ao sentimento de risco macroeconômico mais amplo, incluindo a força do dólar, quedas nos mercados acionários e a baixa nos preços das commodities.
Apesar das expectativas de menor produção na Índia e na Tailândia, o mercado não reagiu da forma esperada. “Por que essas notícias não afetaram os preços como imaginávamos? Um dos principais motivos é que a oferta continua maior do que se previa. Embora a produção de açúcar da Índia possa ficar abaixo das estimativas, a produção real superou as expectativas, refletindo uma oferta maior do que o esperado”, explica Coda.
Além disso, a previsão de chuvas de monções acima da média e estoques finais maiores podem contribuir para uma maior oferta de açúcar na Índia para a temporada 2024/25, aumentando a possibilidade de exportações. Na Tailândia, a moagem para a temporada atual atingiu 8,8 milhões de toneladas, superando as expectativas, apesar de relatos de temperaturas altas.
A China, um dos maiores importadores de açúcar, tem sido um fator-chave para a estabilização dos preços, mas a produção doméstica em crescimento reduz a necessidade de importações. Com a produção chinesa crescendo desde outubro de 2023, o apetite por açúcar importado diminuiu, impactando negativamente os preços. A falta de interesse em novas compras também é reflexo dessa mudança.
Em resumo, os preços do açúcar sofreram pressão devido ao aumento da oferta global e à diminuição da demanda, principalmente da China. Essa situação sugere que o mercado do açúcar pode estar entrando em um novo período de preços mais baixos e volatilidade. A evolução do cenário dependerá do equilíbrio entre a oferta e a demanda global, bem como do comportamento dos principais importadores e produtores de açúcar.
Fonte: portaldoagronegocio