Na realidade, a perspectiva de uma produção menor que a de 2021 não está descartada. Mas a possibilidade de chegar-se a um aumento de mais de dois dígitos na exportação tornou-se remota, já que, faltando apenas três meses para o encerramento do ano, o volume embarcado (considerado apenas produto in natura) registra aumento de 5,4%, ou seja, menos da metade do índice de expansão apontado pelo USDA.
Mesmo assim, a oferta interna de carne de frango de 2022 pode – senão nos mesmos níveis que o USDA sugere – ficar negativa em relação a 2021. E, recentemente, a CONAB, ao divulgar suas primeiras projeções para o próximo exercício, também estimou que a oferta interna deste ano pode recuar 1,36% em relação 2021.
Mas o que aponta mais concretamente nessa direção são os dados de produção de carne de frango em abatedouros sob inspeção, levantados trimestralmente pelo IBGE. Quando confrontados com os dados de exportação (divulgados pela SECEX/ME) eles revelam que a redução já é uma realidade.
Por ora, tais dados estão resumidos ao primeiro semestre de 2022. E mostram que, embora modesto, houve aumento na produção do período: +1,76%, o que significou volume de 7,412 milhões de toneladas. Como as exportações (neste caso, totais) aumentaram 7,73%, somando 2,346 milhões de toneladas, permaneceram no mercado interno 5,065 milhões de toneladas, volume que significou redução de 0,79% na disponibilidade interna de carne de frango.
Talvez essa perspectiva surpreenda, pois a disponibilidade interna de carne de frango, com raras exceções (devidas muito mais a quedas na produção do que ao aumento das exportações), tem sido continuamente crescente. E o mais recente registro do gênero, pela mesma base de dados, ocorreu há menos de três anos (2019), ocasião em que o saldo da produção direcionado para o mercado interno apresentou redução de 1,61%.