Estive presente na maior feira de raças Zebuínas do mundo, realizada em Uberaba, e vi a ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu) mostrando na prática parte da tese que venho defendendo: não ha agronegócio e agricultura familiar separados. Ao ir comprar alimentos ou produtos agrícolas, o que importa para o consumidor é o preço e qualidade dos produtos e não o tamanho da propriedade onde produziu, pois tudo é agro.
A agricultura familiar é responsável por 77% dos estabelecimentos agrícolas do Brasil, segundo último Censo Agropecuário, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A prática emprega 10 milhões de pessoas, o que corresponde a 67% da força de trabalho ocupada em atividades agropecuárias. Em extensão de área, a agricultura familiar abrange 80,9 milhões de hectares, o que é equivalente a 23% da área total das propriedades agropecuárias no Brasil.
Se de um lado temos a vocação para produção de commodities e que são fundamentais e o Brasil é muito competitivo no quesito exportação e em garantir o superávit da balança comercial, do outro temos o agro familiar que são os produtos para consumo interno com valores intangíveis da história das nossas comunidades, da nossa biodiversidade e das nossas localidades.
Olhando para essa feira, em especial, o agronegócio é praticado de uma maneira que evidencia a importância que esse setor tem para o nosso país e o quanto as famílias produtoras rurais de Minas Gerais e de outras regiões do Brasil também têm uma parcela importante nessa área que está em constante expansão.
Tenho muita honra do nosso legado em abrir as porteiras para que a agricultura familiar, por meio da feira de produtos artesanais aliadas ao agro moderno com a melhor genética zebuzeira do mundo, já comercializou mais de 50 mil reprodutores de origem pura, o que garante a melhoria do rebanho brasileiro.
Essas ações só foram possíveis após a Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais) conquistar o espaço no parque de exposição da ABCZ, quebrando paradigmas e realizando diversas feiras com agricultores familiares durante a ExpoZEBU, no período em que fui gerente regional e presidente da EMATER-MG. Foram caravanas de agricultores familiares de todos os cantos e recantos das Minas Gerais e, junto com o ex-presidente da ABCZ, Zé Olavo, o ex-secretário de Agricultura Uberaba, Antônio de Bastos Garcia, o presidente da CERTRIM, Luiz Henrique Borges Fernandes, criamos o maior programa de democratização da genética zebuína do Brasil, que é o Pró-Genética. Diante desse projeto, mais de 50 mil touros já foram comercializados e disponibilizados para agricultura familiar.
Essas ações concretas realizadas pela ABCZ e com os projetos da minha autoria que tramita no Congresso Nacional, como o Selo Verde, que garante a rastreabilidade dos produtos da nossa pecuária e mostra se os produtores produzem e preservam o meio ambiente, além da PL Patrimônio Verde, que premia também aqueles preservam e tem uma nova visão da floresta como algo rentável não só para o produtor, mas para a humanidade.
Outro projeto que tramita na câmara dos deputados é a Taxonomia Verde que é uma classificação das atividades econômicas, de acordo com a sustentabilidade, que permite orientar investimentos financeiros sustentáveis por meio da identificação das atividades que contribuem com impactos positivos para o meio ambiente e daquelas que oferecem riscos. Trata-se de uma discussão que vem ocorrendo em diversos países, a exemplo da União Europeia e, na América Latina, Chile e Colômbia. Ou seja, não basta ser sustentável é preciso comprovar.
Estou feliz de ver que no Brasil temos observado um bom exemplo de agro moderno e sustentável!
Zé Silva (Solidariedade-MG) é deputado federal, coordenador de Agricultura Familiar da Frente Parlamentar da Agropecuária e Presidente da Frente Parlamentar da Mineração Sustentável.
Fonte: portaldoagronegocio