A indústria brasileira de carne de frango acredita na retomada das exportações de Santa Catarina para o Japão em breve. O aumento dos preços do produto para o importador japonês e os esclarecimentos a serem prestados pelo governo devem ser suficientes para o fim das restrições, afirmaram, nesta quarta-feira (16/8), executivos da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa o setor.
O Japão fechou o mercado para a carne de frango catarinense e também do Estado do Espírito Santo, depois da detecção de dois casos de gripe aviária em criações domésticas. O presidente da ABPA, Ricardo Santin disse que o relatório do governo brasileiro sobre a gripe aviária deve ser enviado até a semana que vem, informando as medidas adotadas.
“Não entendemos como correto o entendimento de que aves de fundo de quintal possam trazer o mesmo risco ao país do que aves de produção industrial, mas essa é a posição do Japão e a gente respeita”, destacou Santin, ao lembrar que o Japão é o único país com este entendimento.
Uma vez detectado um foco em criações domésticas, o protocolo japonês determina um intervalo de 28 dias após a desinfecção para o envio desses documentos. No caso do Espírito Santo, a análise e a consequente retomada dos embarques demorou cerca de doze dias, prazo que a ABPA espera se repetir no caso catarinense.
“Temos certeza de que o realizado pelo governo brasileiro dá segurança para o retorno de Santa Catariana. É o Japão, naturalmente, que vai decidir quando isso vai acontecer, mas a gente espera que tenha o mesmo procedimento que foi no Espírito Santo”, completou Santin.
Até US$ 700 a mais
O frango ficou mais caro para os japoneses. Executivos da ABPA informaram que os importadores estão pagando até US$ 700 dólares a mais por tonelada, desde a suspensão dos embarques da carne de frango de Santa Catarina, segundo maior produtor do Brasil.
“O Brasil é um importante fornecedor, e o mercado japonês, com as dificuldades e o volume menor de Santa Catarina, sentiu isso e começou a vir buscar mais produtos. Com isso, houve aumento de preços lá pro Japão”, detalhou o diretor de mercados da ABPA, Luis Rua.
Nas contas da Associação, 12 mil toneladas do produto deixaram de ser embarcadas para o mercado japonês. O volume precisou ser redirecionado para outros mercados.
Com o impacto inflacionário na carne de frango observado no país asiático, o presidente da ABPA, Ricardo Santin, avalia que outros países repensarão eventuais embargos ao produto brasileiro, adotando a regionalização das medidas, assim como já fazem com outros países fornecedores onde foram detectados casos de gripe aviária em planteis comerciais.
“O que vai acontecer agora é que os governos que hoje compram dos Estados Unidos e da Europa, daqui a pouco vão dizer assim: se não tiver o Brasil ainda, vou fazer a comida ficar mais cara ao meu consumidor que já está vivendo com inflação. Esse é o ponto que o Brasil espera que os governos façam reconhecimento por Estado, zona, município ou raio de 10 km”, completou Santin.
Fonte: portaldoagronegocio