A delegação foi concedida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e atende a pedido encaminhado pela própria Associação Brasileira dos Criadores de Búfalo (ABCB). A migração dos registros, explica o presidente da ABCB, Caio Rossato, faz parte de um projeto de reestruturação nacional que busca fortalecer a criação das raças bubalinas e difundir seu uso a campo e o consumo de produtos de búfalo. “Acreditamos muito que, a partir da profissionalização do serviço de registro genealógico, quem vai ganhar é o criador. Nossa expectativa é muito boa. A ANC e a ABCB serão grandes parceiras para expansão das raças bubalinas no Brasil”.
Criador e proprietário de laticínio no município de Pilar do Sul (SP), Rossato defende que o registro é de fundamental importância para qualquer criatório que tenha como objetivo a seleção de animais mais eficientes, produtivos e adaptados. “Sem conhecer as famílias dos indivíduos com que se está trabalhando é impossível fazer seleção com credibilidade. Qualquer plantel que faça melhoramento genético precisa registrar seus animais, conhecendo ascendentes e descendentes”, salientou. A meta da ABCB, é manter a marca de 3 mil cabeças registradas por ano.
Segundo o presidente da ANC, Joaquin Villegas, a adesão dos criadores de búfalos ao sistema da associação fortalece o projeto de profissionalizar o registro de animais de raça no país, algo que transcende a pecuária de corte e inclui também equinos e búfalos. “As raças bubalinas têm como foco a produção leiteira, e os diferenciais das linhagens e raças existentes no Brasil precisam ser preservadas por meio de um trabalho meticuloso e detalhado de registro”, completou em recente visita a rebanhos no Interior de São Paulo. Villegas conferiu a força dos criatórios na região de Sarapuí, Alambari e Pilar do Sul (SP) e visitou o Laticínio Família Rossato, que trabalha com produção de queijos e derivados fabricados com 100% de leite de búfalas. Também participaram da comitiva o presidente do Conselho Deliberativo Técnico (CDT) da ANC, Flávio Montenegro Alves; o superintendente suplente da ANC, Braulli Ferrari; e o coordenador do Promebo, Laerte Rochel.
Investidor da raça Murrah, o médico e pecuarista Otavio Bernardes destaca a importância do registro dos animais, um hábito adotado desde a década de 70 no Sítio Paineiras da Ingaí. Com 120 búfalas em lactação que rendem 1000 litros/dia, a propriedade fica localizada em Alambari (SP), uma região onde a bubalinocultura tornou-se uma atividade econômica importante já que os solos são fracos para o desenvolvimento de atividades mais exigentes no aspecto nutricional. “O diferencial do nosso rebanho é que ele é conhecido e rastreado. Se tivéssemos só o controle sem o registro não teríamos como ter a rastreabilidade”, cita ele, lembrando que o processo garante destaque a reprodutores brasileiros na seleção de outros países produtores na América Latina, como a Venezuela e a Colômbia. Organizados em cooperativa, os pecuaristas da região conseguem vender seus produtos em escala para diferentes regiões, incluindo laticínios localizados a mais de 400 quilômetros. “O leite de búfala tem um grande valor agregado e isso faz as pessoas virem buscar de longe”, conta.
ANC
A Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares (ANC) é a mais antiga entidade de registro de animais do Brasil. Atualmente, opera com o registro de mais de 40 raças entre bovinos de corte, equinos e, agora, bubalinos. Com sede em Pelotas (RS), atua em todo o país por meio de inspetores técnicos selecionados e constantemente avaliados. Desde 1974, a ANC atua também no melhoramento dos rebanhos por meio do Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne (Promebo). A ANC conta com patrocínio da Supra em 2023.
Fonte: portaldoagronegocio