As exportações do agronegócio brasileiro, que mantêm ritmo crescente a cada ano, começaram 2023 com receitas superiores às do ano passado.
De janeiro a abril, as vendas externas de alimentos e de produtos derivados do agronegócio, como algodão, celulose e madeira, já atingem US$ 49,4 bilhões, 4% acima do obtido em igual período de 2022.
Esse valor poderia ser bem maior, não fosse a queda média dos preços das commodities. Em volume, as exportações brasileiras cresceram 11% no período, conforme apurado pela Folha com base na Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
As receitas externas obtidas pelo agronegócio somaram US$ 101 bilhões em 2020, subiram para US$ 121 bilhões em 2021 e atingiram US$ 159 bilhões no ano passado. Em 2023, o país tem um volume maior de produto para ser exportado, mas os preços são menores do que os de 2022.
O setor vem sendo atingido, porém, pela situação econômica mundial. Enquanto as exportações de alimentos têm alta de 8% neste ano, em relação ao primeiro quadrimestre de 2022, as vendas externas de produtos do agronegócio não pertencentes ao setor de alimentos estão com queda de 12%.
Um dos destaques deste ano está sendo a América Latina, principalmente os países da América do Sul. Estes importaram alimentos no valor de US$ 2,7 bilhões neste ano, com evolução de 63% sobre 2022.
A participação maior dos países da América do Sul na balança comercial do agro aumenta devido à quebra da safra de grãos na Argentina. Além de elevar as importações de produtos, principalmente as de soja, o país vizinho tem dificuldades para exportar outros cereais como milho e trigo.
Os gastos argentinos aumentaram em 176% com a compra de alimentos brasileiros neste ano, atingindo US$ 754 milhões. A forte quebra de safra de soja obrigou a Argentina a comprar 943 mil toneladas da oleaginosa neste primeiro quadrimestre no Brasil.
Com isso, a Argentina, mesmo sendo a terceira maior produtora mundial de soja, foi a terceira maior importadora da oleaginosa do Brasil, ficando abaixo apenas da China e da Espanha. A quebra de safra nas lavouras argentinas abriu portas para vários produtos brasileiros na América do Sul.
As vendas brasileiras de milho, trigo e arroz para países dessa região aumentaram 379% neste ano, com receitas de US$ 454 milhões. A Colômbia elevou a importação de milho; o Equador, a de trigo, e a Venezuela, a de arroz. O Chile, importante na compra de carnes, também esteve presente nos mercados de milho e de arroz do Brasil.
A balança do agronegócio melhora também devido à busca por novos mercados. O México já comprou 1,1 milhão de toneladas de alimentos do Brasil neste ano, 112% a mais do que de janeiro a abril de 2022. Praticamente fora do mercado de milho do Brasil no ano passado, os mexicanos já adquiriram 355 mil toneladas do cereal neste ano. Aumentaram também as compras de arroz e de sorgo.
O México está abrindo também o mercado de proteínas para o Brasil. Neste ano, as exportações de carnes somam 74 mil toneladas, 20% a mais do que em 2022, conforme os dados mais recentes da Secex.
Se a América do Sul e México aumentaram a participação nas exportações do agronegócio brasileiro, o mesmo não ocorreu com os grandes importadores. A China, ao comprar o correspondente a US$ 18 bilhões neste ano, manteve a sua participação em 36% no total das vendas externas brasileiras de alimentos e de produtos relacionados ao agronegócio.
O volume de mercadorias adquirido pelos chineses aumentou 9% neste ano, mas, devido à redução média dos preços das commodities, os gastos tiveram evolução de apenas 3,9%.
Já a União Europeia reduziu a presença no mercado brasileiro. Os europeus foram responsáveis por 13,4% das receitas obtidas pelo Brasil com as exportações do primeiro quadrimestre de 2023, abaixo dos 15,8% de igual período do ano passado. As importações do bloco recuaram para US$ 6,66 bilhões, uma queda de 11%. Os países do bloco compraram mais carnes e mais cereais, mas reduziram as compras de café e de soja.
O apetite dos Estados Unidos pela carne bovina brasileira diminui neste ano. Mesmo assim, as importações de alimentos pelos norte-americanos ficaram estáveis em US$ 1,59 bilhão. Os norte-americanos diminuíram, no entanto, a compra de produtos relacionados ao agronegócio, como madeira e celulose. Com isso, a participação do país no total das exportações deste setor brasileiro recuou para 5,5%, segundo dados da Secex.
Fonte: portaldoagronegocio