Na época, as exportações brasileiras, iniciadas 15 anos antes, mal chegavam às 300 mil toneladas anuais, correspondendo então a cerca de 15% das exportações norte-americanas, já variando em torno dos 2 milhões de toneladas/ano. Portanto, era um mercado a conquistar – e não só em termos de volume, mas também de preço.
Naturalmente, não foi fácil. Tanto que, mesmo tendo chegado a meados daquela década com uma valorização de mais de 33% em relação a 1990, a carne de frango brasileira enfrentou na sequência forte retração nas cotações, encerrando o período (e o século XX) com um preço médio apenas 3% superior ao de dez anos antes.
Seria um fracasso? De forma alguma, pois, no mesmo período, as exportações dos EUA, em vez de registrarem evolução de preço, sofreram violenta queda. A ponto de chegarem ao final da década valendo 40% menos que no início do período. Ou seja: na ocasião, o produto brasileiro alcançou valor mais de 90% superior ao dos EUA.
Claro, foi uma ocorrência excepcional. Mas, desde então (isto é, de 2001 para cá), a relação de preços obtida pelo produto brasileiro tem se mantido muito acima daquela observada no princípio dos anos 1990. Os dois menores índices – valor apenas 36,3% e 39,5% superiores ao da carne de frango dos EUA – foram registrados em 2004 e em 2021. Mas na média dos primeiros 21 anos do corrente século esse índice situou-se em torno dos 55%.
Impossível ignorar, no entanto, que a ocorrência da pandemia ocasionou forte deterioração nesse índice. Assim, a média registrada entre janeiro de 2020 e agosto passado (32 meses) se encontra em 43%.