O Brasil deverá produzir 40,3 milhões de toneladas de açúcar na temporada 2023/24 que se iniciou oficialmente neste mês no centro-sul do país, o que deverá representar um aumento de mais de 3 milhões de toneladas na comparação com o ciclo anterior, segundo estimativa da consultoria JOB Economia divulgada nesta terça-feira.
A maior produção deverá se dar à medida que usinas contam com maior oferta de cana-de-açúcar –com a safra do país estimada em 653,4 milhões de toneladas, aumento de quase 40 milhões ante o ciclo passado–, e destinarão um volume histórico da matéria-prima para a produção do adoçante, que apresenta maior rentabilidade em relação ao etanol, disse o sócio-diretor da JOB, Júlio Maria Borges, à Reuters.
No caso da safra do centro-sul, recém-iniciada, a moagem de cana foi estimada em 594,4 milhões de toneladas, com a principal área produtora do país respondendo por praticamente todo o aumento esperado no Brasil. O mesmo deverá ocorrer com a produção de açúcar da região, projetada para crescer a 36,85 milhões de toneladas, conforme a primeira previsão da JOB para o ciclo.
“A safra 2023/24 do centro-sul… vai se aproximando da maior safra observada nos últimos anos: 617,7 milhões de toneladas, em 2015/16. Na região Norte e Nordeste estão previstas 59 milhões de toneladas, também aproximando-se do recorde regional de 66 milhões ocorrido em 2011/12”, disse Borges.
Segundo ele, dois motivos justificam esta situação para a nova temporada: o canavial está sendo bem tratado diante “boa” situação econômico-financeira das usinas nas últimas quatro safras; e as chuvas durante os últimos 12 meses, que foram abundantes e reforçaram as condições necessárias para um melhor rendimento agrícola.
Segundo Borges, a consultoria considera que o “mix” da produção açúcar-etanol do Brasil será tão açucareiro quanto o recorde registrado em 2016/17, com as usinas repetindo em 2023/24 o índice de 46,7% registrado naquela safra.
“O melhor preço do açúcar em relação ao etanol explica esta preferência açucareira. Estamos admitindo esta condição mesmo após o último corte de produção da Opep+ de domingo passado”, comentou o consultor, em referência a um movimento do cartel de produtores de petróleo que poderia dar alguma sustentação ao etanol.
“A preferência para a produção de açúcar será máxima.”
Na temporada passada, o Brasil destinou 45,5% da cana para o açúcar.
Borges comentou que, “por mais que a usina queira minimizar a produção de etanol, esta será (também) maior na nova safra 2023/24 devido à maior moagem de cana e restrição de flexibilidade na fábrica”.
Com isso, o Brasil deverá produzir 33,5 bilhões de litros do biocombustível, sendo 5,3 bilhões de litros a partir do milho. O volume total registrará um crescimento de 1,8 bilhão de litros ante a safra passada, sendo cerca de 0,94 bilhão de litros do biocombustível de cana.
“Cabe lembrar que o etanol de milho, concentrado no Centro-Oeste, mantém um ritmo alto de crescimento, sendo atualmente maior que a produção nordestina de etanol e representa 16% da produção nacional”, destacou.
O centro-sul responderá por mais de 31 bilhões de litros.
EXPORTAÇÃO
Com tamanha produção de açúcar, o Brasil deverá reivindicar de volta a sua condição de maior produtor global, que chegou a estar com os indianos após uma quebra de safra histórica em 2021/22.
A exportação brasileira prevista é de 29,75 milhões de toneladas, o que representa 74% da produção do país, com as vendas externas crescendo 2,67 milhões de toneladas ante 22/23, mas ainda um pouco distantes da máxima histórica de 32 milhões de toneladas em 2020/21.
A demanda deverá se forte, uma vez que a oferta estará restrita em países como a União Europeia e a China.
“Para o açúcar, a situação é mais clara e com boas perspectivas: produção no resto do mundo restrita, o que abre espaço para exportação brasileira. A demanda é firme e os preços esperados serão remuneradores”, comentou.
Já as exportações de etanol do Brasil deverão seguir em patamares importantes, e estão estimadas em 2,84 bilhões de litros, 200 milhões de litros acima do ciclo passado, com o centro-sul respondendo por quase tudo.
Fonte: portaldoagronegocio