O mercado do algodão na Bolsa de Nova York teve uma sexta-feira (2) difícil e na contramão das demais commodities, encerrando o pregão com baixas de mais de 4% nas posições mais negociadas. O vencimento dezembro/22, principal referência deste momento, ficou em 103,21 cents de dólar por libra-peso, enquanto o março/23 foi a 100,14/lp.
“A semana se encerrou com a maior queda semanal desde junho deste ano, de 12,1%”, afirma a analista de mercado da Agrinvest Commodities, Bruna Stewart.
E o movimento se deu, ainda segundo ela, mesmo com um quadro fundamental bastante consistente, em especial nesta sexta.
“Tivemos alta no petróleo, queda do dólar e condições das lavouras em péssimo estado. Os dados o mercado de trabalho norte-americano, divulgados hoje pelo Bureau Labor Statistics, indicaram a criação de 315 mil novos postos de trabalho – acima das expectativas de 300 mil vagas – e, apesar do aumento da taxa de desemprego, esta ainda está historicamente baixa”, explica Bruna.
Mais do que isso, “com o mercado de trabalho aquecido e elevação dos salários e benefícios dos funcionários, estima-se um maior consumo interno nos EUA. Entretanto, este quadro também sinaliza a manutenção do ritmo de aperto monetário pelo Fed em 0,75% na reunião ao final do mês, com o objetivo de enfraquecer a demanda interna para o controle inflacionário”.
Assim, apesar das notícias que poderiam dar um suporte importante aos preços, principalmente em um dia de recuperação para as commodities agrícolas e de menos aversão ao risco no financieiro, as preocupações com a demanda chinesa em função de novos lockdowns que têm sido impostos pesaram sobre o mercado da pluma.
Ainda de acordo com a analista, são 42 cidades com novas restrições, o que corresponde a 34% do PIB do gigante asiático, reforçando o sentimento de impacto negativo sobre a demanda.
“Como o país é o maior importador mundial de algodão e o principal comprador da pluma norte-americana, as vendas semanais nos EUA serão prejudicadas, refletindo em queda nas cotações de NY”, afirma Bruna.