A situação ficou difícil para a destilarias de etanol de milho também. Para descarregarem em São Paulo o produto do Mato Grosso, em sua maioria, o custo do frete impõe mais pressão nas vendas na porta de fábrica.
Embora não produzam açúcar, boa parte da matéria-prima empenhada foi comprada lá atrás, na faixa de R$ 50 a R$ 60 a saca, e estão sendo anuladas pela derrapagem das cotações.
Não há uma régua clara dos custos de produção nas empresas de biocombustível de cana e de milho, mas a experiência de Martinho Ono, CEO da SCA Trading, diz que elas estão emparedadas.
Na Safras & Mercado, o modelo da consultoria aponta o valor de fabricação do etanol de cana em torno de R$ 1,80 por litro, de média, segundo relatado ao Money Times em 9 de agosto. Nesse dia, o litro do renovável estava em R$ 2,90.
Se for isso mesmo, hoje o lucro bruto está em R$ 0,60/l.
O etanol hidratado fechou a semana a R$ 2,40 em São Paulo, líquidos, segundo o Cepea, em queda de 6,83%, e na semana anterior as usinas perderam até 7,65%.
Para o etanol de milho pagar o custo do frete a caminho do maior estado consumidor, os cálculos de Ono indicam que o produto saiu das destilarias mato-grossenses a no máximo R$ 2,20.
E a sangria deve continuar, acredita o empresário da SCA, na medida que a paridade de 70% do preço do etanol para o preço da gasolina concorrente ainda é frágil e de percepção ainda de menos vantagem para o consumidor.
Na semana, segundo a ANP, a gasolina cedeu mais um pouco além do hidratado, em média de 2,7%, e há espaço para cair mais se a Petrobras (PETR4) reproduzir o quarto corte na refinaria, pois Martinho Ono confirma a visão de outros agentes, como a Abicom (importadores), de que o preço interno está mais alto que o internacional.