O aumento dos preços das commodities que alimentam a inflação em todo o mundo tem diminuído a vontade de (alguns) governos de continuar aumentando os mandatos com a mesma intensidade que anos passados.
O Brasil não foi uma exceção, mas a tendência parece estar mudando – ou melhor, espera-se que mude este ano. Com uma enorme produção de soja em vista para 2023, a indústria pediu um retorno do B10 a B15 que era projetado para estar em vigor a esta altura – uma projeção pré-Covid.
Agora, em termos de soja, a oferta apertada nestes últimos anos tem mantido o consumo sob controle (Gráfico 1). Um aumento na produção esperada deveria, portanto, encorajar a demanda para compensar o tempo perdido. Assim, haverá também mais concorrência por esta grande oferta (Gráfico 2). A questão é que, embora a produção brasileira pareça enorme a princípio, mesmo assim pode não haver óleo de soja suficiente para um retorno à B15.
O Gráfico 3 mostra a demanda histórica por diesel no Brasil e a produção de biodiesel, dados os mandatos. As duas últimas barras mostram o que um aumento para B12 e B15 faria, levando em conta um crescimento do consumo de diesel semelhante ao de 2021/2022.
Considerando que a maior parte das estimativas aponta o esmagamento ~53M toneladas para o ano (2023), a produção de óleo de soja não cresceria tanto quanto o necessário para suportar estes volumes. É precisamente por isso que parte da indústria está defendendo um crescimento gradual ao longo do ano, começando com B12 em março, e chegando a B15 no próximo ano.
Uma média de B12 ao longo do ano seria muito mais atingível, embora ainda um pouco apertada (Gráfico 4). Mesmo uma média de 12% de mistura durante o ano levaria a um déficit significativo (produção – consumo) em termos históricos para o óleo no Brasil. Tudo isso ainda considerando exportações menores, o que pode ser um desafio, dado a quebra da safra argentina.
Fonte: portaldoagronegocio
