Sophia @princesinhamt
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Doença celíaca a impede até de entrar em padaria: ‘Passei mal com farelo’

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Desde mais nova, Victoria Maldo Leite, 25, tinha diversos episódios de dor de barriga e de cabeça, além de desmaios. Na época, ela pensava que tinha relação com ou até mesmo que tinha comido algo que não caiu bem. Mas com o tempo os sintomas foram ficando mais frequentes.

Quando tinha 15 anos, resolveu ir ao médico. Ele passou um remédio para que, ao invés de ajudar, piorou ainda mais —Victoria descobriu, depois, que o medicamento tinha glúten na composição.

“Com isso, não conseguia comer direito. Perdi 10 kg em aproximadamente dois meses”, lembra a advogada, que vive em São Paulo.

Como o quadro não melhorou, o médico pediu exames de sangue e a , que avalia principalmente o estômago e a parte alta do intestino (duodeno). O resultado mostrou que o intestino estava todo inflamado. Foi quando o médico fechou o diagnóstico de doença celíaca.

Entenda a doença

  • É autoimune, ou seja, o corpo entende que o alimento com é uma ameaça e começa a atacá-lo. O intestino fica inflamado na presença dessa proteína encontrada em alimentos como trigo, cevada, centeio, aveia, e não consegue absorver os nutrientes.
  • Por isso que, entre os sintomas, muitos pacientes relatam distensão abdominal, náusea, , , dor de barriga, perda de peso e falta de apetite. Em alguns casos, a pessoa pode ser assintomática.
  • Para diagnosticar a doença, os médicos avaliam histórico do paciente, além de exames de sangue e imagem (endoscopia digestiva alta).
  • Tratamento envolve dieta sem alimentos com glúten.

As inflamações frequentes causadas pelo glúten causam a diminuição das vilosidades (dobras) do intestino, o que leva à má absorção de nutrientes. Por isso, o paciente pode ter , , cansaço, irritabilidade, entre outros sintomas. Antonio Guilherme Melo e Silva Guimarães, gastroenterologista da rede de clínicas AmorSaúde, parceira do Cartão de Todos, de Marabá (PA)

Victoria Maldo Leite - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Victoria chega a desmaiar em contato com o glúten

Imagem: Arquivo pessoal

Com isso, Victoria precisou cortar os alimentos com glúten do cardápio. No caso dela, outro resultado da ingestão da substância era o corpo cheio de bolinhas, principalmente no pescoço, peito e costas —um quadro chamado de dermatite herpetiforme, condição associada à doença celíaca.

Por isso, ela teve de retirar produtos de maquiagem e outros cosméticos que contêm glúten. “Tenho algumas cicatrizes que foram resultado disso”, conta.

“Comer fora é sempre um risco”

Quando descobriu a doença, a advogada ficou apreensiva, com medo de sair de casa e passar mal —o desmaio, por exemplo, ocorria com frequência em contato com o glúten. Com isso, ela acabou se isolando por um tempo.

Comecei a fazer terapia por isso e fui entendendo que alguns riscos são inevitáveis para ter vida social. Victoria Maldo Leite

Com o tempo, Victoria foi aprendendo a lidar com o problema. Vai a restaurantes, explica a situação aos garçons e, normalmente, dá certo. Prefere pratos menos arriscados, como grelhados ou . “Mas comer fora, para mim, é sempre um risco”, diz.

Aliás, com o tempo, ela descobriu que alguns restaurantes têm cardápio específico para quem tem doença celíaca. Outros possuem apenas comidas sem glúten. Às vezes, ela leva a própria comida, dependendo da ocasião.

Não existe um remédio contra a doença celíaca. Não há cura. O que fazemos é cortar alimentos com glúten, que é a única forma de controlar o problema. Bruno Sander, gastroenterologista da Sander Medical Center (BH)

“Passei mal em ambiente com farelo do pão”

Victoria Maldo Leite - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Ela teve que aceitar os riscos para ter uma vida social

Imagem: Arquivo pessoal

Um dos problemas é a contaminação cruzada. Quando algum alimento que Victoria vai comer, por exemplo, é colocado em um recipiente que não foi lavado anteriormente ou adequadamente e que contém resquícios de glúten, ela passa mal.

“A batata frita é um exemplo. Ela não tem glúten, mas se for feita em um óleo que fritou algo com glúten e eu comer, vou passar mal. Então, meu único tratamento é uma dieta 100% livre de glúten, além do acompanhamento médico com endocrinologista e gastroenterologista.”

E a padaria, cheia de pães e outros produtos com glúten? “Nem pensar”, diz Victoria. Ela não pode nem passar perto, muito menos entrar: Uma vez, aliás, passou mal só de estar em um ambiente com pessoas comendo pão francês.

Não posso usar nem a mesma toalha de mesa que foi utilizada para o consumo de alimentos com glúten. Já tive situações de passar mal com o farelo de pão que meu pai cortou na cozinha enquanto estava no quarto. Victoria Maldo Leite

No último episódio de contaminação, Victoria comeu, sem querer, uma bolacha com glúten na composição. “Horas depois, desmaiei e fui investigar o que era e descobri que tinha me confundido. Fiquei indisposta, com dores de cabeça por uns dois dias”, diz.

Victoria Maldo Leite - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Victoria descobriu doença aos 15 anos

Imagem: Arquivo pessoal

Doença mudou alimentação da família

Morando com os pais, Victoria conta que eles aboliram o pão francês da dieta, já que esfarela demais. Agora, eles optam por outros pães (como o de leite) que não causam os mesmos problemas nela.

Quando ela não está em casa, os pais costumam “aproveitar” o momento. Mas a pizza, por exemplo, é algo pelo qual Victoria perdeu o apetite. Só de sentir o cheiro já fica enjoada.

“Como não é algo que esfarela, igual o pão, eles comem toda semana, mas não sinto vontade. Já passei mal tantas vezes que não suporto nem o cheiro de pizza. Já logo me tranco no quarto”, fala. Atualmente, a jovem já está a mais de um mês sem episódios de mal-estar causado pela doença.

Acho legal enfatizar que a pessoa só deve tirar alimentos com glúten quando tiverem realmente a intolerância. Todos essas comidas que surgiram foram ótimas para os celíacos, mas, por outro lado, agora tudo virou culpa do glúten. Andrea Pereira, nutróloga do Hospital Albert Einstein (SP)

Desde mais nova, Victoria Maldo Leite, 25, tinha diversos episódios de dor de barriga e de cabeça, além de desmaios. Na época, ela pensava que tinha relação com ou até mesmo que tinha comido algo que não caiu bem. Mas com o tempo os sintomas foram ficando mais frequentes.

Quando tinha 15 anos, resolveu ir ao médico. Ele passou um remédio para que, ao invés de ajudar, piorou ainda mais —Victoria descobriu, depois, que o medicamento tinha glúten na composição.

“Com isso, não conseguia comer direito. Perdi 10 kg em aproximadamente dois meses”, lembra a advogada, que vive em São Paulo.

Como o quadro não melhorou, o médico pediu exames de sangue e a , que avalia principalmente o estômago e a parte alta do intestino (duodeno). O resultado mostrou que o intestino estava todo inflamado. Foi quando o médico fechou o diagnóstico de doença celíaca.

Entenda a doença

  • É autoimune, ou seja, o corpo entende que o alimento com é uma ameaça e começa a atacá-lo. O intestino fica inflamado na presença dessa proteína encontrada em alimentos como trigo, cevada, centeio, aveia, e não consegue absorver os nutrientes.
  • Por isso que, entre os sintomas, muitos pacientes relatam distensão abdominal, náusea, , , dor de barriga, perda de peso e falta de apetite. Em alguns casos, a pessoa pode ser assintomática.
  • Para diagnosticar a doença, os médicos avaliam histórico do paciente, além de exames de sangue e imagem (endoscopia digestiva alta).
  • Tratamento envolve dieta sem alimentos com glúten.

As inflamações frequentes causadas pelo glúten causam a diminuição das vilosidades (dobras) do intestino, o que leva à má absorção de nutrientes. Por isso, o paciente pode ter , , cansaço, irritabilidade, entre outros sintomas. Antonio Guilherme Melo e Silva Guimarães, gastroenterologista da rede de clínicas AmorSaúde, parceira do Cartão de Todos, de Marabá (PA)

Victoria Maldo Leite - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Victoria chega a desmaiar em contato com o glúten

Imagem: Arquivo pessoal

Com isso, Victoria precisou cortar os alimentos com glúten do cardápio. No caso dela, outro resultado da ingestão da substância era o corpo cheio de bolinhas, principalmente no pescoço, peito e costas —um quadro chamado de dermatite herpetiforme, condição associada à doença celíaca.

Por isso, ela teve de retirar produtos de maquiagem e outros cosméticos que contêm glúten. “Tenho algumas cicatrizes que foram resultado disso”, conta.

“Comer fora é sempre um risco”

Quando descobriu a doença, a advogada ficou apreensiva, com medo de sair de casa e passar mal —o desmaio, por exemplo, ocorria com frequência em contato com o glúten. Com isso, ela acabou se isolando por um tempo.

Comecei a fazer terapia por isso e fui entendendo que alguns riscos são inevitáveis para ter vida social. Victoria Maldo Leite

Com o tempo, Victoria foi aprendendo a lidar com o problema. Vai a restaurantes, explica a situação aos garçons e, normalmente, dá certo. Prefere pratos menos arriscados, como grelhados ou . “Mas comer fora, para mim, é sempre um risco”, diz.

Aliás, com o tempo, ela descobriu que alguns restaurantes têm cardápio específico para quem tem doença celíaca. Outros possuem apenas comidas sem glúten. Às vezes, ela leva a própria comida, dependendo da ocasião.

Não existe um remédio contra a doença celíaca. Não há cura. O que fazemos é cortar alimentos com glúten, que é a única forma de controlar o problema. Bruno Sander, gastroenterologista da Sander Medical Center (BH)

“Passei mal em ambiente com farelo do pão”

Victoria Maldo Leite - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Ela teve que aceitar os riscos para ter uma vida social

Imagem: Arquivo pessoal

Um dos problemas é a contaminação cruzada. Quando algum alimento que Victoria vai comer, por exemplo, é colocado em um recipiente que não foi lavado anteriormente ou adequadamente e que contém resquícios de glúten, ela passa mal.

“A batata frita é um exemplo. Ela não tem glúten, mas se for feita em um óleo que fritou algo com glúten e eu comer, vou passar mal. Então, meu único tratamento é uma dieta 100% livre de glúten, além do acompanhamento médico com endocrinologista e gastroenterologista.”

E a padaria, cheia de pães e outros produtos com glúten? “Nem pensar”, diz Victoria. Ela não pode nem passar perto, muito menos entrar: Uma vez, aliás, passou mal só de estar em um ambiente com pessoas comendo pão francês.

Não posso usar nem a mesma toalha de mesa que foi utilizada para o consumo de alimentos com glúten. Já tive situações de passar mal com o farelo de pão que meu pai cortou na cozinha enquanto estava no quarto. Victoria Maldo Leite

No último episódio de contaminação, Victoria comeu, sem querer, uma bolacha com glúten na composição. “Horas depois, desmaiei e fui investigar o que era e descobri que tinha me confundido. Fiquei indisposta, com dores de cabeça por uns dois dias”, diz.

Victoria Maldo Leite - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Victoria descobriu doença aos 15 anos

Imagem: Arquivo pessoal

Doença mudou alimentação da família

Morando com os pais, Victoria conta que eles aboliram o pão francês da dieta, já que esfarela demais. Agora, eles optam por outros pães (como o de leite) que não causam os mesmos problemas nela.

Quando ela não está em casa, os pais costumam “aproveitar” o momento. Mas a pizza, por exemplo, é algo pelo qual Victoria perdeu o apetite. Só de sentir o cheiro já fica enjoada.

“Como não é algo que esfarela, igual o pão, eles comem toda semana, mas não sinto vontade. Já passei mal tantas vezes que não suporto nem o cheiro de pizza. Já logo me tranco no quarto”, fala. Atualmente, a jovem já está a mais de um mês sem episódios de mal-estar causado pela doença.

Acho legal enfatizar que a pessoa só deve tirar alimentos com glúten quando tiverem realmente a intolerância. Todos essas comidas que surgiram foram ótimas para os celíacos, mas, por outro lado, agora tudo virou culpa do glúten. Andrea Pereira, nutróloga do Hospital Albert Einstein (SP)

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