Em sua mais recente avaliação acerca das tendências de produção, importação, exportação, oferta interna total e consumo per capita de carnes na União Europeia, o braço executivo do bloco, a Comissão Europeia (CE), estima que a produção de carne de bovina tende a decrescer em torno de meio por cento – não, necessariamente, por conta dos altos custos, mas devido a ajustes estruturais nas pecuárias de corte e de leite. Confia, também, que as exportações do produto para os mercados com melhor poder aquisitivo deverão aumentar, mas serão afetadas pelos preços recordes ora registrados internamente. E como o preço afeta até mesmo o consumidor interno, a CE aponta aumento (de 15%) nas importações, “supridas pelas ofertas brasileiras”.
Principal carne produzida, exportada e consumida pelos europeus, a carne suína sofre implicações de ordem ambiental, de preço (devido aos elevados custos de produção) e de consumo (interno e externo, em decorrência, ainda, dos casos de peste suína africana). Daí a previsão de queda na produção, na exportação e no consumo per capita. A CE cita, ainda, que as exportações, direcionadas nos últimos dois sobretudo para a China, agora têm como principal destino o Reino Unido.
Quanto à produção avícola é prevista estabilidade em 2022. E o que possibilita essa estabilização é o fato de os preços alcançados pelo frango compensarem não só os custos elevados, mas também as perdas decorrentes dos contínuos surtos de Influenza Aviária de alta patogenicidade. As exportações para o Reino Unido voltaram aos níveis pré-Brexit, mas a UE vem perdendo mercados. Quanto às importações, tendem a retornar aos mesmos níveis registrados entre 2016 e 2019 (com a pandemia, recuaram em 2020 e 2021 para pouco mais de 700 mil toneladas).
Resumindo, no tocante às carnes, 2022 será negativo para a União Europeia, porquanto caem produção (-2,6%), exportação (-5,5%) e consumo per capita (-2,4%) e, para compensar as perdas, aumentam as importações (+15,9%).