O dólar tinha alta frente ao real nesta segunda-feira, perdendo o fôlego de mais cedo mas ainda mantendo o sinal positivo, conforme a moeda norte-americana ganhava terreno no exterior em meio a renovadas preocupações com a crise do gás na Europa que derrubou o euro de novo abaixo da paridade ante a divisa dos EUA.
Às 9:31 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,30%, a 5,1841 reais na venda, após máxima de 5,1954 reais (+0,52%).
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,24%, a 5,2010 reais.
Lá fora, o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,21%, a 108,380. O euro tinha queda de 0,33%, a 1,0001 dólar, após tocar 0,999 dólar.
De forma geral o dia não era animador para ativos de risco. Moedas emergentes em bloco recuavam, as ações europeias cediam e os futuros de Wall Street perdiam mais de 1%. A taxa do título do Tesouro dos EUA de dez anos tinha leve queda, mas seguia muito próxima da marca de 3%, linha que, cruzada, pode deflagrar nova onda de mau humor.
O Bradesco nota em relatório matinal que a cautela predomina nos mercados na semana do simpósio de Jackson Hole. As atenções se voltam para o evento do Federal Reserve (banco central dos EUA), com início na quinta-feira, que reunirá diversos economistas, políticos, empresários e autoridades monetárias de outros países.
O foco estará voltado para as participações dos dirigentes do Fed, especialmente do chair, Jerome Powell, que poderá trazer mais detalhes sobre a estratégia de condução da política monetária norte-americana nos próximos meses.
Investidores não tiravam as atenções também da China, que voltou a cortar taxas de juros. Estudo do Goldman Sachs mostra que o real é a moeda mais sensível a quedas nas expectativas para o crescimento econômico chinês e nos preços das commodities. A moeda brasileira está ainda entre as mais vulneráveis à queda do euro para 0,95 dólar e um cenário de Fed duro no combate à inflação.
O clima externo mais arisco e uma volatilidade inicial oriunda do clima eleitoral no Brasil têm mantido o dólar acima de 5 reais desde meados de junho. A última vez que a cotação fechou abaixo dessa marca foi no dia 10 daquele mês (4,9892 reais). Desde então, sobe 3,91%.
Não por acaso, o real deixou recentemente de ser uma das moedas emergentes preferidas por especuladores, que chegaram a sustentar posições vendidas na moeda –ou seja, apostando na desvalorização da divisa brasileira.
Na última semana, esse grupo de agentes financeiros que opera na Bolsa de Chicago mudou de mão e comprou reais, mas o saldo das posições segue tímido, indicativo de pouca disposição para posições direcionais na moeda dado o quadro incerto.