Fabricantes de doces, bolos e refrigerantes estão pagando muito mais do que o normal para obter açúcar no curto prazo, e aumentou o risco de algumas fecharem, de acordo com a CIUS, a associação que representa os compradores europeus de açúcar. Para os consumidores, é uma ameaça de mais pressão inflacionária.
A associação quer que a União Europeia suspenda temporariamente tarifas de importação para estimular embarques de açúcar refinado.
Para aliviar a crise, a Europa poderia comprar de países da África e do Caribe, cujos embarques caíram nos últimos anos, mas que agora podem ser mais atraentes a preços atuais, segundo Josh Gartland, vice-diretor-geral da associação de refinarias de açúcar da Europa, a CEFS.
Outra opção seria mais embarques dos principais exportadores, Brasil e Índia. No entanto, a Índia impôs cotas de exportação, enquanto os preços mais altos do etanol estimularam as usinas brasileiras a desviar mais cana para biocombustível.
A CEFS também teme a concorrência externa e uma queda de preços locais do açúcar, que é feito de safras como beterraba na Europa.
As importações poderiam prejudicar a renda dos produtores em um momento em que os custos de insumos aumentaram e ameaçar a sustentabilidade da produção futura.
A União Europeia estima que sua produção deve cair 7% no atual ano-safra, para 15,5 milhões de toneladas, após calor e tempo seco prejudicarem as lavouras. O plantio caiu 20% nos últimos cinco anos, com preços historicamente baixos que levaram os agricultores a mudarem para culturas mais lucrativas, como grãos.
“Estamos profundamente preocupados por termos entrado em uma situação de déficit de longo prazo”, disse o presidente da CIUS, Yury Sharanov, em um seminário em Londres. “Se medidas adequadas não forem implementadas, a mesma situação se repetirá na próxima temporada.”
A UE disse que as importações no terceiro trimestre aumentaram em relação ao ano anterior. Os produtores europeus já estão exportando menos para se concentrarem no fornecimento aos compradores locais, disse Gartland, do CEFS.
Fonte: portaldoagronegocio