Cidadania

Vendas do comércio têm queda em Mato Grosso: o que isso pode significar?

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A economia de Mato Grosso começou 2025 ainda tentando se recuperar dos tombos do ano anterior. Dados divulgados pelo IBGE mostram que, no primeiro bimestre deste ano, as vendas do comércio varejista recuaram 3,7% em comparação com o mesmo período de 2024. No varejo ampliado, que considera também setores como veículos e materiais de construção, a queda foi mais branda: apenas 0,6%.

O que está por trás dessa retração?

Apesar do recuo no bimestre, uma luz no fim do túnel começa a brilhar. Em fevereiro de 2025, o comércio varejista cresceu 0,7% na comparação com janeiro, mostrando um primeiro suspiro de recuperação. Aliás, essa foi a segunda alta mensal consecutiva, já que em janeiro o avanço havia sido expressivo, de 5,8%.

Serviços também dão sinais de vida

Outro alento veio da prestação de serviços, que avançou impressionantes 24,9% em fevereiro em relação ao mês anterior. Porém, é bom manter o pé no chão: no acumulado do primeiro bimestre, o setor ainda registra queda de 6,4% frente ao mesmo período de 2024.

Agro e mercado de trabalho: forças de suporte

Um dos motores econômicos do estado, o agronegócio, projeta dias melhores. Após a quebra de safra em 2024, a safra de grãos de 2025 deve crescer 10,3%, segundo estimativas do IBGE. Um alívio e tanto para a economia regional!

No mercado de trabalho, o saldo também é positivo. De acordo com o Caged, Mato Grosso criou 9.710 vagas formais em fevereiro — um crescimento de 30,9% em relação a fevereiro do ano passado. O setor de serviços puxou a fila de contratações, seguido de perto pelo comércio.

Comércio ainda tem peso no emprego

O comércio representa atualmente 26% dos contratos de trabalho formais no estado. Ou seja: mesmo em tempos difíceis, o setor continua sendo um dos principais pilares da geração de emprego em Mato Grosso.

Os desafios que persistem

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Setor Comercial De Mato Grosso Puxa Alta Na Abertura De Empresas E Empregos Formais – Foto: Secom/Mt

Inflação ainda morde o bolso

Se por um lado o agro promete fôlego, a inflação continua pesando na balança. O IPCA na região Centro-Oeste acumulou alta de 5,3% nos 12 meses até março de 2025. No país, o índice foi um pouco maior: 5,5%.

Os vilões da inflação? Sem surpresa: Alimentação e bebidas (+7,7%) e Educação (+6,3%). Dois setores que impactam diretamente o orçamento das famílias, principalmente em um estado fortemente agrícola como Mato Grosso.

Taxa de juros: a pedra no sapato

Outro fator que continua travando o crescimento é o nível elevado das taxas de juros. Com o crédito mais caro, o consumo patina e o varejo sente o baque. Para o comércio, é como correr uma maratona na areia fofa: o esforço é muito maior e o avanço, bem mais lento.

Crédito em Mato Grosso: uma faca de dois gumes

Segundo dados do Banco Central, o saldo de crédito para pessoas físicas em Mato Grosso cresceu 10,4% na comparação entre janeiro de 2025 e janeiro de 2024 — um avanço acima da média nacional.

Já o crédito para empresas recuou 3,3% no mesmo período. Um sinal de que, enquanto as famílias estão buscando mais empréstimos para fechar as contas, o setor produtivo ainda pisa no freio.

E a inadimplência?

Apesar do crescimento do crédito, a inadimplência não explodiu — ainda. Entre pessoas físicas, 3,5% das operações estão com atraso superior a 90 dias. Para as empresas, o índice é um pouco menor: 2,9%.

O que esperar para o restante de 2025?

De acordo com David Pintor, presidente da Federação das CDLs de Mato Grosso, o balanço do primeiro trimestre, que será fechado em breve, deve trazer um cenário mais claro sobre as perspectivas para 2025.

“A desaceleração econômica de 2024 foi reflexo das dificuldades do agro. Os desafios agora são outros. Entre eles, destacam-se a persistência inflacionária e as incertezas para o setor externo”, comentou Pintor.

O que pode mudar o jogo:

  • Recuperação da safra impulsionando a economia local;
  • Estabilidade da inflação para devolver poder de compra ao consumidor;
  • Redução das taxas de juros para facilitar o acesso ao crédito;
  • Confiança do consumidor e do empresariado em retomada.

Considerações finais

Mato Grosso mostra resiliência em meio aos tropeços. Embora o comércio tenha começado o ano em ritmo lento, os primeiros sinais de melhora já são perceptíveis — como sementes que, sob a terra, prometem brotar com força nos próximos meses.

O cenário ainda exige cautela, mas também abre espaço para o otimismo. Se a inflação der uma trégua e o agro realmente se recuperar, 2025 poderá ser lembrado como o ano em que a economia mato-grossense virou o jogo.

Fonte: cenariomt

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