O Tribunal de Justiça da Nicarágua, controlado pela ditadura de Daniel Ortega, condenou três parentes do líder da oposição exilado, Javier Álvarez, a oito e dez anos de prisão. Trata-se da primeira sentença proferida no país contra parentes de um perseguido político. A decisão saiu em dia 18 de janeiro.
Ortega, que é , intensificou as perseguições aos opositores políticos a partir das eleições presidenciais de 2021, quando mandou prender sete candidatos opositores, mais de 30 líderes políticos e cem ativistas contrários à ditadura no país.
A esposa de Álvarez, Jeannine Horvilleur, 63 anos, e sua filha, Ana Carolina Álvarez Horvilleur, 43, foram condenadas a oito anos de prisão. O genro de Álvarez, Félix Roiz, a dez anos de cadeia.
Presos desde setembro de 2022, eles são acusados de “conspiração para minar a integridade nacional” e “propagação de notícias falsas”. Eles foram detidos em Manágua, capital do país, quando a polícia compareceu à casa da família para capturar Javier Álvarez.
O político, opositor de Daniel Ortega, já havia fugido para a Costa Rica. As duas mulheres têm dupla nacionalidade, francesa e nicaraguense. No entanto, a Justiça não considerou essa condição para reverter o processo penal contra elas.
A ditadura de Ortega agora adota um novo modus operandi, que é prender familiares de opositores políticos, como forma de pressioná-los a se entregarem.
O Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh) descreveu as prisões como “um novo padrão de sequestro para extorsão” usado pelo governo, já que “fazem seus parentes como reféns”, para forçar a captura ou a entrega de opositores exilados. Pelas redes sociais, o Cenidh repudiou a condenação.
Repudiamos estas acciones del régimen y del Poder Judicial. Desde CENIDH exigimos que les liberen de inmediato, SON INOCENTES, #SerOpositorNoEsDelito #LibertadParaLosPresosPoliticos #SonSentenciasNulas
— Cenidh (@cenidh) January 26, 2023
Os parentes de Álvarez estão detidos no presídio de El Chipote. Inaugurado em fevereiro de 2019, para substituir a antiga prisão de mesmo nome, o centro de detenção ficou rapidamente conhecido como um local de tortura. Atualmente, a ditadura nicaraguense detém vários sacerdotes católicos que foram presos pela polícia.
Javier Álvarez se preocupa principalmente com a saúde de sua esposa. Jeaninne sobreviveu recentemente a um câncer e ainda enfrenta um quadro de fragilidade de sua saúde. No presídio, ela não está recebendo as medicações diárias que seu tratamento exige, pois os oficiais da prisão se recusaram a receber os medicamentos. Ele se manifestou após a condenação da sua família.
A Nicarágua vive uma grave crise política desde os protestos contrários a Ortega, em 2018, quando a ditadura reprimiu os manifestantes civis, deixando 355 mortos, mais de 2 mil feridos, 1,6 mil presos e pelo menos 100 mil exilados, de acordo com organizações de direitos humanos.
Fonte: revistaoeste