As embalagens de veneno (agrotóxicos) utilizadas no agronegócio de Mato Grosso não podem ser descartadas em qualquer lugar devido aos riscos ambientais e à saúde humana.
Pelo contrário, elas seguem um sistema de logística reversa rigorosamente estabelecido e regulamentado, que é amplamente reconhecido como uma das referências mundiais em gestão de resíduos perigosos.
Em Mato Grosso, esse processo é parte integrante do Sistema Campo Limpo, uma iniciativa que envolve uma vasta rede de parceiros e é gerida pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV).
Esse sistema assegura que, desde o momento em que o produto é utilizado na lavoura até a destinação final da embalagem, cada etapa seja controlada para garantir a sustentabilidade e a segurança, transformando o que seria um problema ambiental em um ciclo virtuoso de responsabilidade compartilhada entre produtores rurais, fabricantes, distribuidores e comerciantes, com a fiscalização atenta do poder público.
1. Preparação na Propriedade Rural
Antes de serem devolvidas, as embalagens devem passar por um processo de lavagem. Existem dois métodos principais:
- Tríplice Lavagem: Para embalagens rígidas (plástico, vidro, metal) que continham produtos diluíveis em água. O produtor deve esvaziar a embalagem, adicionar água limpa em um terço do volume, tampar, agitar por 30 segundos, despejar a água da lavagem no pulverizador, e repetir o processo três vezes. A água da lavagem deve ser aproveitada na própria lavoura.
- Lavagem sob Pressão: Para embalagens que podem ser conectadas diretamente a um sistema de lavagem que enxágua o interior com jatos de água sob pressão, também com o resíduo sendo direcionado para o pulverizador.
Após a lavagem (ou esvaziamento completo, no caso de embalagens flexíveis), as embalagens devem ser perfuradas para inutilização, garantindo que não sejam reutilizadas para outros fins. As tampas devem ser separadas.
2. Devolução nos Postos de Recebimento
As embalagens vazias e lavadas (ou vazias e não lavadas, dependendo do tipo de produto) devem ser levadas pelo produtor rural a um dos postos ou centrais de recebimento credenciados pelo Sistema Campo Limpo. Esses locais geralmente são indicados no momento da compra do agrotóxico ou podem ser consultados no site do inpEV.
Ao entregar as embalagens, o produtor recebe um comprovante de devolução, documento importante que atesta o cumprimento da legislação ambiental.
3. Centralização e Processamento
Nos postos e centrais de recebimento, as embalagens são:
- Inspecionadas e classificadas: Separadas entre lavadas e não lavadas, e por tipo de material (plástico, metal, etc.).
- Compactadas: Para otimizar o transporte e armazenamento.
- Emitida a ordem de coleta: Para que o inpEV ou seus parceiros recolham o material.
4. Destinação Final (Reciclagem ou Incineração)
Após a coleta, as embalagens seguem para a destinação final adequada:
- Reciclagem: A grande maioria das embalagens lavadas é enviada para indústrias recicladoras parceiras. O material reciclado pode ser utilizado na fabricação de novas embalagens de agrotóxicos ou em outros setores da indústria, como a automotiva ou da construção civil. Mato Grosso é, inclusive, líder nacional na reciclagem de embalagens agrícolas.
- Incineração: As embalagens não lavadas ou que não podem ser recicladas (devido ao material ou contaminação residual) são encaminhadas para incineradores específicos, que realizam a queima em altas temperaturas, com controle de emissões, para eliminar os resíduos perigosos.
Esse ciclo garante que as embalagens de agrotóxicos não sejam abandonadas no meio ambiente, contribuindo para a proteção da saúde humana e a sustentabilidade do agronegócio mato-grossense.
Fonte: cenariomt
