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Produtores brasileiros sentem impactos imediatos da taxação dos EUA

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Produtores brasileiros já enfrentam os primeiros reflexos da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre exportações nacionais, com início previsto para 1º de agosto. O setor de pescados foi um dos primeiros a sentir os efeitos, com cargas suspensas e contratos cancelados.

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), ao menos 58 contêineres com 1.160 toneladas de pescado, majoritariamente tilápia congelada, perderam os compradores norte-americanos. Os Estados Unidos representam cerca de 70% do mercado externo do setor e 90% da tilápia exportada tem como destino aquele país.

“Os embarques que chegariam em agosto já estariam sujeitos à nova tarifa, por isso as compras foram suspensas”, afirmou Jairo Gund, diretor executivo da Abipesca. Ele destaca que os produtores mais afetados são os mais vulneráveis, como os responsáveis pela produção artesanal de lagosta.

A entidade participa nesta terça-feira (15) de uma reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin, pedindo o adiamento da tarifa por 90 dias e a exclusão dos pescados da medida, argumentando que o Brasil representa menos de 1% das importações do setor pelos EUA.

O setor de cítricos também monitora a situação. O Brasil é o principal fornecedor de suco de laranja para os Estados Unidos, responsáveis por mais de 40% das exportações. Apesar disso, produtores afirmam que ainda não houve alterações nas operações e pedem cautela. “É hora de diálogo, não de conflito”, defendeu Antonio Carlos Simonetti, da Câmara Setorial da Citricultura de SP.

O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) participa de reuniões com autoridades e entidades, enquanto avalia os impactos para o grão, que figura entre os principais produtos exportados ao mercado americano.

Já a Confederação Nacional da Indústria (CNI) considera que a resposta brasileira deve ser firme e equilibrada, destacando que a medida afeta contratos de longo prazo, investimentos e a competitividade bilateral. “A taxação ameaça cadeias produtivas e empregos dos dois lados”, alertou a entidade.

Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a criação do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, com a missão de ouvir os setores afetados e propor medidas com base na Lei de Reciprocidade Econômica. O grupo realiza sua primeira reunião nesta terça (15), com a indústria, e uma segunda com o agronegócio no mesmo dia.

O decreto que regulamenta a nova lei, sancionada em abril, deve ser publicado ainda nesta terça-feira e permitirá retaliações comerciais a países que adotem medidas unilaterais contra o Brasil.

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Fonte: cenariomt

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