O advogado-geral da União, Jorge Messias, pediu aplausos ao ministro do Alexandre de Moraes nesta quarta-feira, 14, durante uma cerimônia da Advocacia-Geral da União (AGU) para a entrega de condecorações a autoridades em Brasília.
“Se hoje o Brasil vive uma democracia plena, somos muito gratos ao seu trabalho”, disse Messias, sem mencionar as reportagens da Folha de S.Paulo sobre supostas irregularidades na condução de inquéritos no STF.
O evento, realizado no Clube Naval de Brasília, reuniu membros da cúpula dos Três Poderes.
Conforme mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizam a conduta de Moraes ao compartilhar informações entre seus gabinetes na Corte e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nas redes sociais, Messias também defendeu Moraes. “O ministro Alexandre de Moraes sempre se destacou por seu compromisso com a justiça e a democracia”, escreveu.
“Do mesmo modo, tem atuado com absoluta integridade no exercício de suas atribuições na Suprema Corte”, acrescentou. “Suas decisões contaram com a fundamentação e regularidade próprias de uma conduta honesta, ética e colaborativa que merece nossa admiração e apoio.”
O gabinete do ministro Alexandre de Moraes utilizou o TSE para investigar jornalistas e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no inquérito das fake news, criado em 2019.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, mensagens trocadas pelo próprio magistrado, por assessores e por integrantes do TSE mostram que o setor de combate à desinformação da Corte Eleitoral, então presidida por Moraes, serviu como braço investigativo do STF.
As mensagens, trocadas entre agosto de 2022 e maio de 2023, revelam que o TSE foi usado para investigar e abastecer o STF com relatórios — muitas vezes sem registro oficial.
Em alguns momentos, assessores de Moraes mencionaram a irritação do magistrado com a demora no atendimento às suas ordens.
“Vocês querem que eu faça o laudo?”, teria perguntado o ministro, em uma das mensagens. “Ele cismou. Quando cisma, é uma tragédia”, comentou um dos assessores, referindo-se ao magistrado. “Ele está bravo agora”, disse outro.
O juiz instrutor Airton Vieira, próximo de Moraes no STF, foi um dos principais responsáveis por solicitar relatórios ao TSE. Eduardo Tagliaferro, chefe da assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) no TSE, também esteve envolvido.
Tagliaferro deixou o cargo em maio de 2023, depois de ser preso sob suspeita de violência doméstica contra a mulher, em Caieiras (SP).
Fonte: revistaoeste