O Vaticano iniciou nesta terça-feira, 22, o velório do em Roma, na Itália. Antes da cerimônia, a Santa Sé priorizou a preservação do corpo, para evitar a decomposição precoce durante a exposição ao público.
A umidade da capital italiana exige que o embalsamamento ocorra rapidamente. Como resultado, técnicos abriram as veias do pescoço do pontífice para drenar o sangue e injetaram uma solução à base de formol, álcool e corantes diretamente na corrente sanguínea.
O método elimina bactérias e estabiliza as células, garantindo a conservação do corpo por vários dias.
Essa prática, considerada padrão desde o século 20, permite que centenas de milhares de fiéis se despeçam do papa sem que o tempo cause alterações visíveis no corpo. Francisco, que morreu nesta segunda-feira, 21, aos 88 anos, será sepultado no sábado 26.
O primeiro pontífice a receber esse tipo de tratamento foi Pio X, em 1914. Mas a mudança definitiva veio décadas depois, com o desastre que envolveu o corpo de Pio XII, em 1958. Na ocasião, o médico Riccardo Galeazzi-Lisi ignorou as técnicas convencionais e tentou aplicar um método com ervas, especiarias e óleos.
O resultado foi catastrófico. O corpo entrou em decomposição acelerada, liberando um odor tão forte que os guardas precisavam ser substituídos a cada 15 minutos. Desde então, o Vaticano passou a adotar o embalsamamento tradicional como regra.
The body of the late Pope Francis will be transferred to St. Peter’s Basilica on Wednesday at 9:00 AM to lie in state until his funeral on Saturday morning at 10:00 AM.
The Holy See Press Office announced on Tuesday that Cardinal Giovanni Battista Re, Dean of the College of… pic.twitter.com/ObGjYl7Bi7
— Vatican News (@VaticanNews) April 22, 2025
A família Signoracci, referência em serviços funerários em Roma, embalsamou três papas: João Paulo I, Paulo VI e João XXIII. Também cuidou do corpo do cineasta Pier Paolo Pasolini e do ex-primeiro-ministro Aldo Moro.
“Você apenas abre as artérias no pescoço e, na virilha, bombeia o sangue para fora e, ao mesmo tempo, injeta o fluido de embalsamamento nas veias”, explicou Massimo Signoracci à revista Der Spiegel.
Até o início do século 20, a Igreja preservava separadamente órgãos dos papas como relíquias. O fígado, o baço e o pâncreas de 22 pontífices estão guardados na Igreja de Santos Anastácio e Vicente, em Roma.
No entanto, com a morte de Leão XIII, em 1903, o determinou que os corpos dos papas permaneceriam intactos. Desde então, os embalsamamentos seguem sem remoção de vísceras, em respeito à nova orientação.
Fonte: revistaoeste