As Forças de Defesa de Israel (FDI) iniciaram uma operação terrestre contra alvos do grupo Hezbollah, na madrugada desta terça-feira, 1°, no horário local. O governo israelense afirmou que os ataques têm caráter limitado e buscam posições do grupo terrorista Hezbollah.
A incursão faz parte da intensificação do conflito que começou há duas semanas. Por terra, é a terceira invasão de grande porte de tropas israelenses no Líbano.
A primeira ocorreu em 1982, em meio à guerra civil, para neutralizar as ações da Organização da Libertação da Palestina (OLP). A segunda, em 2006, já em um confronto com o Hezbollah.
O início da atual sequência de ataques ocorreu por meio de explosões de dispositivos de comunicação (pagers e walkie-talkies) do Hezbollah no Líbano.
As autoridades internacionais continuam buscando meios de evitar uma guerra total entre Israel e o Hezbollah. O presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, reafirmou na segunda-feira, 30, que o país continua pressionando por um cessar-fogo imediato.
A operação terrestre, denominada Operação Flechas do Norte, foi anunciada por Israel como uma nova fase do conflito. Depois das explosões dos pagers, ocorridas em 17 de setembro, Israel iniciou uma série de bombardeios, ao sul e em beirute.
Nesta segunda-feira, pelas redes sociais, as FDI voltaram a afirmar que se anteciparam a um plano do Hezbollah de realizar um “7 de outubro” na região norte.
“Mas o objetivo deles era realizar um ataque ainda maior”, declararam as FDI.
As ações das FDI em resposta ao Hezbollah causaram a morte de vários líderes, entre eles o chefe maior do grupo, Hassan Nasrallah. O Hezbollah, mesmo acuado, declarou estar em “guerra indefinida” contra Israel.
Israel afirma que os ataques visam a combater o Hezbollah, que impediu o retorno de israelenses deslocados na fronteira com o Líbano devido aos bombardeios do grupo. Mas realçou que não tirou suas atenções dos combates em Gaza.
“A operação continuará de acordo com a avaliação situacional e em paralelo ao combate em Gaza e em outras arenas”, em comunicado enviado a .
Israel alega que seu objetivo no norte é expulsar os combatentes do Hezbollah do sul do Líbano. E permitir, com isso, que os cerca de 60 mil de moradores na região voltem para suas casas.
O Hezbollah, em solidariedade ao Hamas, que realizou os ataques terroristas de 7 de outubro, intensificou seus bombardeios a Israel desde o dia seguinte. Foram disparados mais de 9 mil projéteis, entre foguetes e drones, contra posições israelenses.
“As pressões para a invasão terrestre fazem parte de um processo que vem sendo construído por etapas”, disse a o professor Bruno Campos, analista do Laboratório de estudos do Oriente Médio (LEOM).
Israel, por sua vez, tem respondido com bombardeios aéreos e de artilharia, que mataram mais de mil pessoas no Líbano, além de atingir alvos militares do Hezbollah.
“Para a construção dos objetivos e as justificativas de Benjamin Netanyahu [primeiro-ministro de Israel] para a guerra em sua nova fase, o Hezbollah é a outra frente agora a ser combatida”, ressalta Campos.
Antes de seus ataques, Israel emitiu alertas para que civis evacuassem áreas onde o grupo extremista estaria armazenando armas.
O mar em grutas
A situação na fronteira entre Israel e Líbano permanece tensa. Regiões turísticas, como Rosh HaNikra, em que o mar penetra em rochas e grutas, não podem ser visitadas.
O Exército israelense declarou áreas do norte do país como zonas militares restritas e iniciou uma incursão terrestre, com base em informações de inteligência.
Foram isoladas as cidades de Metula, Misgav Am e Kfar Giladi. O objetivo é neutralizar ameaças imediatas representadas por alvos do Hezbollah perto da fronteira.
O conflito atual se assemelha ao enfrentamento de 2006 entre Israel e Hezbollah, que deixou um rastro de destruição no sul do Líbano e em Beirute. Há receios de que uma nova guerra total possa desestabilizar ainda mais a região.
O governo israelense avalia que o Hezbollah possui cerca de 150 mil foguetes e mísseis. O grupo extremista tem mantido uma postura beligerante. Sua promessa é continuar os ataques até o fim da guerra contra o Hamas que, segundo Netanyahu, já perdeu 90% de sua capacidade de combate.
Fonte: revistaoeste