O governo dos Estados Unidos impediu a participação do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, na reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em Washington.
O comunicado foi enviado à pasta brasileira pela Missão norte-americana junto às Nações Unidas e detalha que o ministro só poderia circular entre o hotel e a sede da ONU, em Nova York, além de ter acesso a instalações médicas em caso de emergência.
A decisão, considerada arbitrária e infundada pelo governo brasileiro, viola o Acordo de Sede da ONU e restringe o direito do país de apresentar suas propostas no principal fórum de saúde das Américas.
O Brasil, referência mundial em políticas de vacinação e no fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), atua como articulador em iniciativas voltadas à ciência, à defesa da vida e ao enfrentamento do negacionismo.
Reação do Brasil e decisão de Padilha
Diante das restrições impostas, Alexandre Padilha optou por permanecer no Brasil. Segundo a pasta, o ministro vai acompanhar a votação da Medida Provisória do programa Agora Tem Especialistas no Congresso Nacional, considerada prioridade da gestão.
Fontes ligadas ao governo afirmam que a medida não se trata de uma retaliação pessoal contra Padilha, mas de um gesto político que atinge o papel desempenhado pelo Brasil no cenário internacional. O país tem se destacado no combate ao negacionismo e em articulações para ampliar a cobertura vacinal, enquanto os Estados Unidos enfrentam retrocessos internos em temas relacionados à saúde pública.
Implicações regionais
A ausência do ministro em Washington ocorre em um momento estratégico. O Brasil lidera negociações para a criação de uma rede inédita de produção de vacinas na América Latina, em parceria com Argentina e México. A iniciativa pretende reduzir custos, gerar empregos, ampliar a autonomia dos países vizinhos e fortalecer a resposta da região a futuras crises sanitárias.
Mesmo sem a presença de Padilha, o Ministério da Saúde mantém delegações atuando em Nova York e Washington. Reuniões paralelas seguem agendadas, incluindo diálogos com Mercosul e BRICS, blocos nos quais o Brasil exerce papel central.
Contexto diplomático
Analistas avaliam que a decisão dos EUA pode intensificar tensões diplomáticas em um momento em que o Brasil busca protagonismo em pautas globais como saúde, clima e desenvolvimento sustentável. Em fóruns como a COP 30, que será realizada em Belém (PA), o governo brasileiro promete reforçar o discurso em defesa da soberania nacional e da ciência.
Para o Itamaraty, a medida norte-americana não reduz o peso do Brasil nas discussões internacionais. Pelo contrário, pode consolidar ainda mais a imagem do país como liderança regional comprometida com a cooperação multilateral e com a defesa do direito à saúde como bem público universal.
*Com informações Ministério da Saúde
Fonte: primeirapagina