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“Penso, logo existo”: origem e significado desta famosa frase

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“Penso, logo existo”: origem e significado desta famosa frase

Penso, logo existo ” é uma das frases mais famosas do filósofo René Descartes (1596-1650), que marcou um antes e um depois na história do pensamento. Bem, o significado disso representa nada mais e nada menos que o início do racionalismo e da filosofia moderna.

Através desta frase, o filósofo francês sintetiza toda a sua filosofia dentro da qual afirma, entre outras coisas, que a única forma de encontrar a verdade é a razão. O que essa frase significa? Como surgiu? Nós detalhamos abaixo.

Origem da frase “Penso, logo existo”

Para entender o significado de «penso, logo existo», é necessário primeiro referir-se ao contexto em que foi criado. As reflexões filosóficas de Descartes surgem em um momento de profunda crise e transição: o Renascimento europeu. Nesse período, todas as convicções que haviam sido assumidas como verdades durante a Idade Média começam a desmoronar.

Portanto, o que até então era considerado verdade, começa a ser refutado pelos avanços científicos. Tudo se torna incerto.

Como resultado, Descartes pretende deixar para trás as velhas idéias da Idade Média (em maior medida baseadas na autoridade e na tradição); e estabelece as bases para a aquisição de novos e verdadeiros conhecimentos.

Para isso, em sua obra (1637), ele se propõe a encontrar alguma certeza absoluta que se funda em si mesma. Ou seja,  que não dependa de outra coisa ou de alguma autoridade externa que a certifique como verdadeira. Como acontecia na Idade Média, cujo conhecimento se baseava nas sagradas escrituras católicas, por exemplo.

Essa certeza seria um princípio que sustentaria a construção de uma nova ciência. Bem, Descartes acreditava que na filosofia também poderia haver um método que nos permitisse conhecer verdades, assim como acontecia com a matemática ou outras ciências exatas.

Essa primeira verdade irrefutável é denotada pela frase ” Penso, logo existo “, que se refere à verdade indubitável de nossa própria existência enquanto pensamos. Ou seja, podemos duvidar de todo o resto, exceto que estamos pensando neste exato momento.

Vitreaux na Idade Média.

O Renascimento traz dúvidas sobre a autoridade eclesiástica para dar origem aos métodos científicos.

 

Dúvida metódica ou cartesiana

Conforme argumentado na , Descartes negou que os sentidos pudessem nos mostrar a natureza das coisas. E ele sustentava que podemos perceber a natureza da realidade por meio do intelecto. Isso significa que, para obter as verdades fundamentais da metafísica, devemos voltar às nossas ideias inatas sobre a essência das coisas.

Para chegar a essa certeza absoluta, Descartes questiona a veracidade de todos os conhecimentos adquiridos e se pergunta quais são as fontes que os sustentam.

Em primeiro lugar, duvida do conhecimento que os sentidos nos fornecem, pois é evidente que eles nos enganam com muita frequência. Em seguida afirma que toda a nossa experiência pode ser um sonho, uma ilusão, razão pela qual questiona também a imaginação como fonte confiável de conhecimento.

Por fim, ele duvida da racionalidade humana para alcançar o conhecimento verdadeiro, lançando mão da de que um gênio maligno ou um espírito enganador pode nos fazer errar, mesmo quando acreditamos estar pensando corretamente.

Por exemplo, quando realizamos uma operação matemática, pode haver um gênio maligno onipotente que nos faz acreditar que chegamos ao resultado correto quando na verdade não chegamos.

Então, se não podemos confiar em nossos sentidos ou em nosso intelecto, devemos aceitar o ceticismo e afirmar que é impossível saber a verdade de qualquer fato?

Apesar de começar a duvidar da veracidade de tudo o que existe, Descartes chega à conclusão de que existe de fato uma verdade indubitável, da qual sustentar o resto do conhecimento. E esta verdade é que mesmo que me engane ou erre, tenho a certeza de que estou pensando e, se penso, então existo.

Desta forma, a existência de um “eu” pensante é a primeira verdade a que ele chega. Uma verdade que não pode ser questionada porque ao duvidar do próprio pensamento estamos a confirmar a sua existência.

Significado da frase

Agora, fica mais claro o significado da frase ” Penso, logo existo “: a única coisa de que não podemos duvidar é que estamos duvidando. Portanto, se eu duvido, meu pensamento existe e eu também.

Quer estejamos vivendo em uma ilusão ou na Matrix, não podemos duvidar de que pensamos. Portanto, estamos existindo.

Penso, logo existo” confirma nossa como seres pensantes. Como pensadores e seres humanos podemos questionar tudo, mas não podemos duvidar que estamos duvidando. Não podemos duvidar da existência de pensamentos, pois a própria dúvida é um pensamento.

Assim, como afirma a , para Descartes, pensar é a verificação imediata e intuitiva do próprio fato de existir.

Vi que podia fingir que não tinha corpo, e que não havia mundo, ou lugar, em que me encontrasse, mas que não podia fingir que não sou de forma alguma por causa disso: pelo contrário, do próprio fato de pensar no duvidoso, que era tudo mais, deduziu-se com evidência e certeza o meu ser…

-Descartes-

Pensar nos faz existir.

O fato de pensar e pensar em nós mesmos mostra que somos e que existimos.

 

Implicações das reflexões cartesianas

A frase ” penso, logo existo ” gerou uma revolução filosófica. Bem, essa expressão contribuiu para que o assunto fosse considerado peça central em toda a filosofia posterior.

Depois de Descartes, o “eu” pensante começou a ser tanto o sujeito quanto o objeto da investigação filosófica. Porque se a primeira verdade, ponto de partida da filosofia e de toda ciência, é a existência do “eu” pensante; então, para saber algo sobre o mundo e sobre nós mesmos, devemos analisar e investigar seus próprios conteúdos, funções e propriedades.

Assim, um dos grandes legados de Descartes foi a ideia de que devemos começar conhecendo nossos próprios estados mentais (que representam nossa primeira certeza) para saber algo sobre todo o resto.

É assim que Descartes é conhecido como o pai da filosofia moderna e inaugurador de uma das correntes filosóficas mais influentes da história: o racionalismo.

Considerações finais

René Descartes foi um pensador que foi muito longe em seus questionamentos e indagações, tanto que chegou a afirmar que a única certeza é a existência da (pensamento, razão), visto que não podemos ter certeza sequer de que nosso corpo existe.

Sem dúvida, ele foi um filósofo revolucionário que mudou a forma como entendemos a nós mesmos e o mundo ao nosso redor. Com sua famosa frase “penso, logo existo” nos deixou um legado filosófico para a história que o tempo dificilmente apagará.

Fonte: melhorcomsaude

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