Aos 4 meses de idade, Lara – hoje com 7 anos – foi diagnosticada com comunicação interventricular, ou seja, uma abertura na parede do coração, que separa o ventrículo direito do esquerdo. Isso exigiu exames contínuos para o acompanhamento cardiológico.
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Desde então, a pequena e seus pais, Josefa Lucena e Iracildo da Silva, enfrentaram um processo muito difícil, devido à idade da menina e o medo dos exames realizados continuamente, até conhecerem a cardiologista pediátrica Vanessa Guimarães.
A médica, além de buscar oferecer um atendimento humanizado nas consultas, lançou livros infantis capazes de minimizar a angústia com o tratamento, lidando de forma lúdica com os exames pelos quais as crianças devem passar. “A humanização de fato faz com que a criança perca o medo e encare cada exame ou consulta com mais naturalidade, tornando-se algo legal de se vivenciar”, contam Josefa e Iracildo, que hoje veem sua filha mais tranquila e segura ao realizar os exames que estão nas ilustrações do livro.
Livros de Cardiohumanização
As crianças costumam ter medo do desconhecido e se incomodam mais frequentemente com o que foge da rotina. Além disso, alguns exames são de fato incômodos, requerem períodos de imobilidade, picadas de agulha, podendo até mesmo gerar sensação de calor no corpo, como com o contraste.
Se essas situações não são legais até para adultos, que as suportam devido à consciência de necessidade que possuem, imagine para as crianças, que nem sempre tem essa capacidade cognitiva.
Assim, para ajudar na melhoria da qualidade de vida da criança cardiopata e de sua família, Vanessa Guimarães lançou quatro livros infantis, em uma série que nomeou como livros de cardiohumanização. “Além dos desafios enfrentados pelas crianças na realização dos exames, é muito comum que as atividades físicas sejam limitadas e os cerquem de superproteção, de forma equivocada. É também um universo propício ao bullying e com isso oscilações psicológicas, dentre elas ansiedade, depressão e transtornos alimentares”, alerta a especialista.
Somado aos textos, um dos livros tem uma sessão de desenhos para a criança colorir e transformar o exame como se fosse dela, enquanto outro vem com um rosto vazio na capa, onde as crianças podem desenhar a si próprias. “O livro trata sobre o que as crianças vivenciam no dia a dia, inclusive com os exames. Assim que Lara o recebeu, já foi identificando cada exame que tinha realizado”, conta Josefa, agradecida pelo conhecimento adquirido pelos livros.
Além da
parte lúdica, os livros têm uma versão
técnica, com linguagem acessível e ilustração realística para os pais e
responsáveis, já que a médica acredita que através da leitura, maior será a
compreensão e os resultados, pois se trata de assunto não coloquial para a
maioria das pessoas. “Os assuntos ‘de gente grande’ são
difíceis de entender, principalmente porque não nos habituamos a explicar no
formato de fácil compreensão para o universo infantil”, diz.
Atendimento humanizado
Ao trabalhar na UTI Cirúrgica do InCor, em 2009, Vanessa inseriu atividades lúdicas para as crianças internadas, decorando o espaço com painéis doados pela Maurício de Sousa Produções e outros parceiros. “Lá instituí o projeto ‘Com Cor Ser Dor’. Inserimos no ambiente móbiles musicais, cavalinhos upa upa, brinquedos limpáveis, sandálias com heróis e princesas para as crianças usarem na fisioterapia e até banda de samba”.
Percebendo o impacto nas crianças e no tratamento, ao iniciar os atendimentos em consultório, em 2013, a médica também inseriu nele o modo humanizado. “O consultório é acolhedor com atividades e elementos que fazem o paciente vivenciar a consulta de forma leve, o tempo de consulta defino de acordo com a necessidade do caso, e todas as dúvidas são sanadas”, conta a médica.
Para ela, atender de forma
humanizada vai além dos conhecimentos médicos. “Desde um olhar com empatia, um
aperto de mão, um abraço e um auxílio em outras questões, num momento
necessário ao paciente podem fazer a diferença no cuidado”, acredita.
A conexão com os pacientes por meio da humanização no atendimento é tão forte, que Vanessa chegou a levar um paciente para o Hopi Hari, junto com as medicações que ela mesmo administrou. “Até hoje lembramos, nos tornamos amigos e mantemos a relação de médica e paciente com a família”, conta ela.
A médica, que criou uma boneca chamada
Dra. Vanessinha para acompanhar os pacientes em suas casas, acredita que a
criança, ao crescer com a visão positiva da importância e dos benefícios de
cuidar da saúde, impactará de forma promissora na saúde no futuro!
“O jeito de cuidar de cada um com carinho, mimos e atenção faz com que a consulta seja leve e descontraída, fazendo com que a criança não tenha medo e goste de estar no consultório”, se emocionam Josefa e Iracildo.
Como adquirir os livros?
Para publicar os livros, Vanessa conta com uma equipe que a ajuda na execução do projeto, com a supervisão de uma psicóloga e participação de formandos em medicina. O valor arrecadado a título de direitos autorais são doados à ACTC – Casa do Coração, instituição que abriga pacientes e familiares de todo o país que necessitam fazer tratamento em São Paulo. Para adquiri-los é necessário entra no site da editora ou da médica.
Fonte: semprefamilia.com.br