A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) confirmou que 96 brasileiros desistiram de participar do doutorado sanduíche nos Estados Unidos. Segundo a presidente da Capes, Denise Pires de Carvalho, os pesquisadores preferiram mudar o destino ou adiar a viagem devido ao clima de insegurança nas universidades norte-americanas, agravado por tensões políticas e cortes de verbas durante o governo Donald Trump.
As desistências ocorreram antes mesmo da solicitação do visto, o que indica que as decisões foram tomadas durante o planejamento acadêmico, por orientação de coordenadores brasileiros e americanos. Denise explicou que o programa de doutorado sanduíche no exterior concede bolsas para parte do curso em outro país, com pagamentos iniciando entre julho e agosto para viagens em setembro.
A Capes não impôs restrições oficiais ao envio de bolsistas aos EUA, mas reconhece a redução de vagas disponíveis: de 880 bolsas no ano passado para apenas 350 em 2025. Denise recomendou que estudantes tenham um plano alternativo e considerem outros destinos para evitar prejuízos às pesquisas.
Ela também ressaltou que, historicamente, os EUA são o principal destino de brasileiros, mas há incentivo para diversificar parcerias, incluindo países europeus e do Brics. Nos últimos dez anos, foram cerca de 9 mil bolsas para os EUA, contra 49 para a China e 84 para a África do Sul.
No âmbito estadual, o presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), Márcio de Araújo Pereira, afirmou não haver dados formais sobre impacto nas bolsas para os EUA, mas destacou conversas com países da União Europeia e o Reino Unido para ampliar parcerias. Ele garantiu que não há intenção de romper relações com os Estados Unidos, ressaltando a importância de manter colaborações científicas.
Apesar do cenário incerto, Nathalia Bustamante, da Fundação Lemann, defendeu a continuidade de brasileiros em universidades norte-americanas, destacando o valor de formar lideranças diversas e qualificadas no exterior. A Fundação já concedeu 840 bolsas para brasileiros, sendo 760 delas nos EUA, reforçando o compromisso em manter o apoio aos estudantes mesmo com as mudanças políticas recentes.
Fonte: cenariomt
