Filho e neto de produtores, nascido no interior de São Paulo e com breve passagem pela Inglaterra, até chegar em Mato Grosso e encontrar na produção de flores, em especial a Primavera, a atividade ideal e mais rentável para a sua realidade. Em apenas um hectare dedicado à floricultura, o produtor Aparecido Valdomiro Massarotto, de 70 anos, consegue registrar um faturamento mensal que gira em torno de R$ 6 mil.
De temperos as ervas medicinais… de pendentes a folhagens… de Orquídeas a Primaveras. Quem visita a chácara Massarotto 2 em Tangará da Serra encontra uma variedade incontável de plantas e um simpático anfitrião disposto a passar horas às apresentando cada uma delas.
‘Seo’ Miro, como é conhecido, é um exemplo de resiliência no campo. Desde que se reencontrou com o mundo rural, batalhou para permanecer nele, sem ter medo de mudar o rumo dos negócios sempre que fosse preciso.
A chácara ainda preserva marcas do passado. Um passado, que antes da chegada das flores, viu dela saírem abacaxis, maracujás, goiabas, tomates cerejas, frango de corte, porco caipira, gado em semi-confinamento, cuja a área de 2,5 hectares de pastagem hoje é arrendada, jiló, berinjela, entre tantas atividades.

A transição para as flores, segundo o ‘seo’ Miro, teve início com a revenda de Orquídeas que comprava em Cuiabá e comercializava em Tangará da Serra. Ele conta ao Senar Transforma desta semana que fazia arranjos com elas e aos poucos começou a cultivar outras plantas, como as samambaias e as jiboias.
“Então envolveu tudo junto e nesse monte de coisa foi surgindo a Primavera. Comecei entrando devagarzinho com as flores, evoluindo e parando com as outras partes”.
Ajuda com alinhamento
A chegada do Senar Mato Grosso, por meio do programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Floricultura, com o técnico de campo Henrique Machado de Oliveira, é vista com bons olhos pelo produtor rural. Por sinal, a ideia de cultivar Primavera foi do técnico, que relata ter visto um produtor meio duvidoso com a sugestão até o momento em que viu ganhar R$ 100 por uma muda.
Nas primeiras visitas da Chácara Massarotto 2 foi realizado um diagnóstico do local, conforme Henrique. Na ocasião, foi observado que a receita principal vinha do tomate cereja e de algumas ervas aromáticas, além de plantas pendentes e da revenda de Orquídeas.

Após o diagnóstico, eles entraram com o planejamento de diversificação de plantas de maior valor agregado.
Ao programa do Dia de Ajudar Mato Grosso, o técnico de campo do Senar Mato Grosso frisa que o processo de mudança de foco da propriedade “veio gradativamente ao pouco recurso para estar investindo”.
“Foi através da Primavera, que ele conseguiu vender, num porte bom, por R$ 100 [a virada de chave]. Logo após, na próxima visita, ele mencionou que para fazer R$ 100 com tomatinho cereja tinha que ficar muito tempo agachado, no sol. Então, além de dar um valor agregado, [as flores] traz um pouco de qualidade de vida no trabalho no campo para o produtor”.
Conforme ‘seo’ Miro, cada dia “é um aprendizado que vem vindo”, um encaixe de orientações do técnico de campo com o seu trabalho que “tem dado certo e está indo bem”.

Portfólio de flores e plantas em ampliação
As mudas da Primavera, de acordo com ‘seo’ Miro, são comercializadas entre R$ 50 e R$ 80. Ele comenta que para ganhar R$ 80 com a venda de tomate cereja, teria que colher 10 quilos do fruto. “Então tem diferença”.
Questionado sobre a rentabilidade, o produtor relata que consegue tirar de R$ 4 mil a R$ 5 mil por mês com a venda das flores e plantas.
“Quando tem tempo bom, mês de agosto, setembro, outubro, que é o tempo da florada grande, nós tivemos mês de chegar a R$ 6 mil com as flores. Para mim e a minha esposa, é a melhor coisa de uns anos para cá”, diz o produtor, principalmente pela qualidade de vida.
Além da mudança de foco da propriedade, o produtor passou a fazer a parte de gestão. Com o caderno do Senar Mato Grosso em mãos ou o aplicativo Conecta Produtor, explica o técnico de campo Henrique, ‘seo’ Miro consegue saber tanto a receita e despesas quanto às recomendações a serem seguidas.
“O ‘seo’ Miro segue à risca o que é passado para ele e o que não é passado. Ele é curioso, busca informações, tendências para trazer novidades aqui para o viveiro dele”.

E falando em novidades, em breve o portfólio de flores e plantas do ‘seo’ Miro terá novas companhias. O produtor e o técnico de campo já programam novos capítulos para a história da Chácara Massarotto 2. As mudas de palmeiras, que estão sendo feitas, vão diversificar ainda mais o portfólio e ampliar a rentabilidade.
“Vai completar ainda mais, porque uma palmeira estando com um 1,2 metro é palmeira de R$ 250, R$ 300. E a gente num pequeno espaço deve ter umas 300 mudas. Estamos esperando um futuro bom na frente com as palmeiras também”.
Por enquanto o foco está na produção das mudas. O sinal verde para o início das vendas das palmeiras ainda depende da certificação no registro nacional de sementes e mudas, o Renasem, que o técnico de campo do Senar Mato Grosso já deu início ao processo de documentação.
“Aqui nessa propriedade a virada de chave foi a Primavera. Agora que ele está num nível mais avançado, estamos buscando diversificar de novo. Trazer plantas com maior valor agregado. E um fato interessante, ao contrário de outras cadeias, é que se eu levar essa planta para comercializar e eu não conseguir, eu voltar para a minha propriedade com ela, ao invés de perder e desvalorizar, ela vai continuar crescendo e valorizando. Uma palmeira de um 1,5 metro pode chegar a R$ 500, R$ 600”, comenta o técnico de campo ao Dia de Ajudar Mato Grosso.

Tangará da Serra, exemplo em produção de flores
Tangará da Serra é considerada exemplo em Mato Grosso na pesquisa e produção de flores e plantas. A ATeG Floricultura hoje está em sua segunda turma, com 29 produtores sendo atendidos.
O técnico de campo do Senar Mato Grosso comenta que a produção no município é variada, desde flores tropicais à vasos e também folhagens.
“Tem bastante variedade aqui na nossa cidade. O pessoal está acreditando, está apostando, se dedicando e conseguindo um retorno viável para se manter através da floricultura. A maioria faz feira, como o ‘seo’ Miro, participando dos eventos do Senar ou que o município desenvolve. E, muitos também pela parte digital, através das redes sociais”, diz Henrique.
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Fonte: canalrural