Você já assistiu a algum filme no qual a personagem cai no sono do nada? A representação, muitas vezes tratada comicamente, na verdade, é uma doença chamada narcolepsia, que causa sono excessivo. O quadro é grave, porém de baixa incidência — entre 0,01% e 0,04% da população, conforme explica a neurologista Dalva Pyares, pesquisadora do Instituto do Sono e professora Livre Docente da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
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O que é a narcolepsia?
A pessoa com narcolepsia sente mais sonolência diurna do que o normal, apresentando períodos incontroláveis de sono durante as horas em que, geralmente, estaria acordada. Não se sabe ao certo qual é a causa desse distúrbio.
Algumas teorias acreditam que a narcolepsia é um quadro autoimune – o corpo ataca as células do cérebro. Outras indicam que fatores ambientais podem estar relacionados à doença. “Além disso, a prevalência varia de acordo com a etnia do indivíduo, então, em algumas regiões, ela pode ser mais frequente e entre outras, bastante rara”, considera Pyares.
Tipos de narcolepsia
A narcolepsia é dividida em dois tipos de acordo com suas manifestações. No geral, os sintomas são os mesmos, o que muda é a presença ou não de cataplexia: “uma perda do tônus, ou seja, a pessoa perde um pouco a força no momento em que tem uma emoção, especialmente ao dar uma risada ou tomar um susto”, considera a neurologista.
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No tipo 1, o paciente apresenta cataplexia, causada pela diminuição dos neurônios hipocretinérgicos, no hipotálamo lateral do cérebro. No tipo 2, essa atonia muscular não está presente e os níveis de hipocretina são normais. Já os sintomas comuns entre os dois tipos são:
- Alucinações hipnagógicas: os sonhos parecem reais.
- Alucinações hipnopômpicas: a sensação de ver formas realistas um pouco antes de acordar, às vezes, associadas à paralisia do sono.
- Paralisia do sono: a sensação de acordar e não conseguir se movimentar.
- Sono noturno fragmentado: a pessoa desperta várias vezes durante a noite.
- Sonolência diurna excessiva: o sintoma mais famoso, que pode causar momentos de sono ao longo do dia, em frequência e duração variadas, ou seja, podem durar minutos ou horas e acontecer muitas ou poucas vezes ao dia.
Os sintomas listados causam uma série de problemas no dia a dia da pessoa. Por exemplo, interfere na produtividade, concentração, relacionamentos e qualidade de vida. Outro fator importante é a possibilidade de lesão física, já que não há controle dos sintomas, o que pode causar acidentes, como o risco de cair no sono enquanto dirige.
Diagnóstico de narcolepsia
Normalmente, os ataques de sono ao longo do dia (cataplexia) levam o paciente ao médico. Isso porque os sintomas costumam assustar. O ideal é procurar um especialista do sono – uma subespecialização de neurologistas, pneumologistas, otorrinolaringologistas, entre outras especialidades.
Segundo Dalva, “quando o paciente chega ao consultório, investigamos sua história clínica e realizamos o exame do sono para afastar outros distúrbios: uma apneia do sono grave, por exemplo, pode ser confundida com a narcolepsia”.
O “exame do sono” é a polissonografia. O paciente precisa dormir no hospital ou clínica. Enquanto dorme, seus sinais vitais são monitorados, como os batimentos cardíacos, a respiração, as ondas cerebrais etc. Assim, “mede-se de uma maneira objetiva a habilidade da pessoa de dormir ao longo do dia em várias situações”.
O médico também pode aplicar um teste de latência múltipla do sono. Esse teste é usado para medir se a pessoa tem episódios de sono REM (a fase mais profunda do sono) durante o dia. Segundo a neurologista, “isso pode sugerir diagnóstico de narcolepsia”.
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Tratamento para narcolepsia
Uma vez que a narcolepsia é diagnosticada, o principal tratamento é o medicamentoso, com remédios que ajudam na manutenção da vigília ao longo do dia. “Existem uma série de fármacos indicados conforme as diretrizes médicas”, explica Dalva.
No dia a dia, o paciente pode adotar a medida de cochilos programados, isto é, programar sonecas de menos de 30 minutos em momentos estratégicos. Vale lembrar que as medidas para melhor o sono a noite nem sempre interferem na narcolepsia, pois a sonolência ocorre mesmo que a pessoa tenha dormido bem.
Dicas para viver com a narcolepsia
O primeiro passo para viver com a narcolepsia é consultar um especialista do sono. Com o acompanhamento profissional, é possível recuperar a qualidade de vida. Além de seguir as recomendações médicas, hábitos cotidianos são essenciais para garantir o bem-estar da pessoa. Entre eles:
- Rotina regular de sono: tente dormir e acordar nos mesmos horários todos os dias, incluindo fins de semana. Isso ajuda a regular o ciclo de sono-vigília.
- Evite estimulantes antes de dormir: limite o consumo de cafeína, nicotina e álcool, pois os estimulantes interferem na qualidade do sono.
- Crie um ambiente propício ao sono: para um descanso reparador, deixe o quarto sempre confortável, organizado, tranquilo e escuro.
- Pratique higiene do sono: a higiene do sono consiste em adotar estratégias para melhorar a qualidade do descanso, por exemplo, antes de dormir, ter uma rotina relaxante, tomar um banho quente, ler um livro ou ouvir música suave.
- Faça atividades físicas: o exercício regular ajuda a melhorar a qualidade do sono e a reduzir a sonolência diurna.
- Busque apoio e educação: procure grupos de apoio ou organizações sobre narcolepsia. Nesses espaços, você pode compartilhar experiências e aprender com outras pessoas que vivenciam a mesma condição.
- Converse com familiares, amigos e colegas de trabalho: explique o que é narcolepsia para as pessoas que fazem parte do seu cotidiano e, quando necessário, peça apoio.
Como visto, a narcolepsia é uma doença rara que interfere na vida cotidiana da pessoa. Além dela, outros fatores podem desregular o sono, como a depressão e o estresse. Por isso, é importante procurar um especialista. O diagnóstico é o primeiro passo para entender o que está acontecendo e começar um tratamento adequado.
Fonte: dicasdemulher