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Ciência & Saúde

Já ouviu falar em adenomiose? Conheça quadro comum e pouco diagnosticado

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Já ouviu falar em adenomiose? Podemos chamá-la de prima menos famosa da , já que também consiste na aparecimento de tecido endometrial fora da parte interna do útero, com alta prevalência na população. Saiba mais sobre a doença:

O que é a adenomiose

Segundo a ginecologista Lidia Myung, mestre em Endometriose Profunda pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e pós-graduada em Medicina Integrativa pelo Hospital Albert Einstein, “adenomiose é uma condição muito comum que afeta mulheres, em que a camada interna do útero que menstrua todos os meses, ou seja, o endométrio, infiltra a parede do útero”.

Conforme estudos, estima-se que esse quadro acometa entre 30% e 60% das mulheres em idade reprodutiva no Brasil e no mundo. Existem dois tipos de adenomiose:

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  • Focal: em que o tecido endometrial causa nódulos bem localizados em alguma parte específica do útero;
  • Difusa: em que a lesão está bem espalhada, acometendo quase todo o miometrio (ou seja, a parede uterina).

Normalmente, a adenomiose é mais comum em mulheres que tiveram menos filhos, possuam histórico familiar da doença ou tenham tido uma maior exposição ao hormônio , o que costuma acontecer em casos de obesidade, síndrome metabólica ou .

3 sintomas da adenomiose

A adenomiose é uma doença de difícil diagnóstico, porque seus sintomas costumam ser confundidos com outras situações. O tecido endometrial costuma sofrer alterações ao longo do , se espessando durante a fase de e sangrando quando não ocorre a fecundação do óvulo feminino. Esse ciclo se relaciona com os sintomas, que são, conforme as explicações de Myung:

  • Piora das cólicas menstruais: a camada do útero que menstrua infiltra a parede muscular do útero, causando um processo inflamatório e dores justamente devido a esse quadro infiltrativo;
  • Inchaço abdominal: todo e qualquer processo inflamatório que acontece no abdômen provoca distensão da região, devido a uma reação natural das alças intestinais de reagir dessa maneira frente a processos inflamatórios no abdômen e na pelve;
  • Aumento do fluxo menstrual: a já citada infiltração do tecido que menstrua redução da competência da musculatura uterina de estancar o sangramento menstrual;

No entanto, existem pacientes que não apresentam também quaisquer sintomas. “Em estágios iniciais pode ser pouco sintomático ou se a mulher estiver em uso de algum método hormonal que mascara os sintomas”, explica a ginecologista.

Complicações da adenomiose

Apesar de assintomática em algumas pacientes, seus sintomas não são a pior consequência da adenomiose. É muito comum que esse quadro esteja relacionado à ou à dificuldade em engravidar naturalmente, devido à inflamação causada na região uterina.

Por conta disso, é normal que mulheres com esse problema precisem buscar ajuda médica para conseguirem ser mães, precisando se submeter a tratamentos como a .

Outra complicação comum da adenomiose é a , que está associada, principalmente, a alta perda de sangue durante a menstruação dessas mulheres. Esse quadro se reflete na redução do ferro presente no sangue, trazendo sintomas que se refletem na diminuição do ânimo, da produtividade, da capacidade de aprendizado e palidez. É importante que isso seja tratado assim que diagnosticado, com suplementação desse micronutriente.

Algumas pessoas costumam também associar a adenomiose ao desenvolvimento de cânceres ginecológicos. Não há estudos que comprovem essa relação, no entanto, Myung não descarta essa possibilidade. “Estudos médicos na atualidade não fazem essa associação causal. Porém sabemos que todas as doenças incluindo os cânceres têm fundo inflamatório e imunológico envolvidos, assim como na adenomiose”, explica a ginecologista.

Existem pacientes que também relacionam o quadro à dores durante as relações sexuais. De acordo com Myung, a associação não é direta, mas pode acontecer devido à relação entre a adenomiose e a endometriose e também pelo processo inflamatório na região da pelve.

Diagnóstico da adenomiose

O diagnóstico e tratamento da adenomiose é muito importante, já que quando não observada, ela traz uma grande diminuição na qualidade de vida da mulher, tanto devido aos sintomas já relatados, quanto devido à anemia, que pode até trazer riscos à saúde a longo prazo.

Antes de falar sobre as formas de tratamento, é importante explicar como se dá o diagnóstico do quadro. É preciso primeiro que o médico relacione as queixas da paciente com essa possibilidade. Isso feito, a detecção pode ser feita via exames de imagem não invasivos como a ultrassonografia e a ressonância magnética. “Porém muitos fatores influenciam na pior ou melhor chance de conseguir diagnosticar”, explica Myung, que enumera: “a experiência do médico radiologista, se a mulher está sob uso de método hormonal que pode mascarar a adenomiose, e dependendo da fase do ciclo menstrual em que realiza o exame”.

Normalmente, o diagnóstico mais certeiro ocorre quando é feito o tratamento definitivo, que é a retirada do útero e então a análise de seu tecido. No entanto, essa opção de tratamento nem sempre é a primeira.

Como tratar a adenomiose?

Como explicamos anteriormente, o único tratamento definitivo para a adenomiose é a chamada , ou seja, a retirada do útero. Que pode ser uma opção para mulheres com o quadro mais avançado e difuso e que não desejam ser mães biologicamente.

Normalmente, o tratamento para quem quer manter o órgão é o uso de método hormonal, ou seja, anticoncepcionais, que pode reduzir os sintomas de cólicas e sangramentos da paciente. “Utilizamos também medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios para reduzir a dor e o fluxo”, completa Myung. A junção de ambos os fármacos costuma ser mais eficaz.

Myung ainda reforça que é importante aliar esses tratamento alopáticos com algumas práticas da medicina integrativa: “como alimentação anti-inflamatória, , sono de qualidade e redução do estresse”, lista a especialista.

Quando falamos em opções cirúrgicas de tratamento, a remoção completa do útero não é a única opção. Existem opções de cirurgias minimamente invasivas. “A ablação endometrial feita por histeroscopia pode ser oferecida às pacientes que não desejam a retirada de útero e o tratamento hormonal, porém devem ser esclarecidos os efeitos colaterais a longo prazo, como formação de cicatrizes uterinas, fazendo com que a paciente não melhore a dor”, alerta a ginecologista.

Normalmente, essas opções minimamente invasivas são mais usadas em casos de adenomiose focal, em que os pontos de tecido endometrial na parede uterina são mais específicos e menos espalhados pelo órgão.

Adenomiose X Endometriose

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Tanto a adenomiose quanto a endometriose são quadros em que o tecido endometrial se propaga para locais do organismo em que ele não deveria estar: no primeiro caso, dentro da parede uterina, e no segundo casos em diversos locais fora do útero, como os ovários, intestino, cavidade abdominal e muitos outros. Ambas são difíceis de serem diagnosticadas em exames de imagem, explica Myung; por isso, é difícil saber o quanto ambas ocorrem simultaneamente. “Mas pesquisas médicas mostram a coexistência desses quadros entre 50% a 70% dos casos”, esclarece a especialista.

Ambos os quadros são graves, embora de formas diferentes. “A endometriose pode provocar obstruções, por exemplo, acometimento de funcionamento de nervos, já a adenomiose causa a anemia profunda”, diferencia Myung. Ambas também estão relacionadas à infertilidade e pedem diagnóstico e tratamento rápidos, mas nem sempre isso ocorre.

Outra doença que afeta mulheres em idade reprodutiva é a síndrome do . Atente-se aos sintomas e procure um médico especialista para te acompanhar no diagnóstico e tratamentos mais adequados para cada quadro.

As informações contidas nesta página têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.

Fonte: dicasdemulher

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