📝RESUMO DA MATÉRIA

  • Os laticínios oferecem nutrientes essenciais como cálcio, vitamina K2, vitaminas B, proteínas e probióticos, incluindo o ácido pentadecanóico, conhecido por seus efeitos benéficos no metabolismo.
  • O consumo de laticínios pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares, derrame, hipertensão, diabetes tipo 2 e cáries, além de promover a saúde óssea e o suporte do microbioma intestinal.
  • A intolerância aos laticínios é comum, mas entender a diferença entre as proteínas beta-caseína A1 e A2 nos laticínios pode ajudar aqueles com sensibilidade a se beneficiarem dos laticínios sem efeitos adversos.
  • A variante beta-caseína A1 pode causar problemas digestivos devido ao seu produto de degradação, o BCM7. Enquanto a beta-caseína A2 pode ser mais fácil de digerir e menos propensa a causar desconforto gastrointestinal.
  • A mudança para laticínios A2 demonstrou benefícios potenciais, incluindo redução da dor abdominal e inflamação, e melhor tolerância à lactose em alguns estudos, mesmo para aqueles sem diagnóstico de intolerância à lactose.

🩺Por Dr. Mercola

Laticínios são superalimentos! Eles fornecem uma variedade de vitaminas, minerais e outros compostos essenciais que promovem a saúde, incluindo cálcio, vitamina K2, vitaminas B, proteínas, probióticos que auxiliam o intestino e gorduras saudáveis, incluindo a gordura saturada de cadeia ímpar ácido pentadecanóico (C15:0), que alguns pesquisadores agora consideram um ácido graxo “essencial” com efeitos metabólicos benéficos.

Esse alimento rico em nutrientes promove a saúde geral de várias maneiras, e o consumo de laticínios tem sido associado a:

  • Redução do risco de doenças cardiovasculares, derrame e hipertensão.
  • Melhoria da saúde metabólica e redução do risco de diabetes tipo 2.
  • Redução do risco de cáries dentárias e melhoria da saúde óssea.
  • Melhoria da saúde intestinal, já que os probióticos presentes em laticínios crus, queijo cru e produtos lácteos fermentados, como iogurte e kefir, podem ajudar a manter um microbioma intestinal saudável.

Compreendendo a sensibilidade aos laticínios

A intolerância e a sensibilidade aos laticínios são problemas cada vez mais comuns, afetando milhões de pessoas e levando muitos a evitar os laticínios por completo. (O que leva à perda de nutrientes vitais e benefícios à saúde).

Mas e se houvesse uma maneira para que aqueles com dificuldades em consumir laticínios ainda pudessem aproveitar os benefícios superalimentares do leite, queijo e iogurte? A resposta pode estar em entender a distinção entre as variantes A1 e A2 da proteína beta-caseína encontrada em produtos lácteos.

Os laticínios contêm dois tipos principais de proteína: caseína (que compõe cerca de 80% da proteína total) e soro (cerca de 20%).

A proteína caseína: Benefícios e variantes

Das duas principais frações de proteína do leite, a porção de caseína oferece mais benefícios. Foi demonstrado que a caseína melhora o metabolismo, protege contra o estresse e reduz a absorção de triptofano.

De acordo com o Dr. Ray Peat: “A principal proteína do leite, a caseína, parece ter alguns efeitos antiestresse diretos”. Em específico, pesquisas mostram que a caseína pode ajudar a prevenir o estresse agudo ao proteger a atividade adrenocortical e a produção de cortisol.

A caseína também pode influenciar as vias metabólicas do triptofano, aumentando sua conversão em niacinamida (o que é benéfico) e reduzindo a disponibilidade de triptofano livre no corpo. Ao contrário da crença popular, a serotonina não é o “hormônio da felicidade” que tanto desejamos.

Dentro da fração de caseína, existem vários subtipos, incluindo alfa-caseína, beta-caseína e kappa-caseína. A beta-caseína é a forma dominante, compreendendo cerca de 40% da proteína total do leite.

É importante ressaltar que há duas variantes principais da proteína beta-caseína: A1 e A2. A diferença entre as duas se resume a um único aminoácido na sequência de 209 aminoácidos que compõem a cadeia polipeptídica da beta-caseína. Na variante A1, o aminoácido na posição 67 é a histidina. Na variante A2, é a prolina.

Impacto digestivo da beta-caseína A1 e A2

Isso pode parecer uma mudança pequena, mas pode ter implicações substanciais na forma como a beta-caseína é quebrada durante a digestão. A prolina, encontrada na variante A2, cria uma ligação forte que torna a proteína mais difícil de ser quebrada naquele local. A histidina, encontrada na variante A1, forma uma ligação mais fraca, permitindo que a beta-caseína seja clivada mais facilmente naquele local.

Quando a beta-caseína A1 é quebrada, ela pode liberar um peptídeo chamado beta-casomorfina-7 (BCM7). Alguns indivíduos podem ter mais dificuldade para digerir e eliminar esse peptídeo BCM7 por completo, o que pode causar problemas gastrointestinais e outros efeitos indesejados.

Em contraste, a beta-caseína A2 não se quebra de forma a liberar BCM7, o que pode facilitar sua digestão para muitas pessoas. É aqui que a distinção entre A1 e A2 se torna relevante para aqueles com sensibilidade aos laticínios.

A1 vs A2: Fonte e pesquisa

Então, de onde vêm essas diferentes variantes de beta-caseína? Depende muito da raça do animal leiteiro.

A grande maioria do leite de vaca produzido de forma comercial em muitas partes do mundo contém mais da variante beta-caseína A1. Isso ocorre porque a maioria das raças modernas de vacas leiteiras, como a Holstein, a Frísia e a Jersey, produzem mais beta-caseína A1.

Por outro lado, laticínios de cabras, ovelhas, búfalos e certas raças de vacas tradicionais, como Guernsey e algumas raças Jersey, tendem a conter apenas a variante beta-caseína A2. O leite materno humano também contém apenas a forma A2.

Isso significa que indivíduos que têm dificuldade em tolerar leite de vaca comum e produtos lácteos podem se sair melhor com fontes de laticínios A2.

Há um número crescente de pesquisas explorando as potenciais diferenças de saúde e digestibilidade entre laticínios A1 e A2. Vários estudos descobriram que a troca do leite de vaca comum (contendo beta-caseína A1 e A2) por leite contendo apenas a variante A2, pode levar a melhorias nos sintomas gastrointestinais e no bem-estar geral.

Por exemplo, um estudo randomizado, duplo-cego e cruzado de 2017, publicado na European Journal of Clinical Nutrition, analisou os efeitos da beta-caseína A1 e A2 nos sintomas digestivos. Os pesquisadores fizeram com que 41 adultos saudáveis consumissem leite contendo beta-caseína A1 ou A2 por duas semanas, com um período de intervalo de duas semanas entre os dois.

Os resultados mostraram que os participantes sentiram bem menos dor abdominal, inchaço e constipação ao consumir o leite A2 em comparação com o leite A1. E aqueles que se autodenominaram intolerantes à lactose também relataram melhor tolerância ao consumir o leite A2.

Outro estudo publicado em 2019 na Nutrition Journal, examinou o impacto da beta-caseína A1 e A2 na inflamação intestinal. Pesquisadores fizeram com que 600 adultos saudáveis consumissem leite A1 ou A2 por duas semanas. Eles descobriram que o leite A2 levou à redução de marcadores de inflamação intestinal em comparação ao leite A1.

Explorando alternativas aos laticínios

Um artigo de revisão publicado em 2020 na revista Nutrients resumiu as evidências sobre laticínios A1 e A2, concluindo que “consumir leite de vaca contendo A2, em vez de A1, resulta em uma melhora geral do estado gastrointestinal e redução do desconforto intestinal causado pelo leite”.

Os autores observaram que é provável que o mecanismo tenha a ver com a formação de BCM7 a partir da beta-caseína A1, que “pode ser um contribuinte significativo para os sintomas gastrointestinais relatados associados ao consumo de leite bovino convencional”.

É importante ressaltar que a pesquisa sugere que esses benefícios podem se estender além daqueles com intolerância à lactose diagnosticada ou outras sensibilidades evidentes aos laticínios. Mesmo indivíduos que não apresentam problemas digestivos óbvios devido aos laticínios, podem descobrir que os laticínios A2 são mais fáceis de serem tolerados.

É claro que as respostas individuais podem variar. Nem todas as pessoas com problemas com laticínios podem sentir o mesmo grau de alívio ao mudar para laticínios A2. Fatores além da distinção entre beta-caseína A1 e A2 também podem desempenhar um papel na digestibilidade dos laticínios. Por exemplo, a intolerância à lactose, que decorre de uma deficiência na enzima lactase necessária para quebrar a lactose, é um problema bem conhecido por muitos.

No entanto, tratar quaisquer problemas subjacentes de saúde intestinal ou metabólicos, pode desempenhar um papel fundamental no aumento da tolerância aos laticínios ao longo do tempo.

Um exemplo é que a intolerância à lactose pode, muitas vezes, ser melhorada ao longo do tempo, à medida que a saúde intestinal e a função metabólica são otimizadas. Pesquisas sugerem que a intolerância à lactose pode estar ligada a condições como o crescimento excessivo de bactérias no intestino delgado (SIBO), que pode prejudicar a capacidade do corpo de digerir a lactose de forma adequada. Ao abordar esses desequilíbrios subjacentes, muitas pessoas descobrem que podem reintroduzir laticínios em suas dietas aos poucos.

Além disso, algumas pessoas podem ter dificuldade para digerir produtos lácteos que contenham coalho microbiano, um coagulante alternativo usado na fabricação de queijos, em comparação ao coalho animal tradicional. Mais de 90% do queijo norte-americano é feito usando uma versão geneticamente modificada chamada FPC (quimosina produzida por fermentação), fabricada pela Pfizer.

Existem duas preocupações principais com o FPC usado na produção de queijo: 1) toxicidade, já que vestígios de bactérias geneticamente modificadas foram encontrados nas enzimas e 2) problemas digestivos, já que o queijo pode atuar como um alérgeno e causar uma reação alérgica, problemas digestivos ou respiratórios).

Então, se você já teve problemas digestivos ou reações alérgicas a queijo, o tipo de coalho pode ter sido o problema, e não o laticínio em si!

Encontrando sua fonte ideal de laticínios

Os produtos lácteos são, sem dúvida, potências nutricionais, fornecendo uma variedade de vitaminas, minerais, proteínas e outros compostos essenciais que promovem a saúde. Para muitas pessoas, os laticínios podem e devem ser uma parte importante de uma dieta equilibrada e rica em nutrientes.

Ao entender a diferença entre a caseína A1 e A2 e experimentar diferentes fontes de laticínios, aqueles com sensibilidades podem aproveitar os benefícios dos superalimentos desse grupo alimentar.

Encontrar queijo cru de cabra ou de ovelha pode ser um ótimo começo, pois eles são produtos A2. Você também pode visitar o site www.realmilk.com para encontrar uma fazenda leiteira perto de você. Este site é útil para te conectar com as fazendas leiteiras locais. Não deixe de perguntar como eles criam seus animais, como eles são alimentados e se eles foram testados e verificados para ter A2A2.

A emoção não para por aí. A equipe da Nourish Cooperative tem trabalhado bastante para expandir aos poucos a caixa exclusiva de queijos Mercola: os queijos da mais alta qualidade que você pode encontrar, entregues direto na sua porta. As deliciosas variedades de queijo são feitas com leite A2 100% alimentado com capim, sem vacinas e com renina animal tradicional para máxima pureza.

Entre na lista de espera aqui, para que você possa ter em mãos esses irresistíveis queijos artesanais A2 à medida que expandimos nossa seleção, com mais pequenos produtores de queijo trazidos para o projeto.

Sobre a Autora

Ashley Armstrong é cofundadora da Angel Acres Egg Co., especializada em ovos com baixo teor de PUFA (gordura poli-insaturada) que são enviados para todos os 50 estados (entre na lista de espera aqui), e da Nourish Cooperative, que envia carne suína, bovina, queijo, laticínios A2 e fermento natural tradicional com baixo teor de PUFA para os 50 estados. As listas de espera serão reabertas em breve.