Teclado e mouse de formato esquisito prometem e entregam conforto, mas também têm seus poréns; leia review
O teclado Wave Keys e o mouse Lift, ambos da Logitech, chamam a atenção pela aparência: são bem diferentes dos modelos tradicionais. O Wave tem as teclas dispostas num padrão ondulado, e vem com apoio de punho integrado (mesmo: não é destacável). Já o Lift é um mouse vertical, que você segura com a mão nesse ângulo – como ao cumprimentar alguém.
Passei 15 dias testando os dois. Comecei pelo Lift, cuja sensação inicial é de estranhamento. Você mexe mais o braço, e menos o pulso, para movimentá-lo – a ideia é justamente essa. Mas isso significa que é preciso aprender novas “memórias musculares”; um pouco como usar um mouse pela primeira vez.
Passa rápido. Depois de meia hora, eu já estava acostumado; após uma hora, trabalhando com desenvoltura. É um mouse pesado (com a pilha, AA, ele tem 130 g), mas você não sente tanto isso – o ângulo da pegada faz com que ele pareça mais leve do que outros ratos de peso equivalente (como meu mouse habitual, o Logitech M720 Triathlon, de 133 g).
Por outro lado, o Lift é mais lento do que um mouse tradicional. Você demora mais tempo para levar o cursor de um ponto a outro da tela. Não adianta aumentar a velocidade do ponteiro no Windows, nem usar mousepad de alumínio; ele é naturalmente mais lento, porque o corpo leva mais tempo para mover o antebraço do que a mão.
No dia seguinte, incorporei o teclado Wave Keys à minha rotina de trabalho. Ele tem teclas anguladas para forçar você a ficar com as mãos nas posições naturais, corretas (os teclados convencionais, com suas fileiras retas, exigem a torção dos punhos). Isso, mais o descanso de punho, proporcionam uma sensação imediata de relaxamento.
Mas, para que ela se mantenha, você precisa ficar com as mãos paradas e apoiadas (não pode levantá-las e deslocá-las no ar durante a digitação, como nos teclados comuns). E isso não é tão fácil quanto parece: exige que você reaprenda a digitar, e use todos os dedos das duas mãos, inclusive os mindinhos e os polegares.
Com o passar dos dias, eu consegui fazer isso. Tive de ficar me policiando para manter as mãos apoiadas e paradas (se você não fizer isso, o Wave Keys vira um teclado comum, só que “torto”). Mas beleza.
O principal problema é que o Wave Keys é um teclado de membrana. E eu estou acostumado com outros tipos: meu teclado habitual é um Logitech MX Keys Mini, com teclas do tipo “tesoura”, que ocasionalmente alterno com um teclado mecânico (Logitech K835 TKL).
E tanto as teclas do tipo tesoura (que têm uma peça de metal sob cada tecla) quanto as mecânicas (que têm molas) são muito mais precisas e agradáveis ao tato. Depois que você se acostuma com esses teclados desses tipos, fica muito difícil voltar para um de membrana – como o Wave Keys. É uma pena que suas teclas não sejam, pelo menos, do tipo tesoura (talvez as ondulações do teclado dificultem isso).
Por isso, ao final do período de teste, acabei voltando para meu mouse e teclado normais. Senti alguma falta do conforto proporcionado pelos modelos ergonômicos, mas não muito – e ganhei velocidade e precisão.
Vale destacar um ponto: apesar de escrever muito, não tenho LER, tendinite ou outros problemas de saúde derivados. Para quem tem, o teclado e o mouse ergonômicos podem valer a pena. Mas é algo bem pessoal, cada corpo é diferente.
Então, se você estiver pensando em comprar o Wave Keys (R$ 480) ou o Lift (R$ 380), talvez o único caminho seja fazer isso e experimentar na prática – se você não gostar ou não se adaptar, o Código de Defesa do Consumidor permite a devolução de qualquer compra online em até 7 dias.
Fonte: abril