Os preços do boi gordo em Mato Grosso, estado com o maior rebanho bovino do Brasil, têm se aproximado significativamente dos valores praticados em São Paulo, tradicional referência nacional na comercialização da arroba. Segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o diferencial de base entre os dois estados vem caindo desde o fim de 2022 e atingiu, em abril de 2025, o menor patamar em oito anos.
Em abril, o Cepea registrou negócios pontuais em Mato Grosso com preços acima dos de São Paulo, embora a média mensal ainda tenha apontado uma vantagem paulista de R$ 9,50 por arroba. Esse valor representa o menor diferencial desde meados de 2017, período em que o cenário da pecuária brasileira era distinto. Para efeito de comparação, em abril de 2024, a diferença era de R$ 22,20 por arroba, com vantagem significativa para São Paulo.
Em maio, o movimento se intensificou. Dados atualizados do Cepea indicam que o boi gordo em Mato Grosso chegou a ser comercializado, em média, a R$ 12,30/@ acima dos preços paulistas, invertendo completamente a lógica de mercado registrada há um ano, quando a arroba paulista valia R$ 20,10 a mais que a mato-grossense.
De acordo com o acompanhamento do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), na quarta semana de maio de 2025, o preço médio da arroba em São Paulo foi de R$ 306,99, enquanto em Mato Grosso ficou em R$ 294,22, ambos a prazo e livres de Funrural. Isso representa um diferencial negativo de 4,16% para MT, o que reforça a tendência de convergência entre os mercados.
Apesar da valorização recente, analistas alertam para uma pressão baixista no curto prazo, motivada principalmente pela oferta aquecida de bovinos em ambas as regiões. Outro fator que pode influenciar negativamente o mercado da carne bovina é o caso de Influenza Aviária detectado no Rio Grande do Sul. O episódio pode levar a um aumento da oferta interna de carne de frango, reduzindo a competitividade da proteína bovina e, consequentemente, pressionando os preços do boi gordo para baixo.
A conjuntura atual indica maior equilíbrio entre as praças de comercialização, o que pode redefinir estratégias de escoamento, logística e precificação por parte de pecuaristas e frigoríficos. Ainda assim, o mercado segue atento aos próximos movimentos de oferta, demanda interna e exportações, que continuarão determinando o comportamento dos preços nos principais estados produtores do país.
Fonte: cenariomt