A logística do transporte de grãos em Mato Grosso voltou a ser pressionada por fatores climáticos e operacionais, elevando os preços dos fretes rodoviários na última semana. O terminal de Miritituba, no Pará, um dos principais pontos de escoamento da safra mato-grossense via Arco Norte, enfrenta severos congestionamentos. O acúmulo de caminhões na região foi intensificado pelas chuvas persistentes, que não apenas dificultaram o tráfego e o acesso aos portos, como também atrasaram o retorno dos veículos, reduzindo a oferta de transporte disponível no estado.
De acordo com os dados mais recentes, as rotas entre Campo Verde (MT) e Rondonópolis (MT), além de Canarana (MT) para São Simão (GO), registraram aumentos de 2,03% e 2,97%, respectivamente. Os valores por tonelada atingiram R$ 76,52 e R$ 219,07. Embora percentualmente pareçam variações modestas, no volume transportado por grandes produtores ou cooperativas, esses acréscimos geram impacto direto na rentabilidade.
O encarecimento dos fretes ocorre justamente em um momento delicado para o agronegócio, quando a comercialização da safra ainda enfrenta desafios relacionados aos preços internacionais e ao câmbio. O aumento nos custos logísticos pressiona a margem dos produtores, que já lidam com a volatilidade de preços da soja e do milho e com o custo elevado de insumos.
Além disso, especialistas alertam que esse tipo de gargalo revela a urgência de investimentos contínuos em infraestrutura rodoviária e portuária. Miritituba, por exemplo, embora estratégico, ainda carece de maior capacidade de escoamento e estrutura de apoio para lidar com o intenso fluxo da colheita. Sem essas melhorias, o sistema de transporte permanece vulnerável a condições climáticas adversas, como as registradas nas últimas semanas.
A tendência, segundo agentes do setor, é que os fretes continuem em patamar elevado até que a situação em Miritituba se normalize. Enquanto isso, produtores e transportadoras buscam alternativas logísticas, embora poucas rotas ofereçam a mesma eficiência de custo-benefício no escoamento pelo Norte.
Esse cenário reforça, mais uma vez, a necessidade de planejamento logístico estratégico, maior integração entre os modais de transporte e a diversificação de corredores de exportação. Afinal, em um setor altamente competitivo como o agronegócio, a eficiência no transporte é tão essencial quanto a produtividade no campo.
Fonte: cenariomt
