A colheita da soja se aproxima em muitas fazendas em Mato Grosso e um velho problema mais uma vez entra em cena em algumas regiões produtoras: a falta de logística para escoar a produção. No município de Nobres, onde as lavouras do grão ocupam cerca de 50 mil hectares nesta safra, o alvo das reclamações é a MT-240.
A presença da chuva prejudicou vários trechos da via ainda não pavimentada, provocando buracos e atoleiros em vários pontos, dificultando a trafegabilidade no principal corredor de escoamento de safra de muitas propriedades da região.
A situação vivida por caminhoneiros, pelas propriedades rurais e moradores com a MT-240 em Nobres é o tema do episódio 67 do Patrulheiro Agro.
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Há seis anos o caminhoneiro Hélio Ferreira passa pela MT-240 transportando calcário. Segundo ele, se houver algum outro caminhão atolado na estrada não há como outro passar.
“As estradas devido às chuvas estão bastante precárias. O custo para manter um veículo está muito alto e devido a essa estrada esburacada é prejuízo a mais. Eu estou gastando em média uma hora e meia para poder fazer 20 quilômetros”, comenta Hélio.
MT-240 registra atoleiros diariamente
“Quatro a cinco caminhões é direto aqui”, diz João Rafael da Paixão, operador de secadora de uma propriedade rural na região. Ele conta que recentemente carregou um caminhão e o mesmo não andou 500 metros e teve de ser rebocado.
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“Está feio aqui e daqui a pouco começa a safra e como que puxa o produto num atoleiro desses. Se tiver uma emergência [médica] é perigoso ir até à óbito”, salienta João Rafael.
Produtores também amargam prejuízos
Há quase dois meses uma nova empresa assumiu a responsabilidade pela manutenção da MT-240. Contudo, de acordo com o setor produtivo, as obras de melhoria na estrada ainda não avançaram como o esperado para minimizar os prejuízos.
A situação, pontuam os produtores, preocupa quanto ao escoamento da safra de soja 2022/23 na região.
“A apreensão é muito grande. O ano passado nós já tivemos bastante problema. Caminhão atolou, deu prejuízo para o proprietário do caminhão, deu prejuízo para o lavoureiro. Pode ser pior [o cenário desta safra], porque a lavoura aumento e a safra deve se concentrar mais. Precisa de rapidez”, afirma o produtor Dejair Roberto Liu, que na safra 2021/22 acumulou um prejuízo aproximado de duas mil sacas.
Conforme o Movimento Pró-Logística, a MT-240 possui 94,7 quilômetros não pavimentados.
Wagner Scharf conta que na última temporada deixou de colher quase 60 hectares de soja por falta de condições logísticas na estrada. Ele revela que há quem não queira mais voltar na região para fazer o transporte em decorrência da situação já vista em 2022.
“Não fez nem 10% do que precisa ser feito. A estrada está muito mais baixa que as lavouras. Enquanto tiver água na estrada não existe estrada. Além do Fethab caro que a gente paga, os caminhões terceirizados para vir realizar o escoamento, por já conhecer a nossa estrada, estão querendo cobrar o dobro do que seria numa rodovia pavimentada”.
Outro lado
A reportagem do Patrulheiro Agro tentou contato com a empresa responsável pela manutenção da via, porém até o fechamento deste episódio não obteve resposta.
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Fonte: canalrural