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Como cães estão transformando o dia a dia de crianças no hospital de Sinop

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O ambiente hospitalar, marcado por procedimentos médicos e longos períodos de internação, tem se tornado mais leve para as crianças da ala pediátrica do Hospital Regional de Sinop (MT). Desde que a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em parceria com a Associação Protetora dos Animais de Sinop (APAMS), implantou o Projeto Pet Terapia, as manhãs de sexta-feira ganharam novos protagonistas: cães terapeutas treinados para oferecer afeto, companhia e estímulo às crianças internadas.

A iniciativa surgiu de uma conversa entre a Comissão de Humanização do hospital e o curso de Medicina Veterinária da UFMT, que buscavam estratégias para amenizar os impactos da hospitalização infantil. Inspirada no vínculo afetivo entre crianças e animais, a proposta passou a contar com a participação da APAMS, responsável pelo cuidado e adestramento dos cães que atuam nas visitas.

“Sempre sonhei em implementar um projeto como este, e quando a APAMS abraçou a proposta, tudo se alinhou a um propósito maior”, destaca a médica-veterinária e professora da UFMT, Geysa Almeida Viana, que coordena a iniciativa.

Benefícios que vão além do carinho

O projeto adota a Terapia Assistida por Animais (TAA), que utiliza a interação humano-animal como recurso terapêutico. Estudos apontam que esse contato contribui para a redução do estresse, melhora do humor e fortalecimento da imunidade, além de auxiliar em avanços motores e de linguagem.

No hospital, os efeitos já são visíveis: crianças que antes estavam retraídas passam a interagir com os cães, pacientes em cadeiras de rodas demonstram mais disposição para interagir e realizar exercícios ao lado dos cães e até bebês demonstram estímulos positivos. O reflexo também atinge a equipe multidisciplinar, que aproveita o entusiasmo despertado pelos animais para estimular exercícios físicos e atividades terapêuticas.

“A presença dos cães proporciona bem-estar, reduz a ansiedade e, muitas vezes, até diminui a necessidade de medicamentos”, explica Geysa.

Seleção e cuidado com os cães

Para atuar no projeto, os cães precisam ser dóceis, calmos e receptivos ao contato humano. Antes de cada visita, passam por exames de saúde, higiene e acompanhamento veterinário, além de treinamentos semanais conduzidos por adestradores. Durante as atividades, a segurança de pacientes e animais é prioridade, com protocolos rígidos de controle sanitário e supervisão técnica.

Histórias que emocionam

Entre os muitos casos que marcaram a equipe está o de Rafael Vinicius da Silva cunha, um menino que precisou amputar os dois pés e encontrou no cão Mascote (que também havia perdido uma pata traseira) inspiração para superar seus medos. A identificação entre os dois transformou a maneira como Rafael passou a encarar sua condição.

“Ver essa conexão foi de arrepiar. O Mascote mostrou ao Rafael que era possível ser feliz mesmo com limitações. Isso mudou completamente a forma como ele enxergava a própria realidade”, conta Geysa.

A mãe de Rafael, Jamile Adriele da Silva Cunha, contou como a interação do filho com o cão Mascote foi transformadora. “Ele se identificou muito com o Mascote, que também não tem uma patinha. Meu filho viu no cachorrinho uma inspiração: percebeu que, apesar das limitações, ele podia ser feliz e ativo”, relatou Jamile.

Segundo ela, a visita dos cães terapeutas foi essencial para que Rafael se motivasse e participasse das atividades no hospital. “Ele até pediu para tirar uma foto com o Mascote, porque se reconheceu nele. Foi um momento cheio de emoção e estímulo para ele”, acrescentou.

Além do hospital: impacto nas adoções

O projeto também tem reflexo fora do ambiente hospitalar. Desde o início, mais de 20 cães terapeutas da APAMS foram adotados por famílias que se encantaram com o trabalho dos animais. Um exemplo é o da cadelinha Mariana, que conquistou o coração de um paciente e hoje faz parte da família dele.

Segundo Geysa, “o projeto também desperta nas pessoas a consciência sobre a adoção responsável, mostrando que animais resgatados podem ser excelentes companheiros”.

Perspectivas de expansão

Atualmente, as ações estão consolidadas na pediatria do hospital, mas a equipe estuda levar a iniciativa para orfanatos e instituições de longa permanência para idosos. A expansão, contudo, depende de análises técnicas para adaptar o perfil dos animais e as atividades às necessidades de cada público.

Enquanto isso, todas as sextas-feiras, às 9h, o solário (lugar adaptado para banhos de sol) da pediatria de Sinop continua sendo cenário de encontros entre crianças e cães. Momentos que, mais do que humanizar o atendimento, trazem esperança, força e sorrisos a quem enfrenta a difícil rotina de um hospital.

Fonte: primeirapagina

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