A Câmara Municipal de Campo Grande pediu nomeação de novo secretário após a exoneração da então secretária de saúde Rosana Leite, anunciada na última sexta-feira (5) pela prefeita Adriane Lopes (PP). A medida, considerada drástica, veio acompanhada da criação de um comitê gestor para administrar a Saúde do município, pasta que concentra R$ 2 bilhões do orçamento municipal, equivalente a 36% das receitas da cidade.
Na manhã desta segunda-feira (8), a prefeita se reuniu com o Conselho Municipal de Saúde e também com os vereadores da Comissão de Saúde da Câmara Municipal para debater os próximos passos. O presidente da Câmara, vereador Papy (PSDB), afirmou que entendeu a decisão política de Adriane e avaliou como positivo o convite à comissão para acompanhar os trabalhos do novo comitê.
Já o presidente da Comissão de Saúde, vereador Vitor Rocha (PSDB), destacou que a reunião foi marcada por sugestões e cobranças. Segundo ele, a principal preocupação é a ausência de um secretário de saúde nomeado.
“Questionamos a prefeita e a equipe jurídica. Eles entendem que o comitê é legal, mas eu defendo que Campo Grande precisa ter um secretário de fato e de direito, mesmo que interino. É uma cidade de quase 1 milhão de habitantes, com mais de 6 mil servidores na Saúde e R$ 2 bilhões de orçamento. É essencial ter alguém à frente 24 horas pensando em soluções”, afirmou o vereador.
Rocha também elencou os principais desafios enfrentados atualmente pela rede municipal:
- Atenção básica: necessidade de reforçar e ampliar os postos de saúde, para evitar que pacientes precisem recorrer a UPAs e hospitais já sobrecarregados;
- Rede hospitalar: dificuldades de regulação de leitos, já que tanto o Hospital Regional quanto o Hospital Universitário passaram para a regulação estadual, diminuindo a autonomia da capital;
- Judicialização: alto custo de decisões judiciais obrigando o fornecimento de tratamentos, o que impacta a eficiência do sistema;
- Fila de espera: mais de 100 mil pessoas aguardam consultas, exames e cirurgias, situação que, segundo o vereador, demanda mutirões.
O vereador ressaltou como positivo o compartilhamento da gestão com a Câmara e o Conselho de Saúde, mas reiterou que a nomeação de um novo secretário ou secretária será fundamental para dar legitimidade e foco à pasta.
“Se a prefeita não nomeia alguém, ela acumula o cargo de prefeita e secretária de saúde. E isso concentra uma responsabilidade muito grande em uma única pessoa”, concluiu.
Fonte: primeirapagina