O Brasil segue com destaque nas exportações de soja para a China, consolidando-se como principal fornecedor do grão para o gigante asiático. Em junho, as importações chinesas atingiram 12,26 milhões de toneladas, das quais 10,62 milhões tiveram origem brasileira. O movimento reforça a tendência de manutenção da liderança do Brasil nas vendas externas, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos enfrentam retração na demanda e incertezas climáticas.
Analistas apontam que, mesmo com especulações sobre um possível acordo comercial entre China e EUA, o Brasil deve continuar como principal exportador até pelo menos setembro, quando começa a colheita da safra 2025/26 americana. A produção nacional, estimada em cerca de 172 milhões de toneladas, garante competitividade, e investimentos chineses em infraestrutura portuária brasileira, como em Santos, reforçam esse cenário.
“Mesmo que haja um acordo comercial, o Brasil ainda manterá prêmios firmes, com contratos de agosto negociados com bônus de até US$ 0,80 por bushel nos portos”, afirma um dos analistas. Os prêmios atuais seguem elevados: 160 pontos para setembro e 145 para outubro. Já os EUA, com oferta menor e estoques altos, registraram em junho apenas 1,58 milhão de toneladas exportadas para a China — mesmo com crescimento anual de 20%, o volume é tímido frente à demanda total chinesa.
Em contraste com o otimismo brasileiro, o mercado americano apresentou dados fracos nas exportações semanais. Segundo o USDA, foram apenas 160,9 mil toneladas vendidas da safra 2024/25, abaixo da média das últimas semanas. Para 2025/26, as vendas somaram 238,8 mil toneladas, também aquém das expectativas. A ausência da China e a presença de compradores como a Holanda reforçam o enfraquecimento da demanda pelos grãos dos EUA.
Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros de soja encerraram a quinta-feira (24) com leve alta, após três sessões consecutivas de queda. O contrato de setembro subiu 0,07%, a US$ 1005,75 por bushel, sustentado por previsões de clima mais seco nos próximos dias. Já o contrato de agosto caiu 0,15%, cotado a US$ 1004,25, próximo ao vencimento.
Mesmo com chuvas recentes beneficiando as lavouras americanas, o mercado segue atento a possíveis mudanças climáticas, que podem impactar diretamente a produtividade da próxima safra nos EUA. Outro fator que trouxe instabilidade ao mercado foi a compra incomum de 30 mil toneladas de farelo de soja argentino pela China — um movimento raro e que afetou a cotação do subproduto, que encerrou o dia em queda de 0,85%.
Enquanto isso, no Brasil, o desempenho logístico e a qualidade da produção continuam favorecendo os embarques. Especialistas avaliam que, no curto prazo, a soja brasileira seguirá liderando as exportações globais, com demanda sólida da China e prêmios valorizados, mesmo diante de possíveis mudanças no cenário político-comercial entre Pequim e Washington.
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Fonte: cenariomt