Um levantamento do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua/UFMG) revela que Cuiabá registrou 161 denúncias de violência contra pessoas em situação de rua no Disque 100 entre 2020 e 2024. Esse número coloca a capital mato-grossense na 20ª posição entre as capitais brasileiras com maior incidência desse tipo de ocorrência no período analisado.
O estudo, divulgado recentemente, aponta para um cenário preocupante em nível nacional, com um aumento da violência e violações de direitos contra essa parcela da população. No Brasil, o Disque 100, coordenado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), contabilizou 46.865 atos de violência contra pessoas em situação de rua no mesmo período.
As capitais concentram metade dessas ocorrências, sendo São Paulo (SP) a cidade com o maior número de casos (8.767), seguida por Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG) e Manaus (AM).
Em Cuiabá, um caso recente de violência contra um morador de rua ganhou destaque no início de abril, quando um procurador da Assembleia Legislativa atirou fatalmente contra um homem de 42 anos.
O levantamento nacional também traça um perfil das vítimas, mostrando que a maior parte tem entre 40 e 44 anos. A maioria dos casos de violência ocorreu em vias públicas, mas também foram registrados incidentes em serviços de abrigamento, órgãos públicos e até mesmo em estabelecimentos de saúde e centros de referência, locais que deveriam oferecer proteção.
Outros dados do OBPopRua/UFMG indicam que, em março de 2025, Mato Grosso possuía 3.566 pessoas vivendo nas ruas, com 1.563 delas concentradas em Cuiabá. Em nível nacional, o Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) registrou 335.151 pessoas em situação de rua em março de 2025, um aumento em relação a dezembro de 2024. São Paulo é o estado com a maior população de rua do país.
A análise da renda revela que a grande maioria das pessoas em situação de rua sobrevive com uma quantia inferior a um décimo do salário mínimo. Além disso, mais da metade não concluiu o ensino fundamental ou não possui instrução, sendo a maioria pessoas negras.
O OBPopRua/UFMG enfatiza que o cenário expõe a ausência ou insuficiência de políticas públicas estruturantes e o descumprimento da Constituição Federal em relação aos direitos da população em situação de rua no Brasil.
Fonte: cenariomt