📝RESUMO DA MATÉRIA

  • As taxas de fertilidade estão diminuindo de forma drástica nos países ocidentais, com o Reino Unido atingindo a sua taxa mais baixa desde 1938, com 1,44 filhos por mulher em 2023, muito abaixo do nível de reposição.
  • Os microplásticos, em particular aqueles que contêm ftalatos e outros xenoestrogênios, contribuem bastante para o declínio da fertilidade ao interromper o sistema neuroendócrino e danificar os órgãos reprodutivos.
  • Para reduzir a exposição aos microplásticos, utilize recipientes de vidro, filtre sua água, evite produtos vendidos em embalagens plásticas, escolha fibras naturais para suas roupas e nunca coloque alimentos em recipientes plásticos no micro-ondas.
  • Manter o equilíbrio adequado entre gorduras ômega-3 e ômega-6 é essencial para a fertilidade. Para apoiar a saúde reprodutiva, inclua peixes de água fria ricos em ômega-3 em sua dieta e limite a ingestão de gordura ômega-6 a menos de 5g por dia.
  • Estratégias adicionais para aumentar a fertilidade incluem minimizar a exposição a toxinas, comer alimentos orgânicos, reduzir a exposição a campos eletromagnéticos e manter hábitos de vida saudáveis, como praticar exercícios com frequência.

🩺Por Dr. Mercola

Nos Estados Unidos, casais que estão tentando ter filhos estão enfrentando dificuldades. De acordo com os Institutos Nacionais de Saúde, 9% dos homens e 11% dos americanos estão enfrentando problemas de fertilidade. E não é só os Estados Unidos que enfrenta esse problema de saúde pública. No Reino Unido, as taxas de fertilidade caíram para o nível mais baixo em décadas.

As taxas de fertilidade no Reino Unido estão diminuindo

Em um estudo publicado no BMJ, o pesquisador freelancer Matthew Limb expôs os problemas populacionais atuais em um artigo intitulado: “A taxa de fertilidade na Inglaterra e no País de Gales caiu para um recorde histórico em 2023”. Limb observou que a taxa de fertilidade atual no Reino Unido é a mais baixa desde 1938.

Utilizando dados do Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS), os resultados mostram que 591.072 crianças nasceram em 2023. Esse número é o menor número de nascimentos registrado desde 1977. Colocando em outro contexto, a taxa de fertilidade total (TFR) para 2023 foi de 1,44 filhos por mulher. Em 2022, a TFR foi de 1,49, abaixo dos 1,55 de 2021.

Esses números não são as únicas descobertas preocupantes. A idade média dos novos pais também aumentou — 33,8 anos para os pais e 30,9 para as mães, respectivamente. O grupo etário com maior redução nas taxas de natalidade foi o de adultos na faixa dos 20 anos. 

Conforme resumido por Greg Ceely, chefe de monitoramento de saúde populacional do ONS, “analisando mais detalhadamente as taxas de fertilidade entre mulheres de diferentes idades, o declínio nas taxas de fertilidade foi mais acentuado nas faixas etárias de 20 a 24 e 25 a 29 anos”.

A taxa atual de reposição populacional será insustentável

O que isso significa para o Reino Unido e outros países com baixas taxas de natalidade? Eventualmente, suas economias sofrerão. Tomemos, por exemplo, o declínio populacional acentuado que está ocorrendo no Japão. Em 2008, sua população atingiu o pico de 128 milhões, mas em 2022 caiu para 125 milhões. Se essa tendência continuar, eles terão apenas 63 milhões de pessoas em 2100.

De uma perspectiva econômica, o produto interno bruto (PIB) do país diminuirá à medida que o número de cidadãos em idade ativa diminuir. Pequenas e médias empresas no Japão já começaram a fechar porque não há sucessores. Indústrias sociais e públicas, como educação e saúde, também começaram a sofrer escassez de trabalhadores.

A única maneira de reverter o crescimento populacional para uma escala crescente é incentivar os casais a terem filhos, de preferência dois ou mais. Conforme observado pelo ONS:

“A longo prazo, para que países com baixa mortalidade mantenham ou aumentem sua população sem migração líquida positiva, a taxa de fertilidade total precisa estar em torno do nível de reposição de 2,1 filhos por mulher ou mais”.

Embora ter mais filhos possa parecer uma solução simples, os obstáculos para aumentar a família são complexos e enraizados de forma profunda em desafios socioeconômicos. Esses fatores incluem instabilidade financeira, custos exorbitantes de moradia e o alto preço dos cuidados infantis.

Para os casais que estão tentando engravidar de forma ativa, mas enfrentam dificuldades, fatores adicionais entram em jogo. Uma questão significativa, mas muitas vezes esquecida, é o uso generalizado de plásticos, que contêm substâncias quimicas desreguladoras endócrinas. Com o tempo, esses materiais também se degradam em microplásticos que se acumulam no corpo e prejudicam o sistema reprodutivo, complicando ainda mais o caminho para a paternidade.

Microplásticos são um grande fator de infertilidade

Microplásticos são pequenas partículas de plástico com menos de 5 milímetros de comprimento.  Eles vêm de várias fontes, como garrafas e sacolas plásticas, roupas sintéticas e até mesmo produtos de higiene pessoal. De acordo com um estudo publicado na Frontiers in Endocrinology, um grande contribuinte para o aumento dos problemas de infertilidade no mundo é o uso crescente de plástico:

“É importante notar que um aumento exponencial na produção global de plástico coincide com um declínio bem documentado e populacional na produção de esperma humano, que parece estar acelerando desde 2000”.

Relatórios indicam que os microplásticos acabam parando em todo o corpo. Por exemplo, um grupo de pesquisadores da Universidade do Novo México observou que microplásticos foram encontrados em órgãos como rins, fígado e cérebro, através da barreira intestinal. Como era de se esperar, os microplásticos agora também estão nos órgãos reprodutivos. Em um estudo publicado na Science of the Total Environment, pesquisadores observaram que microplásticos presentes em órgãos reprodutivos de homens e mulheres podem causar problemas de saúde:

“No sistema reprodutivo, os microplásticos interferem na barreira hemato-testicular, prejudicando a espermatogênese nos homens e causando disfunção placentária, atrofia ovariana, hiperplasia endometrial e fibrose nas mulheres. Além disso, os microplásticos podem afetar o metabolismo lipídico e as funções reprodutivas dos descendentes”.

Com base nessas descobertas, os pesquisadores acreditam que os produtos químicos que compõem os microplásticos são a razão pela qual a fertilidade é afetada, observando que “os microplásticos prejudicam o sistema neuroendócrino”. Isso ocorre porque a maioria dos microplásticos contém ftalatos que são liberados do material, levando a problemas de desregulação endócrina. Outros produtos químicos presentes nos microplásticos incluem pesticidas, produtos químicos eternos e bisfenol A.

Grande parte da razão pela qual os microplásticos afetam a fertilidade é que eles são xenoestrogênios, que imitam os efeitos do estrogênio no seu corpo. Por exemplo, os ftalatos pertencem a essa categoria e têm sido associados ao aumento de diversas doenças. Conforme observado em um estudo publicado na Healthcare:

“Estudos epidemiológicos em humanos mostraram uma associação significativa entre a exposição a ftalatos e resultados reprodutivos adversos em mulheres e homens, como diabetes tipo 2 e resistência à insulina, sobrepeso/obesidade, alergia e asma”.

Como reduzir sua exposição a microplásticos

Com base nas evidências apresentadas, fica claro que minimizar sua exposição ao plástico ajudará a proteger sua fertilidade. Existem muitas estratégias disponíveis que são fáceis de encaixar no seu estilo de vida:

Filtre a água da torneira e evite água engarrafada em plástico: Se precisar comprar água engarrafada, opte por garrafas de vidro. Além disso, certifique-se de que o filtro que você usa para purificar a água da torneira possa filtrar microplásticos.

Ferva a água dura da torneira: Se você tiver água dura da torneira, ferva-a antes de usá-la para cozinhar ou beber, pois a água dura retém mais microplásticos. Pesquisas mostram que ferver água dura da torneira por 5 minutos remove até 90% dos microplásticos presentes na água.

Evite embalagens plásticas: Opte por produtos embalados em vidro, metal ou papel. Isso reduz bastante a quantidade de plástico que entra em contato com a comida. Em casa, use papel manteiga, papel vegetal ou sacos de papel para armazenar alimentos em vez de filme plástico.

Use recipientes reutilizáveis: Substitua garrafas, copos e recipientes plásticos de uso único por alternativas reutilizáveis feitas de materiais mais seguros, como aço inoxidável ou vidro.

Nunca coloque plásticos no micro-ondas: O calor faz com que os plásticos liberem produtos químicos nos alimentos. Use recipientes de vidro ou cerâmica para micro-ondas.

Evite tábuas de corte de plástico: Em vez disso, use uma tábua de corte de madeira ou vidro.

Opte por fibras naturais: Sempre que possível, escolha roupas e outros produtos têxteis feitos de fibras naturais, como algodão orgânico, lã e linho. Tecidos sintéticos como poliéster liberam microfibras e xenoestrogênios.

Lave roupas sintéticas com menos frequência: Ao lavar tecidos sintéticos, use um filtro de microfibras na máquina de lavar para reter as fibras sintéticas e evitar que elas entrem no sistema de água.

Opte por cosméticos e produtos de cuidados pessoais de grau alimentício: Alguns cosméticos, pastas de dente e produtos de cuidados pessoais contêm microesferas ou outras partículas de plástico. Procure produtos livres desses materiais. O ideal é optar por produtos naturais e de grau alimentício.

Preste atenção à sua ingestão de ômega-6 e ômega-3

Estudos mostram que as gorduras ômega-3 ajudam a impulsionar a fertilidade. Em uma meta-análise que revisou 11 estudos, os pesquisadores notaram que “a ingestão de ômega-3 melhora as taxas de gravidez e fertilização das mulheres de forma significativa”. Em outro exemplo, a suplementação de ômega-3 teve um efeito benéfico na fertilidade masculina:

“A suplementação com ácidos graxos ômega-3 resulta na melhora da concentração de espermatozoides e da contagem total de espermatozoides móveis em homens inférteis com oligozoospermia”.

Para obter resultados ideais, concentre-se em aumentar a ingestão de ômega-3 e reduzir as gorduras ômega-6, sobretudo as de óleos vegetais. Como mencionei antes, o consumo excessivo de ácido linoleico (um tipo de gordura poli-insaturada ômega-6, ou AGPI) pode prejudicar a saúde celular e comprometer a produção de energia.

Para melhorar sua proporção de ômega-3 para ômega-6, tente manter a ingestão de ácido linoleico abaixo de 5g por dia e, de preferência, abaixo de 2g. Enquanto isso, inclua alimentos ricos em ômega-3, como peixes de água fria, em sua dieta. Excelentes opções incluem salmão selvagem do Alasca, sardinhas, anchovas, cavala e arenque. Certifique-se de escolher peixes de fontes limpas e sustentáveis para obter os melhores benefícios à saúde.

Mais estratégias para aumentar a fertilidade de maneira natural

Muitos fatores internos e externos influenciam a fertilidade masculina e feminina, mas acredito que seguir essas estratégias básicas de senso comum e hábitos de vida saudáveis ajudará a tratar a raiz da infertilidade. Aqui está um resumo das minhas recomendações:

Minimize sua exposição a produtos químicos tóxicos: Isso inclui metais pesados, desreguladores endócrinos, pesticidas e herbicidas, formaldeído, solventes orgânicos, produtos químicos de lavagem a seco e vapores de tinta. Mais uma vez, lembre-se de evitar plásticos o máximo possível.

Evite todas as vacinas, em particular as de mRNA: Se você já tomou uma ou mais vacinas contra a COVID-19, há medidas que você pode tomar para se recuperar dos danos ao seu organismo. A Front Line COVID-19 Critical Care Alliance (FLCCC) também tem um protocolo de tratamento para lesões pós-vacinação. Ele se chama I-RECOVER e você pode baixá-lo no site Covid19CriticalCare.com.

Evite beber água da torneira não filtrada: Nossos canais de água são poluídos por resíduos e subprodutos industriais com frequência.

Adote uma dieta ideal para a fertilidade: Uma dieta ótima para a fertilidade é tanto sobre o que evitar quanto sobre o que incluir. Coma alimentos de VERDADE, de preferência orgânicos, para evitar resíduos de pesticidas, e cultivados por produtores locais. Evite produtos de origem animal produzidos em fazendas industriais, alimentos ultraprocessados e refeições preparadas em óleo vegetal. Inclua também produtos de soja nesta lista, pois a soja contém fitoestrógenos que agem sobre os hormônios.

Também é sensato que os homens adicionem mais alimentos que potencializam o esperma20 à sua dieta, como ovos orgânicos de animais caipiras, bananas, aspargos, brócolis, romãs, alho e todos os alimentos ricos em zinco (o zinco desempenha um papel fundamental no desenvolvimento do esperma).

Evite alérgenos comuns: Um sistema imunológico hiperativo ataca suas próprias células do corpo, e a ligação entre intolerâncias alimentares e anticorpos antiespermatozoides é bem estabelecida, como nos casos de doença celíaca.

Minimize a exposição a campos eletromagnéticos (CEM): Evite carregar seu celular no corpo enquanto ele estiver ligado e evite usar laptops e tablets no colo. Desligue o Wi-Fi à noite e transforme seu quarto em uma zona livre de CEMs.

Faça exames para doenças sexualmente transmissíveis (DSTs): Algumas DSTs, como a clamídia, são assintomáticas. Nos homens, a clamídia pode causar anormalidades no esperma, incluindo anticorpos contra espermatozoides. Nas mulheres, pode causar cicatrizes, bloqueio das trompas e aborto espontâneo.

Evite café, cigarro e álcool: Embora o café orgânico tenha vários benefícios à saúde, a fertilidade não parece ser um deles. Pelo contrário, estudos sugerem que ele diminui a fertilidade. Álcool, cigarro e drogas recreativas também afetam a fertilidade de maneira negativa, reduzindo o tamanho dos testículos e diminuindo a contagem de espermatozoides.

Faça exercícios regulares: De acordo com pesquisas, os exercícios ajudam a impulsionar a contagem de espermatozoides nos homens.

Normalize seu peso: A obesidade contribui para a infertilidade em homens e mulheres. Normalizar o peso ajuda a melhorar a qualidade e a quantidade do esperma nos homens e aumenta as chances de uma mulher engravidar, em parte pela normalização dos ciclos menstruais.

Reduza o estresse — Durma o suficiente, pois isso é um fator importante no combate ao estresse. Incorpore uma ferramenta como as Técnicas de Libertação Emocional (EFT), yoga ou meditação para lidar com o estresse.

Limpe a sua casa: Use produtos de limpeza naturais ou faça os seus próprios.