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Tecnologia

Sega aposta no passado e em “Super Game” para o futuro

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A Sega é um caso raro na indústria de games. Por mais que a empresa tenha participado como um dos lados na lendária Guerra dos Consoles e cometido alguns erros graves ao longo da sua história, ela ainda é vista com carinho por boa parte do público. Porém, apenas essa admiração não é suficiente para pagar as contas e por isso a editora divulgou seus próximos passos, incluindo aí seu “Super Game”.

Além de estar vendo no cinema uma ótima maneira de aumentar seu faturamento — muito devido ao sucesso dos dois filmes do Sonic —, no final de 2021 a Sega surpreendeu muitas pessoas ao anunciar estar trabalhando em algo revolucionário. Naquela ocasião, executivos da empresa trataram o projeto como sendo de médio/longo prazo, mas o que mais chamou a atenção foi a estimativa de investimento para ele ser produzido: cerca de US$ 885 milhões (na conversão da época)!

De lá para cá, pouco havia sido dito sobre o que vem sendo tratado como um Super Game, mas no relatório fiscal que eles publicaram recentemente (PDF), o presidente e CEO, Haruki Satomi, falou mais um pouco sobre o que a editora está planejando. Após afirmar que o Sonic 2: O Filme foi um sucesso e que ele chegou a ver um shopping nos Estados Unidos repleto de materiais promocionais do personagem, o executivo disse que espera ter mais produtos que representem o Japão em todo o mundo.

“Uma estratégia para gerar esses títulos de sucesso é a criação de um ‘Super Game’ — um título de larga escala global,” defendeu Satomi. “Atualmente estamos desenvolvendo um jogo assim, visando o seu lançamento até o ano fiscal que termina em março de 2026. O objetivo final da estratégia do ‘Super Game’ é criar um jogo tão revolucionário que atraia muito mais jogadores ativos do que qualquer jogo do grupo atraiu até hoje.”

“Uma chave para alcançar esse objetivo é podermos reunir uma grande comunidade, envolvendo não apenas jogadores, mas também streamers que transmitam o jogo e espectadores que assistam seus vídeos,” continuou o CEO. “Se formos capazes de desencadear esse tipo de círculo virtuoso, acredito que atingir a meta de vendas vitalícias de 100 bilhões de ienes (aproximadamente US$ 673 milhões) para o ‘Super Game’ seja totalmente viável.”

Segundo o executivo, para que eles consigam criar o que classificou como “fenômeno social”, será fundamental criarem “um jogo interessante que ganhe o apoio dos usuários”. A descrição pode parecer um tanto óbvia, mas sabemos que poucos títulos conseguem entregar algo tão básico e para chegar a esse resultado, a Sega começou a coletar dados de usuários como, por exemplo, que tipo de jogos eles costumam jogar, o tempo que passam neles e com que frequência fazem isso.

Pelo que parece, a empresa está fazendo o dever de casa da maneira correta, sabendo que a chance de errar com um investimento tão pesado seria um golpe muito duro e possivelmente irreversível. No entanto, sem sabermos exatamente como será este tal Super Game, é difícil não temer pelo pior. Eu explico.

Quando uma empresa fala em criar um jogo que deverá ser explorado por vários anos, inevitavelmente penso em um GaaS (Game as a Service) e com vários deles tendo fracassado recentemente, não há garantia de que a Sega tenha aprendido com os erros dos outros. Outra opção seria um MMO, mas novamente podemos citar vários títulos do gênero que nunca alcançaram a popularidade que seus criadores desejavam.

Por fim, é preciso considerar que o montante que a Sega pretende investir na criação deste título inclui até mesmo a aquisição de estúdios, tanto no Japão quanto no resto do mundo. Agora imagine o espólio potencialmente negativo que pode restar de um provável insucesso comercial dessa investida?

Mas enquanto o futuro parece um tanto nebuloso para o Super Game da Sega — e nem estou me referindo ao projeto de Fog Gaming que eles anunciaram em 2020 —, a situação se torna um pouco mais nítida quando se trata do passado da empresa. No mesmo relatório, a editora falou em aumentar seu faturamento ao reforçar as marcas globais de propriedades intelectuais que possui.

Em outras palavras, até março de 2024 a intenção é lançar mais jogos baseados em franquias como Sonic, Total War, Persona, Phantasy Star Online e Yakuza/Like a Dragon. Além disso, o documento fala em lançamentos mundiais simultâneos, conteúdo multiplataforma e suporte a serviços de assinaturas (como o Game Pass e o PlayStation Plus) para prolongar o ciclo de vida dos produtos e uma entrevista concedida por Masayoshi Yokoyama ao site Twinfinite serve para ilustrar isso.

Segundo o produtor da série Yakuza, eles ainda não sabem por que o público interessado por ela aumentou no ocidente nos últimos anos, podendo ter sido o fato da franquia se tornar multiplataforma e/ou a mudança de protagonista e gênero. Porém, ele tem um palpite: “pessoalmente, acho que assinaturas como o Game Pass, que permitiram pessoas jogarem os jogos anteriores ao longo dos anos, contribuíram amplamente para o aumento na audiência.”

No entanto, de tudo o que foi dito no relatório fiscal publicado pela Sega, aquilo que considero mais interessante é quando ele afirma que a empresa “focará em refazer e remasterizar propriedades intelectuais existentes.” Essa não é uma postura inédita por parte da editora, mas como ainda há muita coisa esquecida no seu portfólio, sempre gosto de saber que eles estão cogitando resgatar mais do seu passado.

Infelizmente não foram dados maiores detalhes sobre quais títulos poderão receber esses tratamentos, mas basta darmos uma breve olhada para o catálogo da Sega para encontrarmos várias marcas que mereciam ser modernizadas. Eu adoraria ver novos Comix Zone, Shinobi ou Shinning Force. Já posso até imaginar um Landstalker: The Treasures of King Nole com gráficos em 3D ou até mesmo um Golden Axe com gráficos no estilo do Street of Rage 4.

Por falar nisso, acredito que quando se trata dos títulos lançados para o Mega Drive, apenas uma repaginada no visual e mudanças que tornem tais jogos mais agradáveis hoje em dia já seria algo muito bem-vindo. Como eu ainda consigo me divertir com muitos deles, qualquer melhoria faria com que eles se tornassem ainda melhores e uma coletânea que me oferecesse essas remasterizações seria a realização de um sonho.

Como a Sega já nos deu a oportunidade de jogar novamente os dois primeiros Shenmue, dos jogos mais recentes aqueles que eu mais gostaria de ver serem remasterizados são o Binary Domain e o Condemned: Criminal Origin. Poder encarar esses títulos com ray-tracing e algumas melhorias na jogabilidade faria com que ficassem bem mais divertidos, especialmente no caso do último, que poderia muito bem ser refeito nos moldes do novo Dead Space.

Fonte: Game Rant

Sega aposta no passado e em “Super Game” para o futuro

Fonte: terra.com.br/gameon

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