O DIU Mirena, chamado também de DIU hormonal, é um dispositivo colocado dentro do útero para impedir que ocorra uma gravidez, ou seja, é um método anticoncepcional. “Mas, diferente do DIU de cobre e de cobre e prata, o Mirena possui um pouco de hormônios”, explica a ginecologista Karen Rocha de Pauw (CRM: 106.923-SP). Veja mais detalhes sobre o funcionamento do dispositivo a seguir.
Como o DIU Mirena funciona?
Karen Rocha de Pauw, especialista em Reprodução Humana pelo HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), esclarece que, apesar de ser um anticoncepcional, o funcionamento do DIU Mirena é bem diferente das pílulas. “Dentro do útero, ele torna o ambiente hostil, tanto para passagem do espermatozoide dentro da cavidade uterina, quanto para a volta desse embrião ou desse óvulo fertilizado, impedindo-o de se fixar dentro do útero”, explica.
Para tanto, o DIU Mirena utiliza seu formato e material de metal (assim como o DIU de cobre e o DIU de prata), além das pequenas doses de hormônio (chamado progesterona) que ele libera, que deixa o endométrio – tecido que recobre as paredes do útero – bem fininho. Diferentemente da pílula anticoncepcional, esse hormônio age apenas dentro do útero, não interferindo no ciclo em si e nas alterações que ele gera em outras partes do corpo.
Qual é a chance de engravidar usando o método?
Não existe, hoje, método contraceptivo com 100% de eficácia. “Os DIUs costumam ter entre 98 e 99% de eficácia”, reforça a ginecologista, o que é considerado uma taxa alta. No entanto, é importante não deixar de associá-lo ao uso de camisinha, já que ele não é capaz de prevenir ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), como HIV, HPV, gonorreia, clamídia, entre outras.
Depois que você deixa de usar o DIU Mirena, é esperado que sua fertilidade volte mais rapidamente do que ao abandonar a pílula anticoncepcional. Após a primeira menstruação sem ele, seu útero já retomou a normalidade e volta a ser um ambiente mais favorável à gestação.
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Para quem é indicado?
A primeira indicação do DIU Mirena é para mulheres que não pretendem engravidar nos próximos cinco anos. Além disso, por alterar o endométrio, ele reduz e até pode cessar a menstruação durante seu uso, o que o torna indicado para mulheres com endometriose, adenomiose, problemas de coagulação ou miomas. Estes últimos, no entanto, não podem ser submucosos, ou seja, estarem dentro da cavidade uterina.
Quanto tempo dura?
Na bula, a indicação é que o DIU Mirena pode ser mantido dentro do útero por até cinco anos! “No entanto, alguns estudos têm tentado demonstrar que ele pode permanecer ali por até sete anos”, reforça a especialista em Reprodução Humana.
Como o DIU Mirena é colocado?
O DIU Mirena pode ser colocado em consultório (ambulatorialmente) ou em centro cirúrgico. Normalmente, a paciente fica deitada na maca ginecológica, com as pernas elevadas e abertas. “Fazemos uma limpeza vaginal e prendemos o colo do útero para inserir uma sonda com o DIU”, explica Pauw. O dispositivo tem um formato de T e entra fechado, com os bracinhos se abrindo depois que ele é acomodado lá dentro.
Um risco é o mau posicionamento desse DIU, por isso é comum que o(a) ginecologista peça um ultrassom transvaginal para ser feito em até 10 dias — ou ele(a) mesmo(a) pode conferir esse posicionamento, se tiver habilidade e aparelho para fazer o exame em consultório. Estando tudo bem, é comum fazer um seguimento anual com papanicolau e ultrassonografia para verificar se está tudo bem.
Logo depois de você colocar o DIU, pode sentir alguns sintomas incômodos, já que há um risco de seu útero considerar o dispositivo um objeto estranho e tentar expeli-lo. Normalmente, isso vai causar algumas cólicas e um pouco de sangramento. Siga as orientações de seu(ua) médico(a), mas, se estes dois sintomas ficarem muito intensos, procure-o(a) imediatamente!
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Não existe uma fase do período menstrual mais adequada para colocar ou não o DIU. “Eu prefiro fazer a inserção durante a menstruação, para ter mais certeza de que a paciente não está grávida”, exemplifica a ginecologista.
Ele pode sair do lugar?
O DIU Mirena pode, sim, sair do lugar. Não só em situações de alterações da cavidade uterina, mas também quando o útero não se acostuma com esse corpo estranho e tenta expulsá-lo com contrações (que causarão as já citadas cólicas). “Muitas vezes, uma infecção uterina também pode causar esse deslocamento”, explica a especialista.
No entanto, essas situações não são tão comuns e costumam ser detectadas nos exames de rotina e acompanhamento pedidos por seu(ua) ginecologista!
Vantagens e desvantagens do DIU Mirena
O DIU Mirena possui algumas vantagens, como as listadas a seguir:
- Não ser um método que você precise se lembrar de tomar um comprimido diariamente para se manter uma eficácia;
- Não interferir diretamente na ovulação e no ciclo menstrual, mantendo seus ciclos naturais, apesar de muitas vezes suprimir o sangramento menstrual;
- Reduzir (ou até mesmo suprimir totalmente) a menstruação, o que é vantajoso para pacientes que não gostam de menstruar.
No entanto, esses mesmos aspectos podem trazer algumas desvantagens, tais como:
- Por ter uma ação hormonal localizada, ele não interfere em aspectos como oleosidade da pele, acne ou até mesmo no controle de quadros como a síndrome dos ovários polícisticos;
- Algumas pacientes podem nunca se acostumar com a presença do DIU e precisar retirá-lo, devido às cólicas ocasionadas pelo útero tentando expulsar o dispositivo.
É muito importante ponderar todos esses aspectos antes de decidir seguir com esse método contraceptivo.
Efeitos colaterais do DIU Mirena
Uma pergunta muito frequente é se o DIU Mirena engorda: mas não, como a quantidade de hormônio é pequena e local, ele não promove ganho de peso! O dispositivo sozinho também não aumenta a quantidade de espinhas. No entanto, se a pessoa fazia uso de pílula ou outro método anticoncepcional hormonal que controlava esses fatores, eles podem voltar ao que eram antes.
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Há ainda dúvidas se ele pode causar alguma alteração nas relações sexuais, o que também é desconhecido pelos médicos. “Às vezes, o fiozinho usado para puxar o DIU em sua retirada pode ficar muito curto, e sua pontinha pode ficar pinicando a glande do pênis, o que poderia incomodar o parceiro, mas normalmente isso não acontece”, cogita a ginecologista Karen de Pauw. Mas, de modo geral, não há muitos efeitos colaterais relatados.
Contraindicações
O DIU de Mirena (e os outros tipos de DIU também) é contraindicado nas seguintes situações:
- Úteros muito pequenos;
- Presença de malformações uterinas;
- Miomas submucosos;
- Quaisquer outros fatores que alterem a cavidade intrauterina.
A colocação nessas condições pode afetar o posicionamento do DIU, que pode até mesmo causar perfurações e sua saída de dentro do útero para a cavidade abdominal.
Como comprar e valor do DIU Mirena
O valor do DIU de Mirena em si gira em torno de R$ 1.500 (mil e quinhentos reais), mas esse número varia muito conforme sua cidade, entre outros fatores. No entanto, não é o único custo que deve ser levado em conta: é preciso considerar a mão de obra do médico, o uso de anestesias e até se o ultrassom para avaliar o posicionamento do dispositivo é feito pelo médico que o aplicou – o que pode levar a um gasto total de em torno de R$ 5.000 (cinco mil reais). Vale lembrar que alguns convênios médicos cobrem a colocação do DIU e a compra do dispositivo.
É possível comprar DIU Mirena em farmácias. Mas o mais comum é que o DIU será adquirido pela clínica do médico com quem você irá colocá-lo, que já irá receber o aparelho ali e armazená-lo adequadamente até o dia marcado para a colocação.
DIU de Mirena, Kyleena, prata ou cobre?
Com tantos tipos de DIU, como escolher o melhor para você? Em primeiro lugar, os DIUs de cobre e de prata não possuem hormônios, sendo indicados para mulheres que não possam fazer reposição hormonal, como aquelas com câncer de mama. A diferença entre os dois é que o de cobre aumenta um pouco o fluxo menstrual e as cólicas, enquanto a prata presente no outro o impede de influenciar tanto no sangramento e no desconforto abdominal.
Já o Mirena e o Kyleena possuem uma pequena dosagem de hormônio – que chega a ser ainda menor no segundo, que também tem um tamanho reduzido. Os dois podem diminuir a menstruação e são indicados para mulheres que podem se beneficiar dessa alteração hormonal local, como as que possuem endometriose, adenomiose e problemas de coagulação.
Antes de escolher, é sempre bom avaliar esses métodos e os outros tantos com sua(eu) ginecologista de confiança! Para continuar se informando sobre as opções disponíveis, veja também este guia completo sobre o funcionamento do DIU Kyleena.
Fonte: dicasdemulher