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Descubra por que nosso paladar muda ao longo do tempo: da aversão à paixão por certos alimentos – entenda!

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Cebola, uva passa, jiló. Você já odiou algum desses alimentos, mas com o tempo percebeu que ele não era tão ruim assim? Os culpados por essas mudanças no paladar ao longo da vida não são apenas as papilas gustativas, mas também o olfato e as experiências psíquicas, culturais e do ambiente em que vivemos.

Tudo começa na infância: a criança que é apresentada a alimentos de diversos sabores, diferentes texturas e temperaturas tem menor probabilidade de se tornar um adulto com grande seletividade.

Durante a fase de introdução dos alimentos na primeira infância —quando a criança deixa o leite e passa a experimentar novos alimentos — é comum perceber um processo adaptativo e primitivo de testar alimentos que lhe tragam prazer e sensação de segurança.

O fato de uma criança de 2 anos de idade não gostar de determinado sabor ou textura é um preditivo de futuras preferências, mas a repetição do estímulo faz com que ela passe a aceitar determinado alimento.

Mas se uma família percebe que o bebê não gostou da comida e não apresenta mais esse sabor para a criança, forma-se uma repulsa até a fase adulta, o que eventualmente é chamado padrão infantil de alimentação, ou melhor, o famoso paladar infantil.

No entanto, vale alertar que essa condição é modificável. É quase como um treino. Quanto mais você come alimentos diversos, menor a dificuldade de provar novos sabores.

Geralmente as pessoas falam que não gostam de tal alimento, porque ele lhe causou um estranhamento em algum momento (principalmente na infância), e esse estranhamento pode ser de sabor ou de textura e visual. Entretanto, com o passar dos anos e a experimentação de diferentes sabores, dificilmente essa nova “prova” será esquisita. Se provar uma segunda ou terceira vez e ainda assim não gostar, podemos dizer que esse sabor realmente não tem jeito e não lhe apetece.

Mudanças na língua e no nariz

As papilas gustativas, responsáveis pela identificação de sabores, modificam-se durante toda a vida. Os recém-nascidos, por exemplo, parecem programados a aceitar alimentos que lhe tragam nutrição adequada —doces são precocemente reconhecidos como prazerosos e representam importante fonte de calorias essenciais à vida e os salgados têm sua importância no suprimento de sais minerais.

Já na infância as crianças apresentam enorme plasticidade em suas preferências, permitindo que aprendam a preferir alimentos presentes em sua cultura, assim como relacionados aos aspectos do modo de preparo do ambiente onde habitam.

Mas além da boca, o nariz também tem um papel importante no processo de aceitação de alimentos. O olfato nos conecta a sensações ainda mais primitivas de estímulos prazerosos e desagradáveis.

Enquanto as papilas gustativas da língua nos trazem à consciência os sabores doce, amargo, azedo, salgado e umami, o olfato compõe uma gama infinita de sensações e memórias, algumas delas que nos remetem a aspectos primitivos de sobrevivência e prazer.

O olfato é considerado um sentido mais primitivo, com suas fibras e conexões neurais ligadas a áreas de memória e prazer em nosso cérebro. Ao degustar um bom vinho ou uma comida gostosa feita num fogão à lenha, os receptores do paladar e olfato de um adulto tem muito mais conexões e memórias do que o de uma criança ou adolescente —mas é nessa fase que estas informações serão coletadas e armazenadas, trazendo tantas alegrias em nossa maturidade.

É por isso que é importante estarmos sempre abertos a experimentar antigos sabores que não gostávamos ou mesmo novos. Nossas experiências vividas a cada dia podem modificar os gostos, e o que antes era ruim pode ser lembrado como algo agradável pelo que vivemos naquele momento, não obrigatoriamente pelo sabor em si. Ou seja: pode voltar a colocar passas na farofa do Natal.

Fontes: Segundo Fabio Pupo Ceccon, especialista em cirurgia de cabeça e pescoço; Marcella Garcez Duarte, médica nutróloga e professora e diretora.

*Com matéria de junho de 2019.

Fonte: uol

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