A polícia da Nicarágua, sob o comando do regime de , expulsou na terça-feira 27 uma idosa de 93 anos de sua própria residência em Manágua, na capital do país. A mulher foi identificada como Rafaela Cerda, mãe do ex-juiz Rafael Solís Cerda, que renunciou à em 2019, quando se tornou um opositor de Ortega.
Segundo os portais de notícias independentes La Prensa e Confidencial, ambos da , fontes próximas à família de Cerda disseram que os policiais do regime chegaram ao local alegando que estavam cumprindo uma “ordem de confisco”. Eles obrigaram a idosa a sair de sua residência apenas com as roupas que vestia, sem poder levar seus medicamentos.
Dias atrás, a polícia também realizou buscas nas residências de uma irmã e de um sobrinho do ex-magistrado, Ana Isabel Solís e Aldo Rapacciolli Solís, respectivamente. Ambos não estavam em suas casas e não foram detidos.
Segundo o Confidencial, essa não é a primeira vez que a polícia de Ortega ataca os bens da família de Cerda. Em janeiro, eles tomaram posse de um hotel de 15 quartos, chamado Casablanca, que pertencia justamente à mãe do ex-juiz. O estabelecimento funcionava no país havia mais de 20 anos. Outras duas casas pertencentes à família Cerda também foram confiscadas.
Os confiscos estão sendo colocados em prática como parte da repressão da de Ortega contra os opositores que estão exilados. De acordo com o jornal nicaraguense, a polícia age sem apresentar documentos ou ordens judiciais que respaldam suas ações. Além disso, as autoridades ignoram que muitas das propriedades confiscadas não pertencem aos acusados, mas a seus familiares, que não têm envolvimento político.
Rafael Solís Cerda foi um dos magistrados mais próximos de Ortega, responsável por eliminar, por meio de uma sentença proferida na Sala Constitucional, os limites da reeleição e mandatos presidenciais. Tal decisão validou a permanência de Ortega no poder em 2009.
Na década de 1970, Cerda ingressou na Frente Sandinista de Libertação Nacional, participando ativamente em Manágua. Ele colaborou estreitamente com Ortega e se tornou amigo de longa data do ditador. Foi padrinho no casamento de Ortega com Rosario Murillo, em 2005.
Em janeiro de 2019, ele rompeu com o regime e denunciou o estado de terror que Ortega estava impondo à população. Ele lamentou a decisão tomada em 2009.
Em fevereiro de 2023, Cerda foi declarado como um “traidor da pátria” pelo regime de Ortega. Ele foi “desnacionalizado”, ou seja, perdeu os direitos concedidos a um cidadão nicaraguense, e teve seus bens confiscados junto de outras 93 pessoas. Segundo o Confidencial, o ex-juiz está exilado na Costa Rica, país da América Central que faz fronteira com a Nicarágua.
Fonte: revistaoeste