Um choque emocional é uma resposta psicofísica normal a uma experiência anormal e traumática. Muitas vezes ocorrem situações existenciais em que, de repente, é comunicada ou vivenciada uma circunstância para a qual não se está preparado. A dor e a confusão são tão grandes que a pessoa fica bloqueada e incapaz de reagir.
Os eventos adversos têm grande impacto no cérebro e no organismo. Um alto nível de neurotransmissores é liberado, como cortisol ou adrenalina, as emoções são avassaladoras e você não pensa com clareza. O que é necessário nesses momentos são os “primeiros socorros psicológicos”, ou seja, estratégias para processar a situação com mais precisão.
Conheça a seguir outros aspectos desse fenômeno tão recorrente e também de difícil assimilação.
O choque emocional não é uma experiência patológica, é uma reação normal ao tentar processar algo difícil de aceitar.
Choque emocional: definição, sintomas e causas
Um choque emocional é uma reação do corpo e da mente a uma circunstância inesperada e altamente estressante. Deve-se notar que não há experiência patológica como tal. Pelo contrário, essa resposta é o mecanismo normal do cérebro quando se trata de aceitar algo inesperado e que não consegue integrar de imediato.
No entanto, a maneira de lidar com esse choque emocional garantirá ou não a proteção da saúde mental a longo prazo. Em outras palavras, se você não processar adequadamente essa experiência, corre o risco de desenvolver um distúrbio psicológico.
A esse respeito, um estudo da Universidade Estadual da Pensilvânia enfatiza como as respostas emocionais a eventos estressantes desencadeariam uma depressão futura. Continue lendo e descubra mais informações sobre esse tema.
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Como o choque emocional se manifesta?
O choque emocional é, antes de tudo, um evento psicobiológico regulado pelo sistema nervoso central. Consequentemente, a primeira coisa que se sente é uma resposta fisiológica impulsionada pela adrenalina e pelo cortisol. O objetivo desse mecanismo é preparar para a resposta de luta, fuga ou congelamento.
A gama de sensações, emoções e processos vivenciados é muito ampla. Da mesma forma, é comum que cada pessoa manifeste esse impacto emocional de uma maneira particular. É comum que, ao expor vários indivíduos ao mesmo evento adverso, cada um reaja de forma diferente. Em média, as respostas recorrentes são as seguintes:
- Náusea.
- Dor de cabeça.
- Tensão muscular.
- Ataques de pânico.
- Pressão no peito.
- Dormência emocional.
- Dispneia ou falta de ar.
- Taquicardia, tontura, perda de consciência.
- Névoa cerebral ou problemas para pensar com clareza.
- Respostas violentas ou autolesivas, como bater em si mesmo.
- Liberação emocional imediata: lágrimas, gritos, soluços.
- Bloqueio ou congelamento. Sem saber como reagir, ficando paralisado.
- Não aceitar o que aconteceu e sofrer de desrealização (sentir que o que o rodeia não é real).
- Experimentar uma ampla gama de emoções com valência negativa: medo, raiva, tristeza, desespero.
- O impacto emocional pode ocorrer com a dissociação, ou seja, com o desligamento da realidade imediata.
O impacto emocional se manifesta com uma ampla gama de características, de fato, duas pessoas podem ser expostas à mesma experiência dolorosa e estressante e ter reações emocionais muito diferentes.
Quais são as causas do choque emocional?
Qualquer um está vulnerável a sofrer um choque emocional em algum momento. Isso explica a relevância de ter esse tipo de “psicoeducação”, com a qual entender melhor certas reações e até saber como agir para ajudar os outros. Os gatilhos que geram essa realidade psicológica costumam ser os listados abaixo:
- Perder o emprego.
- Sofrer um acidente.
- A morte de um ente querido.
- Receber um diagnóstico médico.
- Testemunhar um ato violento.
- Testemunhar um desastre natural.
- Estar em um cenário violento ou de guerra.
- Sofrer um assalto, roubo ou agressão sexual.
- Passar por uma situação de separação afetiva ou infidelidade.
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Diagnóstico e tratamento do choque emocional
O choque emocional requer acompanhamento psicológico adequado, e não intervenção clínica ou terapêutica imediata. Isso porque é uma reação compreensível a uma circunstância que a pessoa não sabe processar.
Em geral, essa experiência se instala aos poucos, depois de aceitar o que aconteceu sem exigir tratamento especializado. Mas, caso essa experiência persista no tempo e existam claros obstáculos para recuperar as rédeas da própria vida, a terapia psicológica será necessária.
Como saber se uma intervenção é necessária?
Esse tipo de choque é um processo organizado em uma série de etapas muito claras listadas abaixo:
- Fase de impacto. O evento adverso acabou de acontecer e o corpo e a mente da pessoa reagem de forma muito estressante e intensa.
- Fase intermediária. Nessa fase, a pessoa está assimilando a experiência e passa por alguns dias em que se debate entre várias emoções: medo, desespero e tristeza, por exemplo.
- Fase de aceitação. O fato continua causando dor, mas já há uma clara aceitação e vontade de seguir em frente.
A intervenção clínica seria necessária se o paciente continuasse preso na fase de impacto ou naquele estado intermediário, em que emoções difíceis alteram todas as partes de sua vida.
Quais tipos de tratamento são os mais adequados?
Para acompanhar a pessoa na experiência do choque em questão e evitar o risco de resultar em um transtorno de estresse pós-traumático, os primeiros socorros psicológicos (PAP) são apropriados. A Universidade de Miami destaca em um documento sua adequação como assistência precoce em situações de desastre ou eventos adversos. Os pontos-chave que orquestram essa estratégia de atenção imediata são os seguintes:
- Tranquilizar de forma realista.
- Observar e ouvir a pessoa.
- Buscar apoio para a pessoa (conhecidos, parentes).
- Oferecer informações claras, justas e compreensíveis.
- Estabelecer um vínculo de proximidade, empatia e proteção.
- Fornecer o que a pessoa precisar para fazer com que se sinta confortável e segura.
Por outro lado, caso seja necessária uma intervenção psicológica, a terapia de aceitação e compromisso (ACT) e a terapia EMDR são úteis. Esses modelos permitem processar o evento adverso, favorecendo a reformulação de metas, valores e novos projetos de vida.
O mais importante para a pessoa que acaba de sofrer um choque emocional é proporcionar proximidade, segurança e conforto. Ela vai processando aos poucos o evento adverso.
Choque emocional, choque traumático e choque sentimental
Antes de concluir, é pertinente ampliar algumas informações. Os seres humanos podem experimentar diferentes tipos de impactos ou choques psicológicos. A vida não é um cenário de planícies e facilidades absolutas onde todos têm garantia de bem-estar desde o nascimento. Fatalidades, imprevistos e reviravoltas do destino podem ocorrer a qualquer momento e dar forma a várias realidades psicológicas.
Nesse sentido, um choque emocional não é o mesmo que um choque traumático. O segundo aparece quando o primeiro não é bem processado, a dor torna-se crônica e surge um quadro clínico patológico. Enquanto no choque emocional o PAP é suficiente, no traumático a terapia é essencial.
Da mesma forma, na psicologia também se fala em choque sentimental, que define aquela experiência dolorosa e complexa vivida após uma ruptura afetiva. No fundo, o sofrimento humano tem uma anatomia variada, mas não deixam de ser respostas normais a fatos que há que assumir e integrar. Esse é o verdadeiro desafio.
Fonte: amenteemaravilhosa